JORNAL A TARDE, SALVADOR, 29 DE DEZEMBRO DE 1979
AMAZÔNIA É O PULMÃO DO MUNDO
Percorrendo os inúmeros rios que cortam a Amazônia, fotografando, entrevistando os ribeirinhos, vendo com seus próprios olhos a brutal devastação que se está processando em todo o vale, Moacir Andrade enfeixou em seu livro Amazônia, Pulmão do Mundo até Quando? Um documentário terrível da realidade amazônica.
Como
um monge, vestindo roupas simples adquiridas na Zona Franca de Manaus,
Amazonas, portanto um eterno sorriso, calçando sandálias de couro cru,
visitando as longínquas cidades daquela floresta tropical, onde distribui
roupas, remédios, alimentos e ferramentas compradas com a venda de seus
quadros, dando aulas de desenho, pintura, escultura e entalhe em madeira ás
crianças pobres, indígenas, expulsas de suas terras, lutando, permanentemente,
em defesa dos monumentos históricos e artísticos e principalmente da natureza
amazônica agora brutalmente agredida por
grileiros internacionais milionários, Moacir Andrade é hoje um homem conhecido
em todo o país.
Nativo
do Amazonas, nascido no beirão do Rio Negro, Município de Manaus, e criado no
seio do povo cabocio na Cidade de Manacapuru, no coração da floresta amazônica,
acostumou-se a ouvir e conviver com as estórias, os costumes, os hábitos e as
tradições do povo índio seu ascendente. Por isso e por tudo, Moacir Andrade
revelou-se um telúrico, o artista da Amazônia e seu grande defensor.
Suas
palestras, aulas, conferências, suas crônicas, seus livros e sobretudo suas
pinturas, são além de um belo, apelo dramático, e um verdadeiro documentário
cultural do cotidiano daquela área que ele recria com alma e com magia das
cores que manipula magistralmente.
Laureado
com prêmios no Brasil e em países da Europa e da América, suas telas fazem parte
do espólio de importantes museus nacionais, estrangeiros e colecionadores
particulares.
Seu
atelier à Rua Comendador Alexandre Amorim em Manaus, é ponto obrigatório de
visitantes ilustres.
Há
cinqüenta e dois anos vive metido, solitariamente, no coração da Floresta
Amazônica, pintando, e escrevendo os mistérios, os dramas e todo um processo
criminoso que envolvem as comunidades indígenas agora em pleno curso de
extinção, Moacir Andrade tem lutado muito em favor da preservação da natureza
amazônica.
Vestido
de homem sanduíche, visitou mais de vinte capitais brasileiras, denunciando a
invasão daquela monumental e portentosa área brasileira pelas multinacionais
que estão devastando impiedosamente suas florestas e massacrando os silvícolas
que antes viviam, tranqüilamente, em suas terras num verdadeiro e harmonioso
equilíbrio ecológico. A extinção do aborígene brasileiro é um fato assombroso:
segundo Joaquim Molano Campuzano, só na
década de 1960 se calcula a população indígena em entre 68.100 e 99.700 de pessoas.
Alguns
especialistas brasileiros afirmam que ultimamente, organismos internacionais
como a USAID e a ALCOA, estão adquirindo extensas zonas amazônicas ocupadas
pelos remanescentes indígenas. Pergunta-se, há alguma coisa por trás disso?
Existem
grandes latifúndios com 200.000
a 600.000 hectares , os quais foram entregues a
magnatas milionários e a companhias multinacionais com empréstimo do Banco
Mundial, da USAID e da ALCOA, em terras ocupadas pelas tribos indígenas que
compreendem aldeias, reservas, parques nacionais etc. Um dos graves e
contundentes documentos que denuncia o assassino do índio brasileiro é a carta de
José Estasio Rivera, autor da imortal vorágine, dirigida a Mr. Henry Ford I,
fundador da Fordlândia na Amazônia que
diz:por infelicidade Mr. Henry Ford vai colonizar as selvas quando elas estão
quase desertas. Mais de trinta mil índios foram exterminados no vale do
Putumaio trabalhando nos seringais, sob o jugo do látego, do garrote, e da
castração.
ARTE
GEOMÉTRICA NA GALERIA PORTAL
O
movimento da pintura concretista e da op art em São Paulo , que na
opinião de críticos, como Mário Schemberg, aumentou sua atividade nos últimos
anos, acaba expor obras de Amanda Sobel,
norte-americana radicada há três anos no Brasil, que mostrará seus trabalhos
pela primeira vez, a partir do próximo dia 8,
na Galeria Portal (Rua Augusta, 1961).
A
sua contribuição para o desenvolvimento do geometrismo, uma rígida escola da
arte abstrata, é a utilização das cores em degradés, com grande perícia técnica
e notável sensibilidade, que, na visão do pintor e arquiteto Antônio Augusto
Marx, conhecedor do trabalho da artista, criam uma harmonia dinâmica, quase
musical, que leva o observador a uma emoção maior.
FORMAÇÃO
ARTÍSTICA
Dois
dos mais conhecidos ilustradores dos Estados Unidos, Jon Nielsen e Alton Tobi,
professores da Parkinson School of Design, de New York, foram os primeiros
professores de Amanda Sobel, ensinando-lhe a rígida disciplina do desenho.
A
sua formação universitária voltou-se inteiramente para o campo das artes, no
Franklin Pierce College, onde ela pode tomar conhecimento com todas formas de
manifestações artísticas, suas escolas e suas tendências. Foi a base técnica
que para os críticos, faz com que, mesmo tempo, de grande maturidade.
A
DESCOBERTA DO GEOMETRISMO
A Neue Gestalt de Mondrian, em termos
universais, e o geometrismo de Frank Stella, nos Estados Unidos, são apontados
por ela como as primeiras influências em sua pintura.
Mas,
antes de mais nada, uma profunda relação pessoal de Amanda com a natureza,
levaram-na ao construtivismo geométrico.
Suas
pesquisas de campo, em Geologia, deram-lhe o fascínio das linhas de
superposição das diversas camadas do solo, a sua continuidade e exatidão,
criando espaços de grande densidade para o observador. Foram um complemento
para a sensação ótica que a paisagem de edifícios de New York, lhe deram na
adolescência.
Amanda
acredita que sua pintura teria a mesma rigidez do geometrismo norte-americano,
se não tivesse passado muito anos em contato com a exuberância e tropicalismo
da natureza da flórida, onde sua família, posteriormente, fixou residência. O
mar, principalmente, trouxe-lhe a visão da função das cores, como fator
atenuante da severidade do geometrismo. O degradé oceânico, da linha da praia á
linha do horizonte, está presente em sua obra.
DESENHOS
DE PORTINARI SÃO EXPOSTOS
Entre
os desenhos que o pintor tirou da infância de seusmedos e saudades, segundo
explicou Antônio Callado, porque foi assim que Portinari me dedicou esta Diabo,
desenho a nanquim medindo 32cmx25cm, mostrando a imagem que o pintor tinha do
demônio ainda quando criança. Em Vaqueiro na Praça de Brodósqui, desenho a
nanquim, Portinari lembra-se mais uma vez, de sua cidade da infância e desenha,
ao fundo, sua casa.
Menino
Jesus da Capela de Batatais foi feito, ainda segundo o escritor, em traços
leves e estéreos, como convinha a imagem, o desenho mede 25,3x21,6 e é mais um
estudo que será exposto, juntamente com Jesus crucificado cercado por anjos,
estudo para mosaico, medindo 25,3x21,6.
Meninos
soltando pipa, guache, é uma referência ás manhãs de Brodósqui, frias apenas do
sereno que madrugava na Casca das frutas, contou Portinari.
Na
sua fase de estudos para grandes painéis, será exposto Descobrimento do Brasil,
desenho a lápis medindo 100cmx80cm, a
maior das telas de Portinari na exposição e a mais cara.
Ela
foi avaliada em 600 mil cruzeiros.
Em
A descoberta de Ouro Preto, Antônio Callado deduziu ser a fundação da referida
cidade, em Minas Gerais.
Portinari já havia morrido e não explicou ao amigo o desenho
que mostra um garimpeiro em atividade. Carregadores de Café e Colheita de
Bananas pertencem á década de 40 e Figura de homem é uma litografia.
Estudo
para painel em azulejos, foi o único dos estudos da coleção de Callado a ser
realizado, tendo como local uma residência em São Paulo.
Entre
as recordações da infância de Portinari, que será mostrada através de seus
desenhos, na exposição, Antônio Callado lembra que talvez o maior dos temores
do pintor, nos anos de imaginação fértil que só a infância é dona, tenha sido o
demônio. O artista não pode se furtar à pressão dos deuses familiares nem
Portinari escapou completamente, como demonstra em seu Diabo.
MORRE INCENTIVADORA DAS ARTES PEGGY GUGGENHEIM
A grande filântropa Peggy Guggenheim em Veneza Foto Google |
Guggenheim morreu entre suas fabulosas obras de arte na sua casa, o palácio Vernier Del
Leoni, do século dezoito.
Guggenheim herdou 450 mil dólares 19.138.500 cruzeiros do seu pai, que morreu no naufrágio
do Titânica, e mudou-se em seguida para Paris e depois para Londres, onde
iniciou sua fabulosa coleção de arte antes da Segunda guerra Mundial.
Diz-se
que durante a guerra ela comprava um quadro por dia de seus amigos franceses
para deixá-los contente. Ainda durante a guerra, descobriu Jackson Pollack e
Marc Ernst, com quem se casou, depois de se divorciar do pintor Lawrence Vail.
EM
1966, Guggenheim viajou para Nova Iorque para expor parte de sua coleção no
Museu Guggenheim
. As obras valiam cerca de 10 milhões de dólares e representavam somente parte da coleção.
. As obras valiam cerca de 10 milhões de dólares e representavam somente parte da coleção.