domingo, 26 de maio de 2013

ARTE AMERICANA NO MUSEU DE ARTE


JORNAL A TARDE SALVADOR SÁBADO, 06 DE NOVEMBRO DE 1976

           
A mostra Arte Eua: O Sul composta de 35 obras representam um exemplo das artes gráficas atualmente em produção no sul dos Estados Unidos. A coleção oferece uma perspectiva das tendências contemporâneas daquela região.
A ampla variedade dos meios utilizados: lápis, desenhos em óleo e tinta, aquarela, acrílico, pastel, fotografia, litografia, cianotipias, aerógrafos, linóleos e serigrafia, é sintomática da vitalidade dos artistas e de sua experiência constantes com os meios artísticos já estabelecidos, assim como da introdução dos novos materiais da avançada época tecnológica em que vivemos.
Todas as obras da exposição figuraram na Bienal de Artistas 1975 organizada pelo Museu de Arte de Nova Orleans, que desde 1915 apresenta exposições de artistas sulinos. Em Salvador a exposição teve a promoção da Fundação Cultural Brasil-Estados Unidos.
Falando a respeito da exposição o Conservador Chefe do Museu de Arte de Nova Orleans, Lousiane, Sr. William A. Fagally diz "o Sul possui um rico e profundo patrimônio social e cultural, mas em termos econômicos e sociais resultou duramente castigado durante a trágica Guerra de Secessão. Hoje o Sul está mudando. De uma zona basicamente rural e agrícola surge uma das regiões mais produtivas, do ponto de vista industrial e cultural. Atlanta, Houston, Dallas e Nova Orleans são as grandes metrópoles do novo Sul, que cresceu a passo de gigante."
No século XX, o Sul é o berço de muitos dos reconhecidos mestres da literatura norte-americana, William Faulkner, Sherwood Anderson, Carson MacCullers. Atualmente, são mundialmente famosas as obras de Tenesse Williams, Truman Capote Shirleu Ann Gray e Walter Percy. Seus centros musicais Nashville, Tenesse; Macon, Geórgia; e Austin, Texas são também o berço de grande parte da música folclórica do rock que predomina na música popular norte-americana exportada para todo o mundo. Igualmente as artes visuais do Sul criam sua própria identidade, como fizeram constar a Jane Livingston e outros jurados na Bienal de Nova Orleans.

Transcritas estas palavras de Fagally, só nos resta apreciar os trabalhos expostos no Museu de Arte Moderna da Bahia, no Solar do Unhão, que na verdade, é um pedaço do Sul dos Estados Unidos. As fotografias mostram o contraste entre as metrópoles do maior país capitalista e a simplicidade desta gente oriunda principalmente da zona rural.

                        NÃO É QUE O DIABO CHEGOU

Um Exu começou a invadir as redações dos jornais em forma de convite. Todos perguntavam o que ele estava aprontando desta vez. Não demorou e a resposta chegou para a tranqüilidade dos cristãos: era uma mostra de arte bolada por Ramon, um marchand, que não vem sendo bem aproveitado pelos órgãos culturais do Estado. A mostra reúne Oswaldo, Joel Estácio, J. Artur, J. Cunha, Graça Ramos, Fernando Coelho, Chico Vieira, Eckenberger, Antonelo, Adelson do Prado, Mário Cravo, Carybé, Floriano Teixeira, dentre outros.
A exposição está aberta ao público desde ontem á Rua Lydio de Mesquita, nº 8 no bairro do Rio Vermelho. Como o Diabo Gosta... apresenta um catálogo original e criativo. Numa das folhas vem estes versos  "já tenho este peso que me fere as costas /e não vou eu mesmo atar a minha mão." Isto demonstra a necessidade de inovar de criar livres das restrições impostas pelos vários setores da sociedade.
Um convite à criação em toda sua plenitude e a presença de nomes conhecidos das artes visuais na Bahia, é suficiente para garantir a qualidade dos trabalhos expostos. Novos e velhos, ricos e pobres, reconhecidos ou não todos reunidos. Os mestres também estão presentes: Mário Cravo, Carybé e Floriano Teixeira e a única forma que pode ser norma é nenhuma regra ter, é nunca fazer nada que o mestre mandar.
Finalmente, o convite apresenta reunidos os versos de Belchior de sua música Alucinação, vejamos: "Não quero regra nem nada: / tudo tá como o diabo gosta, tá. / Já tenho este peso que me fere as costas /e não vou eu mesmo atar minha mão./ O que transforma o velho no novo/ bendito fruto do povo será./ E a única forma que pode ser norma / é nenhuma regra ter,/ é nunca fazer nada que o mestre mandar./ Sempre desobedecer/ Nunca referência.

             O INQUIETO PINTOR MOACIR ANDRADE


Poucos artistas brasileiros são inquietos como Moacir Andrade. Certa feita habitava um barco que lhe servia de moradia e atelier e percorria os afluentes do rio Amazonas pintando e denunciando a devastação das florestas e da fauna. Portanto, um pintor trópico anfíbio como afirmou Gylberto Freire o famoso, sociólogo pernambucano,

Ele vive interpretando as coisas da floresta. A exuberância das árvores e dos animais. As formas e as cores conseguidas por Moacir são suficientes para seu credenciamento como um dos mais importantes pintores que retratam este país. E além de sua realização pessoal, uma vocação quase abnegação de um místico, que enxerga além do conteúdo e passa a viver com uma afetividade mais íntima. É um artista fiel a sua temática a qual explora com todo o fulgor criativo. Não o conheço pessoalmente, mas venho acompanhando de perto a sua caminha pictórica e noto uma unidade tão necessária àqueles que sabem o que querem.

                          PAINEL

MARINHAS- o Clube Naval de Brasília realizará  a partir de 5 de dezembro próximo como parte das comemorações do Dia do Marinheiro o Salão Brasília-Marinhas I com trabalhos de pintores nacionais e estrangeiros sobre a temática Marinhas. Cada concorrente poderá apresentar dois trabalhos, contendo o nome e o endereço além do preço da tela. As inscrições estão abertas em Salvador no II Distrito Naval até o próximo dia 30 do corrente mês.A Marinha de Guerra do Brasil fornecerá Certificados a todos participantes do Salão e serão conferidos prêmios aos melhores trabalhos.


VIVALDO RAMOS- Juntamente com Emma Valle, José Tiago, Eurydice, Pedroso e Zé Periquito o artista Vivaldo Ramos está apresentando alguns trabalhos na Rua do Passo, 62, na Galeria Portas do Carmo. Vivaldo é um pintor baiano radicado no Rio de Janeiro e seus trabalhos versam sobre a temática religiosa.

TRÊS NA PANORAMA- Nelson Porto, Yrani Calheiros e Henry Vitor estão expondo trabalhos na Galeria Panorama. Os quadros lembram cartões de Natal, e não apresentam nada de novo. Todos são artistas conhecidos no sul do país, com várias exposições realizadas tanto coletivas como individuais. Porém são desconhecidos do público baiano.

SALÃO DOS NOVOS- De 5 a 15 de dezembro estarão reunidos os trabalhos mais expressivos de artistas jovens do Nordeste. É o IV Salão dos Novos Sul-América que vem acontecendo todos os anos em Pernambuco, com o patrocínio do Grupo Sul América de Seguros e organizados pelo Museu de Artes Contemporânea de Pernambuco. A exposição visa a valorização do patrimônio cultural do Nordeste e os trabalhos podem ser enviados até o dia 28 de novembro. Poderão participar trabalhos de gravuras, pintura, escultura, colagem, modelagem e montagem. Serão premiados os três primeiros colocados com  CR$8, CR$4,50 e CR$2,50 mil cruzeiros, respectivamente. Os trabalhos premiados integrarão o acervo do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco.

BRASILEIRA EM LONDRES- A artista brasileira Rosa Maria Carless acaba de expor na galeria do Conselho Hispânico e Luso-Brasileiro, Canning House, em Londres Foto.

BIENAL NACIONAL- Com 319 artistas participando, estão abertas a Bienal Nacional de Artes Plásticas e a Bienal Nacional de Arquitetura, no Parque Ibirapuera. A premiação dos melhores trabalhos será divulgada no próximo dia 11 e obedecerá mais ao gosto do público que do júri. São novos critérios que visam salvar a promoção. A aceitação livre de trabalhos, acabando a seleção, permite a livre manifestação de todas as tendências, ou seja, a Bienal teria chegado a liberdade, após 25 anos preá a conceitos formais rígidos.

WALTERCIO CALDAS- Depois de dois anos sem expor no Rio, o artista Waltercio Caldas apresenta até 14 do corrente uma série de 16 trabalhos na área experimental do Museu de Arte do Rio de Janeiro. A mostra consta de objetos em materiais variados, como madeira, vidro, porcelana, espelho, papel, metal, etc, além de desenhos que, segundo o autor, não formam uma obra à parte.

MISTÉRIO REVELADO- Uma especialista em pintura polonesa revelou o mistério que cercava o quadro conhecido sob o nome de Família de um comerciante mongol, em torno do qual houve 300 anos de discussões nos círculos artísticos. O quadro de Daniel que data do século XVII apresenta uma família de traços faciais mongóis e envergando roupas exóticas, o que dividiu os críticos quanto a identidade dessas pessoas. Yelena Kamenetskaya, especialista em pintura antiga, estudou a tela e determinou  que se trata da família do comerciante Mikhail Kazimierz, membro de uma famosa família da Polônia, a dos Radzilow, a pedido da qual chegou a esta conclusão, Kamenetskaya comparou a tela com peças do álbum de retratos da família e as vestimentas indicavam que se tratava de roupas nacionais típicas dessa época. A obra está no museu de Leningrado e data de 1672.

DESIGN EM EXPOSIÇÃO- Foi inaugurada a exposição Embalagem, Design e Consumo, no salão nobre da Associação Comercial da Bahia, numa promoção da Promoexport-Bahia. Esta exposição aborda importantes aspectos da embalagem industrial e certamente contribuirá para o desenvolvimento do setor em nosso Estado. A exposição versa sobre planejamento, utilização, consumo e foi preparada pelo Instituto de Desenho Industrial do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

NASCE CONHECIDO- Todos conhecem o Jânio Quadros e muitos ainda sofrem na pele a consequência da sua decisão de renunciar a Presidência. Não nasci Presidente, declara alguns anos após o acontecido.
Agora, Jânio volta-se para a tela e uma exposição está acontecendo em A Galeria ,em São Paulo. Ele está pintando palhaços tristes, sempre com as cabeças contemplando o chão. Espero, que os pés estejam fincados no chão, para que o pincel possa correr em segurança.

INVISÍVEL- Não é que apelidaram o catálogo de Fundação Cultural do Estado de "O Papel Invisível."











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