sexta-feira, 15 de março de 2013

A PLASTICIDADE DA DECORAÇÃO DO CARNAVAL -06 DE JANEIRO DE 1979


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 06 DE JANEIRO DE 1979

A PLASTICIDADE DA DECORAÇÃO DO CARNAVAL

Este elemento é o maior e ficará instalado na Praça Castro Alves, grande palco da festa Momesca 
A originalidade, plasticidade, custo e conteúdo foram os pontos que levaram a comissão, encarregada da escolha do projeto que servirá na decoração do próximo carnaval baiano, a escolher por unanimidade o projeto Afoxé, de autoria de Edy Star. Os dois outros concorrentes pecaram pela repetição de elementos e figurações, já conhecidas, e mesmo repetitivas de carnavais passados. Não se interessam em dar aquele toque de originalidade e mais descontraído. Por outro lado ao número de elementos e a disposição de muitos deles pela Rua Carlos Gomes e também no Campo Grande somaram ainda pontos para o projeto vencedor, já que cobria todo o circuito que é feito pelos foliões durante o reinado de Momo.
Acredito que este ano teremos uma decoração á altura do carnaval baiano, que aos poucos vem conseguindo uma liderança no país, no que diz respeito à participação. No Rio de Janeiro o carnaval é mais dos desfiles grandiosos e de visualização, enquanto aqui brincamos e lá eles assistem aos privilegiados dançar e desfilar.

Vemos  algumas torres e pingentes que enfeitarão as ruas
Além do mais, este ano os Filhos de Ghandi, que é o mais importante afoxé da Bahia, está comemorando 30 anos de fundado e será homenageado inclusive pelo maior bloco, o Apaches do Tororó. Os Filhos de Ghandi vão ainda desfilar no cortejo de Oxalá, pela primeira vez, enriquecendo a Lavagem do Bonfim. Mas o que interessa é este projeto que tem toda uma força plástica e inclusive estará usando materiais, antes ausentes da decoração de carnaval, como o sisal, sarrafo de pinho, saco de linhagem e grandes bolas de isopor, que vão embelezar mais ainda os pingentes.
A meu ver, quem for executar o projeto deve dar maior força á temática Afoxé, o que poderá ser atendido se as figuras das torres forem feitas aproveitando figuras ligadas ao candomblé, porque o Afoxé nada mais é do que a presença dessas pessoas no carnaval. Em vez daquelas figuras estilizadas (máscaras), poderiam ser pintadas, nas torres, outras, mais ligadas a esta temática, que é forte e cheia de conteúdo. Isto inclusive foi levantado, durante o julgamento, por Augusto César Lacerda, que integrou a comissão de escolha do projeto.
O projeto está orçado em 3 milhões e 92 mil cruzeiros a sua execução, e constará de 282 peças, sendo que um elemento terá 10 metros, que ficará instalado na Praça Castro Alves. Este elemento terá mais de uma centena de lâmpadas, que funcionarão em movimento contínuo.
No alto ficará uma alegoria de figuras em silhuetas pintadas em cores fortes. É um elemento alto, e as pessoas poderão transitar tranquilamente por baixo da estrutura, que ficará colocada nas imediações do prédio da antiga Secretaria da Agricultura. Outro elemento importante ficará na Praça Municipal. Haverá um total de 56 torres e 223 pingentes. Na Carlos Gomes ficarão 30 pingentes (estruturas) e no Campo Grande várias torres e 24 pingentes. Serão instalados seis corretos fixos e seis quiosques.
A comissão que escolheu o projeto foi formada por Luiz Macedo Costa (presidente) Consuelo Ponde, Ivo Vellame, Mário Calmon, Tati Moreno, Augusto César Lacerda e por mim.
Dois pingentes, um trio fixo e um quiosque.                                                 Este elemento ficará na Praça  Municipal


 
                                                                                                                



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