quinta-feira, 14 de março de 2013

PAISAGENS E FLORES DE JENNER AUGUSTO -14 DE OUTUBRO DE 1985

JORNAL A TARDE , SALVADOR, 14 DE OUTUBRO DE 1985

PAISAGENS E FLORES DE JENNER AUGUSTO

Dique do Tororó, óleo sobre tela de 037 x 061 cm
"Meu irmão Jenner Augusto/Pintor dos que mais sabem e mais aprendem/cheio de inesprimivel piedade/pelo homem, esse bicho tão pequeno/Pinta-me uma cidade. Onde se viva em paz, se sofra menos. Uma branca cidade. Sempre crepuscular e em tons serenos. Onde eu possa iludir-me. Sobre o amor, sobre a dor e sobre o tempo. E morrer me esvaindo. No doce balbucio das estrelas" .  Vinícius de Moraes.
Estes versos do poetinha exprimem um pouco da arte de Jenner Augusto, este sergipano-baiano que sabe tão bem equilibrar o volume das águas do mar e dos lagos com a brancura das areias e o perfil de pessoas que vivem e labutam ás suas margens.
Longe dos modismos descartáveis o artista vai construindo o seu mundo de paz com uma pintura pós impressionistas onde a calmaria dos ancoradouros e a tranqüilidade das águas escuras do Dique do Tororó guardam os mistérios da fé daqueles que creem  em Oxum, a rainha das águas doces.O artista vai construindo o seu mundo pictórico como um verdadeiro herói anônimo passando por entre os cipoais dos ismos que se sucedem e que levam muitos ao descrédito.
Valente como a maioria dos nordestinos, Jenner empurra o seu pincel, e na quietude do seu próprio viver enaltece as paisagens, dá vida as colinas, reflexos as águas e coloca as torre dos templos apontando para o céu e os rodeia de verde, como a demonstrar a importância da vegetação para a nossa sobrevivência. Diria que reconstrói a paisagem como um verdadeiro arquiteto da natureza que teima em nos chamar a atenção de necessidade de contemplar a paisagem, antes que a especulação imobiliária chegue com um cordão de isolamento de espigões.
E, as flores pintadas por Jenner parecem que acabam de ser colhidas num jardim celestial, onde exibem nos jarros toda a exuberância de suas cores.
Como alerta Olney Kruse, o artista Jenner Augusto nunca arredou o pé de sua postura do seu gosto estético, do seu trabalho que lhe gratifica na medida em que expressa suas emoções. Acredito mesmo que transporta para a tela a sua própria visão do mundo e a própria calma que envolve a sua existência.
Jenner acaba de expor na Galeria de Arte André, em São Paulo, com grande sucesso.

    EXPOSIÇÃO DE MURILO SEGUIU PARA O MASP


A exposição de Murilo no Museu de Arte da Bahia, e que a partir do dia 21, estará no Museu de Arte de São Paulo vem demonstrar exatamente a capacidade criativa deste artista, ligado a seu tempo.A mostra é promovida pelas empresas Metanor/S/A- Metanol do Nordeste e Copenor-Cia.
Aproveito aqui para registrar um fato que não deve passar despercebido. É que os organizadores barraram na porta muitas pessoas que foram prestigiar o artista, sob o pretexto de que o convite era pessoal e intransferível. Informam os responsáveis pela promoção que esta exposição é a primeira de uma série.
Diante do que aconteceu espero que da próxima vez não barrem pessoas que vão a uma exposição, porque é uma péssima política. Basta dizer que são poucas as pessoas que se dispõem a frequentar museus e galerias, e a discriminação é sempre prejudicial, porque afinal de contas, uma mostra não é apenas um acontecimento da socialite.
O artista Murilo
Foi escolhido de Murilo um trabalho da série Lar, Doce Lar, denominado O Neguinho e a Negona dançando na Sociedade Recreativa Pedra de Arara, acrílico sobre papel com dimensão de 90x60 com, adquirido pela Metanor/Copenor que será multiplicado  por técnica similar á litogravura, porém, em chapa de metal.
Essas reproduções, em tiragem limitada e assinada pelo artista, serão oferecidas a clientes e amigos.
A preferência por Murilo e sua obra foi o resultado da procura de uma artista reconhecidamente emergente apoiada em consulta a professores, jornalistas, críticos de arte, marchands e outros artistas. Hoje com trinta anos, Murilo começou a pintar ao quinze, como autodidata. Em  1975  ingressou no curso de artes plásticas da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia.
O Neguinho e a Negona Dançando na
 Sociedade Recreativa Pedra da Arara
As primeiras exposições individuais de Murilo aconteceram em 1976, no Clube Baiano de Tênis, em Salvador, e na galeria Expo Matex, em João Pessoa. Em 1977 apresentou a exposição Lavagem Cerebral, na Tereza Galeria de Arte, em Salvador. No ano seguinte, levou sua obra ao Rio de Janeiro, para mostra na galeria Macunaíma.
Em 1982 e em 1984, voltaria expõe em Salvador.Murilo também participou de várias coletivas.Em 1976, esteve presente na Bienal Nacional de São Paulo; dois anos depois, na Exposição Arte Bahia Hoje. EM 1983 participou de mostra no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo.
Dois anos depois, 1985, participou de duas mostras, em Salvador: uma na Galeria Múltiplus e outra no Museu de Arte da Bahia denominada Geração 70.
O trabalho realizado nesses quinze anos fez Murilo merecer vários prêmios. Entre eles, estão o Prêmio João Francisco Lopes Rodrigues no I Salão Nordestino de Artes Plásticas, em Salvador; O Prêmio Especial de Pintura, no IV Salão nacional Universitário de Artes Plásticas, em Florianópolis; e o Prêmio Concurso de Projeto do Museu de Arte Moderna da Bahia. Além de pintor, Murilo também atua como cenógrafo e figurinista.
 Também quero fazer um reparo porque saiu impresso no catálogo da exposição que sou redator-chefe. O redator-chefe de A Tarde é o Dr. Jorge Calmon.
Para mim Murilo é um dos artistas da Geração 70 que apresenta um trabalho contemporâneo e em constante evolução. Atento ás coisas que estão acontecendo em outros centros, ele vai captando, com sua sensibilidade aguçada, os elementos capazes de possibilitar melhor expressão. Agora, está mostrando um trabalho vibrante, onde os traços negros e fortes permitem a identificação de formas em composições que enfocam o cotidiano. Realmente, entre as paredes de um apartamento, debaixo do teto de uma casa e nas ruas das cidades, acontecem situações ternas e, muitas vezes, violentas. Esta temática  é muito rica e Murilo, com sua versatilidade e a qualidade técnica que alcançou tem muito que realizar. Sua obra tem linguagem universal, fácil de ser absorvida por qualquer habitante de uma metrópole.

                  MARIVALDO PREPARA EXPOSIÇÃO

O artista Marivaldo Carneiro está ultimando alguns trabalhos para uma exposição que pretende realizar, provavelmente, no hall do Hotel da Bahia. Ele expõe pela primeira vez em Vilas do Atlântico, quando ainda trabalhava na Odebrecht. Hoje afastado da empresa está dedicado a tempo integral a seus quadros. Ele pintava paisagens e barcos, com forte presença pós-impressionistas, e, na época, Matilde Matos fez uma apresentação no catálogo de sua exposição.
Os anos passaram e Marivaldo carneiro resolveu dedicar-se mais á arte, e, hoje, quase que vive exclusivamente pintando. São trabalhos em óleo sobre tela, onde a geometrização demonstra que vem apurando a sua técnica. Neste trabalho da foto, ele enfoca o vendedor de bananas, que pode ser visualizado através da olha de bananeira, ao alto, e, também, pelos frutos amarelos e verdes.



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