segunda-feira, 15 de abril de 2013

MAURICE DEBAUVAIS EXPÕE 18 OBRAS NO MERIDIEN - 24 DE JULHO DE 1989


JORNAL A TARDE,SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA 24 DE JULHO DE 1989

 MAURICE DEBAUVAIS EXPÕE 18 OBRAS NO MERIDIÉN

Mais uma atividade cultural feita em homenagem ao bicentenário da Revolução Francesa. O consulado daquele país, em Salvador, com o apoio da Aliança Francesa e do Hotel Le Meridién, estão promovendo até o dia 31 a exposição retrospectiva, com 18 quadros em tinta a óleo do artista francês, Maurice Debauvais.
Formado pela Escola de Belas Artes da cidade de Rouen, uma das mais importantes da Europa, onde nasceu há 50 anos, o pintor pós impressionista se revela apaixonado pelas fortes cores vibrantes da Bahia. Motivo pelo qual disse retornar pela terceira vez. Foi na paisagem baiana, sobretudo na orla marítima, que disse ter se inspirado para compor duas de SUS mais belas obras em exposição- e cujos preços preferiu não anunciar. Alagados e Pescador de Arembepe a predominância do amarelo, simbolizando a influência marcante do Sol em nosso ambiente.
Maurice Debauvais diz que procurou realçar também a riqueza do elemento humano e dos peixes, no caso de O Pescador e a sensibilidade das construções em palafitas, em Alagados. Outra curiosidade que se evidencia no trabalho do artista é que ao invés de pintar tradicionalmente com pincéis, prefere utilizar espátulas. Merecendo inclusive o elogio do ex-diretor da Escola de Belas Artes de Rouen, em Savary.
A justaposição das cores aplicadas pela espátula lhes dão uma transparência delicada. O desenho estilizado e ás vezes nítido, contribui no todo para acentuar as formas no ritmo, sublinhar a cor, o que consolida o conjunto, dando á obra sua coesão e sua unidade. Além disso comenta que as diferentes partes do quadro são dispostas de maneira a serem indispensáveis umas ás outras e a formarem uma estrutura arquitetural sólida, repousando sobre si mesma.
Afora a análise do crítico, o próprio pintor explica que os ambientes que o marcaram nos vários países por onde peregrinou, como Espanha, Itália e Grécia, o influenciaram bastante, carregando sua obra de emoção. No Panorama de Rouen, por exemplo, onde há nítida predominância do azul, comenta, com humor que aquela cor está gravada em sua mente desde quando nos tempos de Exército, no deserto, só via areia e céu. (Zildenor Dourado).

O artista Maurice Debauvais com duas das dezoito telas que estão expostas no Hotel Meridién
   IÊDA MARQUES FOCALIZA A SIMPLICIDADE DA COZINHA

Ao pé do fogão é usado apena a luz natural, a fotógrafa Iêda Marques conseguiu captar emoções/situações inesquecíveis da realidade rural do Brasil, particularmente o mundo social visto pelo ângulo feminino. Suas fotos das cozinhas e da comunidade rural de Cutia,em Boninal, na Chapada Diamantina, são de rara beleza. Uma prévia já foi mostrada ao público na Bienal o ano passado. Mas a grande produção apresentou no programa Terça Fotográfica, uma promoção do Núcleo de Fotografia da Fundação Cultural, que aconteceu dessa vez na Sala Walter da Silveira, nos Barris. Nesse mesmo dia, o Núcleo apresentou o audiovisual resultado da oficina Fazendo audiovisual.
Ieda Marques apresentou uma audiovisual com 80 slides produzidos a partir de 1987. Algumas de suas fotos de Cutia já ganharam o mundo.
Ela foi uma das fotógrafas brasileiras selecionadas no concurso internacional organizado pela Comunidade Européia para a exposição Mulheres Vista Por Mulheres que vai percorre a Europa e América Latina.
Seis fotos suas estão também em exposição na Suíça, integrando a mostra Saúde Para Todos, uma promoção da Organização Mundial de Saúde. Além disso, ela é um dos destaques da mostra Brasil-cenários e personagens, da Funarte, que está em cartaz na União Soviética e que também vai percorrer vários países do mundo.
Tudo isso ainda é pouco para definir o trabalho dessa baiana de Boninal, que estudou Pedagogia na USP, mas que se apaixonou e se profissionalizou mesmo foi em Fotografia. O critico e diretor da Escola de Fotografia Imagem-Ação, de São Paulo, Claúdio Feijó, não poupa elogios as fotos de Ieda ao declarar que seu trabalho é de nível internacional. Ou o crítico Rubens Fernandes Júnior júri da Bienal que fez questão de destacar a força das cozinhas do interior baiano de Ieda.
Mais do que captar imagens das cozinhas e das comunidades rurais do nosso País, Ieda Marques utiliza a fotografia como importante trabalho de registro e documentação das relações sociais nas zonas rurais, onde as mulheres têm um papel fundamental. Em Cutia, por exemplo, ela mostra que são as mulheres que assumem o trabalho e até da agricultura de subsistência, afinal é muito grande o E êxodo masculino para São Paulo por causa da seca.
E se as relações sociais se estabelecem a partir das mulheres, as cozinhas são muito representativas.
Constatando com o vazio dos outros cômodos das casas, as cozinhas são sempre muito enfeitadas, com as panelas, talheres e pratos utilizados também como objetos de decoração.
Importante salientar também a transformação cultural da zona rural através das cozinhas. Como diz Ieda, com a devastação ecológica, está cada vez mais difícil encontrar lenha..
E com isso, o fogão a gás já está entrando nas cozinhas da zona rural, influenciando diretamente nas relações, que não mais se estabelecem, infelizmente, ao pé do fogão.
Uma das cozinhas da zona rural fotografada com luz natural pela fotógrafa Iêda Marques
ANÍSIO DANTAS EXPÕE DIA 27 NA PROVA DO ARTISTA

Na próxima quinta-feira, na  Galeria Prova do Artista, no Salvador Praia Hotel, o artista plástico, Anísio Dantas, estará expondo desenhos e gravuras. O crítico de arte Jacob Klintowitz afirma que após percorrer um longo caminho, começou com figuras trabalhadas em tonalidades, com ênfase no sensualismo, agora casa formas geométricas com paisagens gestuais e telúricas, na preocupação com espaços imaginários, cósmicos, mágicos. Artista de boa formação, solidamente ancorado na prática da pintura como veículo ideal para as suas idéias, ele tem pesquisado a percepção de realidades diversas da convenção. Anísio Dantas nasceu em 1933. Iniciou sua carreira em 1964, no então estado da Guanabara. Participou desde então de diversas coletivas, como o Salão Nacional de Arte Moderna, Salão Air France, Bienal de Artes Plásticas da Bahia, Bienal de São Paulo, exposições na Suíça, Espanha, Japão, na Bienal Ibero Americana do México.
Tendo também muitas individuais nesses 25 anos de trabalho e o prêmio Aquisição do Salão Nacional de Arte Moderna.

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