sexta-feira, 29 de março de 2013

DOZE ARTISTAS DEFENDEM O BRASIL NA XV BIENAL - 06 DE OUTUBRO DE 1979


JORNAL A TARDE,  SALVADOR, 06 DE OUTUBRO DE 1979

DOZE ARTISTAS DEFENDEM O BRASIL NA XV BIENAL

Os brasileiros estão representados nesta XV Bienal Internacional de São Paulo por 12 artistas brasileiros contemporâneos, indicados para a mostra, e os premiados nas bienais passadas que participarão pessoalmente da inauguração da XV Bienal.E todos os trabalhos já estão praticamente em seus lugares definitivos dentro do prédio da fundação.A grande força XV Bienal de São Paulo é apresentar com a mesma consideração e respeito, jovens artistas e antigos premiados pela fundação.
Lado a lado, eles estarão sendo observados e avaliados. Os primeiros, divulgando seu nome e obra, os segundos passando por um rigoroso exame de evolução ou não.
O artista Amílcar de Castro
Os indiciados são doze. Amílcar de Castro é escultor e foi um dos integrantes do Movimento Neoconcreto na década de 50. Aos poucos foi evoluindo da escultura para o desenho e a pintura e, agora cria, com traços a escultura e o desenho livre como um só objeto. A seu lado estará Arlindo Daibret do Amaral, desenhista de projeção nos grandes salões. Seu caminho foi de pergaminho de cabra ao papel e lápis. Ascânio Maria Martins Monteiro (MMM) é português naturalizado. Escultor, diretamente ligado á arquitetura. Seu espaço deve ser próximo ao de Berenice Gorini, que utiliza materiais orgânicos, como a palha e o vime, em grandes estruturas. Glauco Pinto de Moraes também está presente, o pintor das locomotivas, visão forte de sua infância, com obras fortes e violentas.
Haroldo Barroso Beltrão trabalhou com Burle Marx em painéis e murais escultóricos. Atualmente voltou à velha forma de escultor autônomo. Ivald Granato é conhecido por protestar de todas as formas possíveis contra a estrutura das artes plásticas em sua comercialização. Estará nesta bienal com painéis a base plástica. João Câmara Filho é pintor desenhista e gravador. Apresenta obras de óleo e litografia de pessoas conhecidas, em tons escuros.
O artista Rubens Gerchaman
Luiz Gregório Correia trabalha com aquarelas, desenho e pintura, sempre utilizando figuras e problemas do cotidiano. Rubens Gerchman não precisa de apresentação, rebela-se contra qualquer vanguarda institucionalista e usa cores explodindo, quase autônomas em suas obras. José Tarcisio Ramos é o pintor que se equilibra entre o racional e a pintura elaborada e a ingenuidade de abstração cromática.
O último destes jovens artistas, jovens por não ter ainda participado de alguma Bienal de São Paulo e por na terem o seu trabalho em grande divulgação é Roberto Magalhães. Este artista retrata cabeças, seu tema vigoroso. Faz surgir rostos estranhos, arcaicos e remotos. E ainda um estudioso em cabala, ocultismo, signos, alquimia e assuntos desta categoria.
Os antigos premiados sobre quem quaisquer explicações podem mesmo parecer pretensão são: Ademir Martins; Volpi, Anatol Wladislaw, Armando Sendin, Arthur Luiz Piza, Danilo Di Prete, O Grupo Arte/Ação, Grupo Bóias frias, Grupo Etsedron, Evandro Costa Jardim, Fayaga Ostrower, Felícia Leirner, Fernando Odrizola, Geraldo de Barros, Grupo Iadê, Hildegard Rosenthal, Isabel Pons, Ione Saldanha, Ivan Freitas, José Roberto Aguilar, Lívio Abramo; Lydia Okumura, Seron Franco, Wega Nery, Mabe, Grassimann, Marcelo Nitsche, Mário Cravo Neto, Paulo Roberto Leal, Roberto Sandoval e finalmente Sérgio Camargo. Todos eles estão com suas obras (atuais) à avaliação pública desde 3 de outubro, na XV Bienal Internacional de São Paulo.

      HOMENAGEM AO ARQUITETO  OSCAR NIEMEYER

O belo Museu de Arte Moderna de Niterói
Oscar Niemeyer, arquiteto, é o nome da mostra realizada pelo arquiteto brasileiro na XV Bienal Internacional de São Paulo. É também a mesma exposição apresentada no Centro de Cultura Georges Pompidou, mais conhecido como Beaubourg, em Paris, no começo deste ano e que segue pela Europa. Niemeyer é reconhecido em todo o mundo por usar, em grandes estruturas, linhas levemente curvas e sensuais. No Brasil ficou conhecido por projetar a cidade de Brasília e por ter doado o projeto de todo o Parque do Ibirapuera, incluindo o prédio da bienal, à cidade, em 1951. Nestes trinta anos de bienal a sua grande mostra será a homenagem justa. E primeira em todo o Brasil.
A mostra de Oscar Niemeyer na XV Bienal Internacional de São Paulo já está sendo mostrada nos 600 metros quadrados que lhe foram destinados, espaço dez vezes maior do que o utilizado por todas as comissões internacionais.
Entre as obras que compõem esta retrospectiva podemos destacar o Yacht  e o Cassino e a Capela de Pampulha, em Minas Gerais, as grandes estruturas do projeto de Brasília, o Hotel Nacional do Rio de Janeiro, o Banco Safra de São Paulo e seus principais projetos feitos para o exterior: em Paris, Argel, Milão e Nova Iorque. Além de painéis fotográficos destes projetos e algumas maquetes, serão apresentados móveis que levam a sua assinatura, filmes e slides com depoimentos pessoais, em justa homenagem ao brilho que  deu ao nome do Brasil por todo o mundo.
Homenagem justa a este grande brasileiro. Foto Google
Ele esteve presente à abertura da Bienal de São Paulo, dia 3 de outubro e recebe hoje arquitetos em sua exposição.
As linhas curvas, ponto alto de Oscar Niemeyer, podem servir como uma definição deste homem:
Não é a linha reta que me atrai, dura, inflexível, criada pelo homem O que me atrai é a curva leve e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso de um rio, nas curvas do céu e no corpo da mulher amada. De curvas é feito o universo. O universo curvo de Einstein.
Mas a curva não é uma obsessão. Muitas vezes é o  próprio concreto quem a insinua. Se você tem um espaço grande a vencer, a curva é o caminho indicado e ela permite uma forma mais leve, como que solta no ar. E assim ele projetou Brasília, rapidamente.
Sofremos pressão durante o projeto e as obras. Mas cada vez mais elas animavam a JK e a mim. Era um grande desafio. E assim tempo sobrando, os projetos não puderam sofrer modificações. Com isto ficaram muito mais espontâneos, com a qualidade e os defeitos iniciais. Mas com os arcos nada inventei. Eles são antiquíssimos. Dei-lhes uma forma mais delgada e elegante, desejoso de manter, no Palácio do Itamaraty a leveza arquitetônica que preferíamos e que tanto assustou o engenheiro italiano que trabalhava conosco.
Este é Oscar Niemeyer,o arquiteto de Brasília. Mas estão são as obras que nosso homem fez em casa.
Mas os meios melhores trabalhos estão na Europa, França, Itália e Argélia. Foi para o exterior porque aqui não havia condições de trabalho. Lembram-se do aeroporto de Brasília? Por ele o ministro da Aeronáutica não se conteve, acreditando que lugar de comunista era em Moscou, quando nem os russos admitiam esta arquitetura leve e burguesa. E depois veio o estádio de Brasília, o Museu da Terra, do Ar e do Mar, a Universidade de Brasília...
Sua exposição na XV Bienal vai de Pampulha a Brasília e desta á sua atuação na Europa Pampulha foi o ponto de encontro de Niemeyer, a ideia que desencadeou toda sua nova forma de arquitetar. De 1939 a 76, a forma plástica predominou, sem interferir na função uma de suas brigas com a crítica desde que abandonou o funcionalismo arquitetônico. Esta exposição é a didática e contestatória como sempre o foi Oscar Niemeyer, o arquiteto.

                  ADA EXPONDO NA PANORAMA

Tive dupla satisfação em reencontrar a pintora Ada, que alguns anos não via, e de sentir através de seus trabalhos expostos na Galeria Panorama, o seu desenvolvimento pictórico.
Seus trabalhos hoje podem figurar em qualquer coleção particular ou mesmo em museus importantes tal a qualidade. A criança continua exercendo influência marcante em seu traço forte, onde as figuras em movimentos refletem a sua ligação com a nossa gente. É o pequeno jornaleiro, o vaqueiro, o músico e assim por diante. Todas essas figuras importantes a comunidade estão representadas em suas telas dentro de um lirismo e de belas composições, onde destaco o equilíbrio das formas e as distorções propositais. Ada tem assim progredido, guardando sua linha mestre que á a criança como temática mais presente em suas telas.

              ARTISTAS PLÁSTICOS REALIZAM 1º ENCONTRO

Com o principal objetivo de abrir um debate livre e em âmbito nacional sobre a condição social e profissional do artista plástico, será realizado, no período de 26 a 29 de novembro, o 1º Encontro Nacional de Artistas Plásticos Profissionais, no auditório da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
As reuniões preparatórias do Conselho foram realizadas no Parque Lage, nos dias 11 e 25 de setembro. E nos dias 9 e 23 de outubro, no horário das 19 horas as reuniões terão continuidade. O encontro terá o apoio da Funarte, do Departamento de Cultura do Estado do Rio, da Riotur e da Fundação-Rio.
Os artistas interessados devem confirmar sua participação enviando á ABAPP, até o dia 20 de novembro, a ata da Assembléia Geral dos Artistas de seu estado. O endereço para correspondência é: Secretaria Geral do 1º ENAPP- Associação Brasileira de Artistas Plásticos profissionais- Caixa Postal 34048- Rio de Janeiro -RJ.

TEMÁRIO
A produção artística em relação ao mercado de arte e às instituições culturais, o ensino e a crítica de arte, e a discussão dos estatutos de sua entidade de classe nacional são os principais temas que serão debatidos entre os participantes do encontro.
O 1º ENAPP obedecerá a um calendário que prevê grupos de trabalho para discutir cada item do temário. As noites serão reservadas para apresentações de trabalhos individuais, conferências ou filmes previamente inscritos.
De acordo com a Circular distribuída pela ABAPP, cada delegação terá como peso de voto nas plenárias do 1º ENAPP, o equivalente a 10% dos participantes que os elegeram na assembléia de seu estado. As delegações não poderão ter mais de cinco representantes. Somente os delegados eleitos nas assembeias estaduais terão direito a voto nas decisões do encontro, porém qualquer pessoa presente às reuniões plenárias terá direito à palavra.


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