terça-feira, 26 de março de 2013

IV FENAVEM -04 DE AGOSTO DE 1979

JORNAL A TARDE SALVADOR, 04 DE AGOSTO DE 1979

          IV FENAVEM TEM 215 EMPRESAS 


Sérgio Rodrigues com uma
cadeira criada por ele
A  IV Feira Nacional de Vendas e Exportação de Móveis- Fenavem- está sendo realizada no Parque Anhembi, em São Paulo, até o dia 12 de agosto. Considerada no setor moveleiro como a mais importante mostra do gênero na América do Sul, a Fenavem contará este ano com a participação de 215 empresas, distribuídas em 18.500m2 de stands. No recinto da feira, nos dias 6,7 e 8, serão realizadas palestras sobre o tema Design, Produto e Mercado, promovidas pelo Núcleo de Desenho Industrial no Brasil. Outra grande atração desta IV Fenavem será a retrospectiva didática do mobiliário contemporâneo apresentada pela Forma em seu stand. Oscar Niemeyer, Sérgio Bernardes, Pietro Maria Bardi, Délcio Pignatari, Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Carls Heinz Bergmiller e Sérgio Rodrigues, entre outros importantes nomes da arquitetura e artes no Brasil, participam desta retrospectiva com desenhos e depoimentos, retratando a história do mobiliário contemporâneo e as principais manifestações culturais de cada época.

DESIGN BRASILEIRO

A busca de uma linguagem própria para os produtos brasileiros é antes de uma necessidade da moderna indústria, um compromisso com a cultura nacional.
Até bem pouco tempo e com grande incidência, o desenho industrial era um dos itens mais desprezados na criação de novos projetos. Esta é uma realidade que, com graduações, pode ser atribuída á maioria dos países de tecnologia dependente. Sempre pareceu ser mais lucrativo adaptar o que estava pronto, desprezando as peculiaridades do consumidor, do que criar novos modelos.
Este quadro, porém, está sendo alterado. A importância que o desenho industrial vem assumindo na indústria brasileira reflete uma tomada de consciência tanto de empresários quanto de desenhistas industriais.
Embora o Brasil possua hoje um mercado em potencial de 12 milhões de pessoas, superior à maioria dos mercados europeus, não se pode mais afirmar que o desenho industrial é dispensável pois tudo o que produzimos è consumido. A pequena expansão que o mercado interno apresentou nos últimos anos criou uma defasagem entre os ritmos de desenvolvimento da produção e consumo, contribuindo de maneira decisiva para que houvesse um acirramento na disputa do mercado.
Desta forma, para muitos empresários a preocupação com o desenho industrial passou a ser condição de sobrevivência. Para outros, entretanto, não foi apenas a disputa de  mercado que evidenciou a necessidade de aplicá-lo. Havia sobretudo um compromisso com o público consumidor.
Pesquisar e investir em desenho industrial significa muito mais do que aprimorar a foram. Representa a procura de uma linguagem própria coadunada á cultura nacional; representa a pesquisa de nossos próprios materiais e o desenvolvimento de tecnologia para sua aplicação.
Por parte dos desenhistas industriais desenvolveu-se a consciência da função social de sua atividade. Ficara claro que, ao contrário da produção artística, o desenho industrial fundamenta-se no uso social do objeto. Precisava-se, então, detectar necessidades reais do público e, através da técnica, buscar soluções criativas e viáveis.
Móvel de autoria de Oscar Niemeyer

Todavia, para a viabilização do produto, deve-se buscar uma proporção ideal entre Função, Forma e Custo. Reforçar um em detrimento de outro pode ser desastroso. Buscar o equilíbrio entre função e forma equivale a tentar fugir do funcionalismo, sem cair no esteticismo puro, no formalismo.
Coerente com estes novos posicionamentos as empresas vêm investindo cada vez mais em seus departamentos de desenho industrial. O programa, lançado recentemente, é a concretização dos esforços de vários anos na busca de uma linguagem brasileira.
O projeto ABX da Forma, pioneiro, realizado pela designers Adriana Adam e Beatriz Gomes, baseou-se em estudos ergonômicos e medições antropométricas do homem brasileiro, além de análises econômicas, sociológicas e psicológicas que determinassem as características comportamentais do usuário. Esses dados foram levantados com  a preocupação de criar um desenho correto para  o público brasileiro e, de fato, com o resultado das análises provou haver diferentes sensíveis entre o usuário brasileiro e os de outras racionalidades, ficou patente a necessidade de desenvolvemos os nossos próprios projetos, de acordo com a nossa realidade.
O programa ABX é totalmente modulado. As almofadas do encosto e assento correm por canais dos perfis de alumínio, funcionando como elemento de ligação entre as laterais.
Utilizando guias plásticas nas conecções conseguiu-se um perfeito ajuste dos componentes e a eliminação do atrito. Obteve-se assim, uma inter-relação entre assentos, encosto e estruturas de sustentação, de forma que cada componente absorve uma cota dos esforços totais, conferindo extrema flexibilidade ao produto final. Em cada uma das quase 500 versões possíveis, desde as cadeiras para secretárias até as poltronas executivas e a completa linha para auditórios, a posição das almofadas foi planejada de tal forma que em cada modelo o apoio lombar estará na posição correta para seu uso, evitando-se a fadiga e os problemas de coluna.
Os benefícios obtidos com a racionalização desta linha totalmente desmontável, oferecem vantagens não só ao fabricante pela redução dos custos de uma produção, como facilita a estocagem, montagem, manutenção e transporte, garantindo ao usuário a certeza de qualidade e durabilidade, com facilidade de reposição e assistência técnica permanente.

SETOR MOVELEIRO NO BRASIL

Foto Portal Moveleiro. Setor cresce no Brasil
Segundo pesquisa realizada pela Associação dos Fabricantes de Móveis do Brasil-AFAM-77% das empresas que operam no setor são de pequeno porte, 19% de médio porte e apenas 4% de grande porte (dados de 76). Verifica-se, também, o baixo grau de ocupação individual do setor, tendo-se, para 1976, a média de 16 empregados por empresa que demonstra a pulverização desta atividade no país. Enquanto o número de empresas moveleiras aumentou 3% de 1975 a 1976, o número em empregos cresceu 26%, refletindo um aumento de produção real no setor.
O mercado mundial de imóveis cresceu, no período 71/76, numa média anual de 23%. É importante notar que após 1973 a média de  crescimento deste mercado caiu cerca de 50%, sendo a média de 23% o resultado dos altos índices de crescimento dos primeiros anos analisados. A participação do Brasil neste mercado, entre 1973 e 1976, foi muito reduzida, não ultrapassando a CSA do 0,3%, ou seja, 0,5% do total das exportações de manufaturados brasileiros no mesmo período.
Cerca de 53% do total das exportações de móveis do país se destinaram ao mercado americano, 21% aos países membros da ALALC, 11% aos países da Comunidade Econômica Européia, 4% ao Canadá e os restantes 11% aos demais países.

EXPOSITORES

Oscar Niemeyer; Sérgio Rodrigues; Lina Bardi; Pietro Maria Bardi; Sérgio Bernardes; Décio Pignatari, Alexandre Wollner; Samuel Szpiegel; Fernando Stickel; Abrahão Sanovicz; Gabriel Borba; Maurício Friedman,; Oswaldo Costa Pepe; Jùlio Katinsky,José Magalhães Jr.; Rui Ohtake; Isay Weinfeld;
Aurélio Martinez Flores; João Carlos Cauduro;Ludovico Martino; Marco Antônio Rezende; Carmem Portinho; Aloísio Magalhães; Joaquim Redig; Mário Chamie;Emile Chamie; Alessandro Ventura; Joaquim Guedes; João Bezerra; Lúcio Grinover; Marlene Picarelli; Augusto de Campos; Haroldo de Campos; Edla Van Steen; Paulo Mendes da Rocha; Roberto Loeb; Carlos Von Schmidt; Sérgio Rakamatu, Telmo Martino; Mário Pedrosa; Adriana Adam; Fábio Penteado; Léo Seincman; José Chaves, Olney Kruse; Sílvio Oppenhein; Michel Arnault; Karl Keinz Bergmiller, Nelson Leirner; Cássio Micalani;Percival Lafer; César Pires de Melo; Freddy Van Camp; Salvador Candia, José Abramocivi; Sérgio Kehl; Benno Perelmutter; Ennes Silveira de Mello, Vivi Mussumessi, Carola Whitaker; Isa Figueiredo, Eduardo Longo; Casemiro Mendonça; José Moura Jorge; Donato Ferrari, Carlos Motta, Iole de Freitas, Marcelo Nitsche, Tadashi Nakagawa; Shintaro Haysahi; Ana Beatriz Gomes, Minoro Naruto e Maria Argentina Bidas.

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