domingo, 24 de março de 2013

JAMISON PEDRA DE VOLTA - 23 DE JUNHO DE 1979


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 23 DE JUNHO DE 1979


                                        JAMISON  PEDRA DE VOLTA

Arquiteto pela Faculdade de Arquitetura da UFBa., hoje é professor assistente da Escola de Belas Artes. Já participou da I e II Bienais de Artes Plásticas da Bahia e desde 1963 que invariavelmente vem expondo, sendo que suas últimas mostras aconteceram em 1976 na Galeria ACBEU e no Museu de Arte Moderna da Bahia.
Jamison é arquiteto, escultor, desenhista e pintor. Um artista consciente que sempre está preocupado com a apresentação de algo de novo em seu trabalho. Suas últimas pinturas, agora expostas revelam o amadurecimento e perfeito conhecimento da técnica do desenho e no jogo do claro e escuro proporcionando sinuosidades que agradam. Parecem em movimento contínuo as faixas amarelas.
                                                A BOA NOVA
" Por mais de uma vez, inclusive em livro, no Bahia de Todos os Santos, tenho reclamado contra a avareza do artista Jamison Pedra, um dos mais singulares da Bahia, arquiteto, escultor, desenhista, pintor, que somente de rara em raro nos dá a ver o trabalho realizado com extrema consciência no silêncio e na modéstia.
Vizinhos na Rua Alagoinhas, mantendo com uma filha de Jamison, formosa criança dona dessa infinita sabedoria da infância, além de conversas longas, uma curiosa correspondência: de quando em vez, ao sentir minha ausência, fujo de casa para poder trabalhar ela me escreve as cartas mais lindas.
O que vem de fazer agora para me anunciar que o pai vai expor. Antes, ela me comunicara que o Pai era uma pessoa importante, eu concordei inteiramente e lhe perguntei em que data ele se decidira a nos mostrar suas novas criações.
Aí estão, na anunciada mostra, as pinturas mais recentes de Jamison Pedra, de uma beleza que nasce da incessante pesquisa e se afirma numa conquista admirável de cor e espaço.

A grandeza da arte baiana reside na diversidade; cada artista busca abrir seu próprio caminho. Existe todavia algo de comum entre eles, os mais velhos, os mais jovens, os mais conhecidos, os menos exibidos, o mais ousado e aqueles que se fecha nos limites da tradição em todos sente-se a presença poderosa de cultura e se afirma numa conquista admirável de cor e espaço.
A grandeza da arte baiana reside na diversidade; cada artista busca abrir seu próprio caminho. Existe todavia algo de comum entre eles, os mais velhos, os mais jovens, os mais conhecidos, os menos exibidos, os menos exibidos, o mais ousado e aquele que se fecha nos limites da tradição, em todos sente-se a presença poderosa de cultura aqui assentada e amassada no suor do povo da qual nascemos nós, criadores de literatura e arte.
Jovem mestre, Jamison Pedra, não se parece com nenhum outro e nós assim o sentimos, importante, livre, exigente, no duro trabalho de buscar e encontrar sua exata expressão.
Não acredito possa existir alguém capaz de não amar essas pinturas que possuem as cores baianas do triunfo." Jorge Amado

MAIS DE 50 UNIVERSIDADES TRAZEM PROJETOS 
À FUNARTE

Cinquenta e cinco universidades, sendo 27 federais, 7 estaduais e 21 particulares apresentaram projetos á Funarte este ano, no sentido de desenvolverem a criação artística no meio estudantil nas áreas de música, folclore, artes plásticas, teatro, dança, literatura, cinema e fotografia. As propostas, que abrangem a realização de concursos, festivais, exposições, edições, cursos e pesquisas, serão avaliadas e atendidas de acordo com as prioridades estabelecidas pelo Projeto Universidade da Funarte.
Este projeto nasceu em 1977 face ao crescente interesse das universidades em estabelecerem um programa de atividades culturais e em seu primeiro ano apoiou 21 universidade em cerca de 145 eventos.
Nos anos de 78 e 79 foram consolidadas suas linhas de atuação visando integrar o planejamento das atividades no interesse das realidades locais e na ênfase da participação do universitário não apenas no consumo, mas na produção, criação e planejamento das atividades de cultura da universidade.
Além disso, foi dado destaque especial à participação cada vez maior da comunidade não universitária e na valorização do trabalho realizado na região. É interesse do projeto que as comunidades conjuntamente com as universidades, através da mobilização local de pessoas e recursos, desenvolvam formas de viabilizar a efetiva independência na sustentação dos projetos, assim como um armazenamento na tradição e calendários artísticos locais.
Esta ano, a Funarte recebeu solicitações de todas as regiões do país, que somam 368 eventos discriminados um a um através de formulário próprio. Cada universidade encaminhou até 30 de abril passado data limite da entrega, as informações necessárias sobre os objetivos, a justificativa e o detalhamento do mecanismo de atuação para cada subprojeto. De posse desses dados, a Funarte vem organizando um calendário, programa das atividades artísticos-culturais das universidades brasileiras objetivando dar condições de planejar uma maior integração entre as diversas instituições. Até o final do mês de junho serão avaliados e atendidos, total ou parcialmente, os projetos que melhor se adeqüem á filosofia do programa. Ao longo do segundo semestre e á medida que se desenvolvem as atividades programadas, a Funarte procederá, em contato com professores, alunos e membros da comunidade, a uma avaliação que procure medir o grau de participação e interesse dos universitários, bem como a extensão da ação das universidades nas atividades de cultura local.

       HELENA DOMINA O DESENHO

O mestre Clarival do Prado Valadares escreveu por volta de 74 que esta artista domina o desenho, do modo que Presciliano Silva exigia dos discípulos. Sem tal atributo nenhum pintor fará interiores capítulo da arte clássica dos mais comprometedores, por se basear na orientação dos planos, na perspectiva corrigida, na densidade ponderada dos detalhes e, sobretudo na sutileza do claro-escuro. Ela crê na pintura de interior como interpretação da própria arte e como proposta de um acréscimo, da maneira que ocorre na música, entre a criação e a vivência.
Quanto a mim não conheço os trabalhos de Helena a não ser algumas reproduções em catálogos. De maneira em breve falarei sobre o seu trabalho, que está exposto na Galeria Panorama.



               LAZARINI ESTÁ NA GALERIA LEBRETON

A Galeria Lebreton acaba de expor alguns trabalhos do artista Lazarini, o qual já expôs em Salvador na antiga Galeria do Carmo. São as paisagens, as cenas rurais que se espraiam por suas telas que transmitam uma calma. Embora tenha toda uma descendência italiana sua pintura reflete exatamente o lado tranqüilo da vida do homem.
Como afirma Luís Carlos Mendes Dias os quadros de Lazarini nos lembram as palavras de Lawrence Durrell, em O Quarteto de Alexandria que são: o artista e o público contentam-se em registrar, como um sismógrafo, uma carga eletromagnética que não se pode racionalizar. Tudo o que se sabe é que se produz uma vaga transmissão, verdadeira ou falsa, com ou sem resultados, segundo o caso. Mas pretender analisá-la não conduz a nada. E suspeito que este conceito de arte é comum a todos os que se sentem capazes de a lele se abandonar.

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