sábado, 9 de março de 2013

UM ANO DE ESCULTURA EM PARIS - 22 DE DEZEMBRO DE 1986


JORNAL A TARDE, SALVADOR,  SEGUNDA-FEIRA, 22 DE DEZEMBRO DE 1986

   UM ANO DE ESCULTURA EM PARIS

Grupo de Quatro Mulheres em Pé , de Francisco Zuñiga
No terreno de Belas Artes, 1986, terá sido para Paris o ano da escultura. Durante todo o ano, atravessando as quatro estações, um bom número de exposições foi apresentado ao público francês e estrangeiro, como, por exemplo, duas dedicadas ao escultor Rodin, no museu que leva seu nome no Hotel Biron - 7º Distrito da cidade - Os Fotógrafos de Rodin e Desenhos de Esculturas. Ou ainda as esculturas e desenhos de forte apelo popular e regional do mexicano Francisco Zuñiga, ao ar livre no Jardim das Tulherias, em abril /maio. No entanto, o destaque maior ficou para estas quatro.
Era inverno e nevava muito do lado de fora quando o Museu de Luxemburgo abriu suas portas para mostrar Statues de Chair- Estátua de Carne, em 1º de março, Obras de James Pradier 1790-1852, o mais célebre e o mais discutido dos escultores do tempo do Romantismo, nascido em Genebra, relativamente esquecido. A exposição dividiu-se em quatro aspectos principais sua obra monumental espalhada em várias cidades e locais, como na Praça da Concórdia, no Palácio do Luxemburgo ou a própria Fonte Moliére; as grandes estátuas de mármore inspiradas na mitologia grega como Vênus e o Amor, Chloris e Os Primeiros Passos de Baco estatuetas em gesso, terra cozida, bronze e matérias preciosas; por fim, os desenhos para evocar as obras que faltaram a exposição, ou não executadas.
Veio a Primavera em abril e a Escultura Francesa no Século XIX ocupou as galerias nacionais do Grand Palais. Pela primeira vez, a Reunião dos Museus Nacionais propôs um panorama completo do século da cidade esculpida, a de Barye, Carpeaux e Rodin. Foram 250 esculturas, de todo tipo de material e dimensão, suas técnicas, finalidades e diversidade de estilos. Muitas destas obras estão hoje expostas no Museu d’Orsay, recentemente inaugurado.
Numa sucessão de obras-primas vindas de várias correntes estilísticas que atravessaram o século: a tradição clássica de Houdon a Maillol; o sentimento romântico de um Rude no seu Arco do Triunfo e Bourdelle no monumento aos Mortos de Montauban Passando pelo lirismo de relevos de Augustin Préault; o ecletismo de Carpeaux; o realismo militante de Dalou e Fremiet; e as diferenças tendências do fim do século; o simbolismo tal qual ilustram Pierre Roche ou certas obras de Camille Claudel, até o Primitivismo de Gauguin. ( Foto ao lado)

A Marselhesa , de Rude, no
 Arco do Triunfo, em Paris
O Que é a Escultura Moderna? Foi exibida durante o Verão de julho a outubro, no Museu Nacional de Arte Moderna Centro Georges Pompidou. Mais que um panorama, uma questão para saber qual e quando foi a ruptura com a arte do século passado, quais são as obras pertencentes ao Séc XX que antes de lhe pertencerem o formaram. De 1900 a 1970, obras de Picasso, Beuys e Glacometti já conhecidas, e outras a serem descobertas como as de Kirchner, Kobro, David Smith e Eva Hesse. Em grandes sequências, movimentos históricos como o Cubismno, o Futurismo e o Construtivismo. Duzentos e cinqüenta obras de noventa artistas foram selecionadas para permitir aos visitantes de estudar as formas, os materiais,as idéias e os conceitos dos escultures da nossa época.Gauguin.

Até 1º de fevereiro de 1987 a Estátua da Liberdade,a Exposição do centenário, poderá ser vista no Museu das Artes Decorativas, 107, Rue de Rivoli, no Primeiro Distrito. Ela inaugurou com o outono e fecha este ciclo das grandes exposições de esculturas. Trata-se de uma homenagem histórica e recíproca entre a França e os Estados Unidos. A estátua é a mais popular do mundo, construída em Paris no atelier do escultor Auguste Bartholdi e oferecida aos Estados Unidos da América para comemorar seus 100 anos de Independência. Ela conta com quatrocentas obras vindas dos dois países: esculturas, pinturas, desenhos, fotografias e documentos que evocam a escultura monumental do século XIX, mas igualmente o desvio da imagem para a publicidade, a ironia dos caricaturistas e o sonho dos imigrantes e turistas ( Eduardo Tawil).

CONCURSO DE CHARGES TEM  ARTISTAS CLASSIFICADOS


Já foram selecionados os melhores trabalhos do Primeiro Concurso Nacional de Caricaturas e Charges enfocando o Plano Cruzado promovido pelo Hotel Meridien da Bahia. Os trabalhos selecionados vão decorar o réveillon do hotel intitulado Uma Noite no País do Cruzado, que ocorrerá no Salão Aratu.
Os trabalhos selecionados são de autoria de : Paulo Serra, Bahia; Vanderlei Mendes da Silva,Bahia; Lailson de Holanda Cavalcanti, Recife; Marco Antônio R. de Miranda, Bahia; Jorge Alme4ida Barreto Junior, Bahia; Laurindo Sanchez Munhos, São Paulo; Ike, Rio de Janeiro e Otávio Oliveira, São Paulo.
Selecionados os trabalhos desses artistas agora caberá ao público presente a festa escolher os três primeiros colocados. Foram apresentados mais de sessenta trabalhos. Uma coisa curiosa é que os trabalhos tinham na sua grande maioria certa qualidade, sendo que uns eram bem idealizados, mas completamente mal realizados. Outros eram bem realizados, isto é, o desenho e a própria composição tinham qualidade, mas a idéia muito sem graça, sem força.
Depois de muita discussão decidimos que deveria ficar apenas um trabalho de a cada artista, isto porque alguns dos concorrentes são profissionais da mais alta linhagem e certamente com a presença de três trabalhos seriam praticamente imbatíveis. Por outro lado, além de dar oportunidade aos novos valore,s esta postura também, proporcionou que seja apresentados uma maior variedade tanto de traço como de concepção. Esta posição foi defendida por mim. Inicialmente houve muita resistência dos demais jurados, porém, ao final do julgamento chegou-se a um consenso, prevalecendo esta posição.
Além deste colunista fizeram parte da Comissão Julgadora o artista Fernando Coelho; Edilton Tourinho, da Televisão Itapoan; Duda Mendonça, Publicitário; Arnaldo Viola, Diretor Geral do Hotel Meridien e Paulo Roberto Sampaio, da Tribuna da Bahia.

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