domingo, 13 de janeiro de 2013

UMA EXPOSIÇÃO DE DOIS MESTRES DA ÁUSTRIA - 22 DE JUNHO DE 1980


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 22 DE JUNHO DE 1980

UMA EXPOSIÇÃO DE DOIS MESTRES DA ÁUSTRIA

Estudo da Mulher Em Estado Flutuante,
de Gustav Klimt
No dia 1º de julho na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, será inaugurara a exposição de 25 fac-símiles de obras do pintor austríaco Gustav Klimt e 55  de Egon Schiele, integrando o Festival de Arte da Bahia.
Ambos falecidos em 1918, eles representam um pouco da cultura e da história do seu país. São artistas cujas obras estão consagradas em toda Áustria. Klimt é o mais festejado e dá em sua obra forma a todo o esplendor. É a perfeição triunfal da arte pictórica de um mundo de nobreza e grandeza social, um mundo de desaparecimento, que declina até o seu crepúsculo.
Todos os críticos são unânimes em afirmar que Klimt tem uma obra rica em qualidade estética até os últimos limites de sublimação, sempre na esperança, que no final resultará uma esperança vá que poderá realizar-se na pintura uma nova formação do homem por meio da mais alta graduação espiritual e o cultivo de meios artísticos.
Diretamente ligada a esse esforço esteve a criação da Wiener Werkstate (Oficina Vienense), na convicção, que o ideal da dignidade humana não pode era alcançado senão pelo afã criativo de uma esfera elevada, de acordo com o ambiente.
“Klimt nos permite perceber toda a beleza e emanação enigmática dos seres femininos, que envolve a mulher desde a flor do sensível vigor da juventude até o estágio da grande dama nobre da sociedade vienense”, que poderá ser transportada para qualquer outro país.
Duas Meninas Pequenas, de
Egon Schiele
Enquanto isto Schiele estava preocupado com outro mundo apresentando uma visão completamente diferente de Klimt. Sua arte não é fascinada pelo erotismo vulgar ou demoníaco,  que em tudo penetra, mas sim descobre a criação, o tormento sexual de um desejo físico.
Uma outra liberdade de sentir e fazer arte.
Esta exposição de obras de Klimt e Schiele vem assim enriquecer o Festival de Arte da Bahia e proporcionar aos baianos um contato com uma arte feita num país civilizado, do qual muita gente não tem muitas informações. Tem assim a virtude da mensagem da Áustria, um testemunho de sua cultura e de sua gente, além de demonstrar para nós o verdadeiro papel de um museu como Albertina que serve a sua própria finalidade. Vejo o museu não como uma coisa estática, mas ao contrário, dinâmica.
O museu não é um amontoado de coisas velhas e intocáveis ou objetos históricos, mas sim deve impulsionar as manifestações artísticas, participar dessas manifestações e contribuir sistematicamente para o alargamento dos horizontes espirituais, nos quais o tempo e o acontecimento se unem para  formar um conhecimento mais elevado.
Tanto os desenhos de Gustav Klimt como as aquarelas e desenhos de Egon Schiele pertencem às obras que se encontram no salão de estudos da Albertina entre as mais solicitadas para uma observação profunda. Elas representam uma parte do acervo do museu. Devido a impossibilidade de enviar para o exterior os originais, pois os custos seriam altíssimos, a Albertina nos presenteia com belos fac-símiles. Sabemos que o fac-símile vem do Latim e significa fazer parecido, e estas reproduções são de alta qualidade e resultado de um processo muito complexo onde foi levado em consideração o tamanho da obra, cor e tipo de papel. E como novidade poderia dizer que foi possível graças a técnica “collotipo” desenvolvida em Viena com base na topografia. Segundo nos informa o diretor da Albertina, Walter Koschatzky, a excelente qualidade das impressões proporciona a um grande público a contemplação e o conhecimento dos tesouros artísticos de um inestimável valor histórico e artístico, que se encontram guardados naquele museu.

MUSEU DE ARTE MODERNA DE SÃO PAULO

O Museu de Arte Moderna de São Paulo modificou a organização da Mostra Panorama por proposta da Comissão de Arte da referida instituição, aprovada, também, pela diretoria. Como novidade, desta feita, não haverá apenas artistas convidados. Todos que desejarem participar da Panorama/80 podem inscrever-se, mas, é bom ficar sabendo que haverá uma seleção prévia, para eliminar aqueles que ainda não têm condições de integrar uma mostra de tamanha envergadura.
A Panorama/80 será formada de trabalhos de artistas nos gêneros desenho e gravura e cada um exporá, no máximo, três trabalhos. Serão conferidos quatro prêmios no total de CR$400 mil cruzeiros. Eis o regulamento, na íntegra, para conhecimento interessados:
Artigo 1º- A Panorama de Arte Atual Brasileira, exposição organizada pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo, na capital do estado, reúne obras contemporâneas, de alto nível, de artistas de todo o Brasil, a fim de possibilitar uma ampla visão de arte brasileira.
Parágrafo 1.º- Em 1980 a Panorama explora desenho e gravura.
Parágrafo  2.º- A exposição durará 60 dias, aproximadamente.
Artigo 2.º- O MAM poderá, eventualmente, promover a exposição, integral ou parcial, da Panorama em outras localidades do país.
Artigo 3.º-  serão da competência da Comissão de Arte do MAM, os convites aos artistas, a seleção das obras e a premiação. Se julgar necessário, a comissão poderá indicar à diretoria um ou mais nomes para complementar suas funções de julgamento.
Parágrafo único: das decisões da comissão não cabe recurso.
Artigo 4.º- participarão da Panorama, artistas expressamente convidados, brasileiros ou estrangeiros residentes no país há mais de dois anos; e os que se inscreveram, espontaneamente, e tiveram suas obras aceitas.
Parágrafo 1.º- O artista participará, apenas, de um dos gêneros, desenho ou gravura.
Parágrafo 2.º- Cada artista poderá expor, no máximo, três trabalhos, limitado seu espaço a 4m lineares.
Artigo 5.º- Os artistas convidados enviarão as obras, em condições para exposição, até o dia 18 de setembro, impreterivelmente.
Parágrafo único - as despesas de embalagem e transporte correm por conta dos artistas convidados, ficando a reembalagem e a devolução a cargo do MAM, desde que residam os convidados fora dos municípios da grande São Paulo. Não se responsabiliza o MAM, em vendidas, para atender partes das despesas com a exposição.
Artigo 11.º - Serão atribuídos os seguintes prêmios, patrocinados pela Caixa Econômica Federal.

DESENHO:
“Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo”-  CR$ 100.000,00
-Prêmio Caixa Econômica Federal, para artistas de até 35 anos: CR$50.000,00
GRAVURAS:
-“Prêmio Museu de Arte de São Paulo”:
CR$100.000,00
-“Prêmio Caixa Econômica Federal”, para artistas de até 35 anos: CR$50.000,00.
Parágrafo único: Os prêmios são individuais, passando a integrar o acervo do MAM as obras distinguidas com o Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo. As que obtiveram o Prêmio Caixa Econômica Federal serão de propriedade da CEF.
Artigo12.º-  Fica reservado ao artista o direito de não concorrer aos prêmios, desde que o declare por escrito, por ocasião da assinatura da ficha, ou da folha que a substitua, aceitando o convite ou inscrevendo-se para seleção.
Artigo 13.º - A remessa do material solicitado aos convidados e aos inscritos importará na concordância pela com o disposto neste regulamento.
Nota: Endereços: Museu de Arte Moderna de São Paulo
Para remessa de material para catálogo:
Caixa Postal 7.517
São Paulo, SP
Para remessa de obras: Parque Ibirapuera em frente à Bienal
São Paulo, SP

PAINEL

FEIRA DE ARTE
A I Feira de arte dos Empregados da Telebahia, realizada no último dia 16, na sede da empresa, no Cabula, reuniu trabalhos em serigrafia, pintura, música, desenho, dança, escultura, literatura e fotografia de quase 30 participantes, todos empregados da empresa, que tiveram oportunidade de expor as suas potencialidades artísticas.
A I Feira de Arte foi aberta pelo presidente da Telebahia, Sebastião Alpha, seguida da entrega de placas comemorativas especialmente confeccionadas para os artistas participantes, que não concorreram a prêmios.
I TRIENAL DE FOTOGRAFIA
Setenta e um fotógrafos entre profissionais do mais alto nível e amadores de excelente qualidade- estão expondo cerca de 900 fotografias em branco e preto e em cores, com temas os mais variados. Entre os muitos nomes, Acham-se Chico Albuquerque, de Fortaleza; Pierre Verger, de Salvador; Júlio Covello e João Urban, de Curitiba; Kim Ir Zem Pires Real, Milton Guran, ambos de Brasília; Luiz Carlos Felizardo e Ricardo Chaves, de Porto Alegre; George Racz, Roberto Maia, do Rio de Janeiro; e, de São Paulo, Dulde Carneiro, Madalena Schwartz, Júlio Abe Watanaka, Dulce Soares, Hildegard Rosenthal, apenas para mencionar alguns nomes.
A Kodak Brasileira, que está patrocinando este evento na sua totalidade, outorgou, por ocasião da abertura da mostra, seis prêmios aos selecionados pelo júri de premiação-
Prêmio I Trienal de Fotografia do MAM de São Paulo, no valor de CR$ 75.000,00. a Miguel Rio Branco e cinco prêmios aquisição no valor de CR$ 10.000,00 cada a Vera Albuquerque, Carlos Henrique Souto, Ana Helena Mariani, Leonardo Hatanaka e Orlando Brito.

BRASILEIROS EM LONDRES
Londres (BNS)- Artistas público e membros do corpo diplomático latino-americano encheram as dependências da Galeria Hamiltons, em Mayfair, para a abertura da primeira exposição londrina da pintora brasileira Wilma lacerda.
A artista está apresentando 35 telas a óleo, de caráter neo-surrelalista, até o fim deste mês. As influências sofridas por Wilma Lacerda misturam Salvador Dali (que também está expondo em (Londres), a cultura e os mitos indianos e orientais: suas formas femininas se fundem com fundos arquitetônicos, marinhas ou horizontes de alucinação. O Sr. Malcolm Duke, gerente da Hamiltons, disse:
Acredito que ela vai fazer sucesso em Londres. É uma pintura de muita força, seus temas são originais e estamos felizes de poder lançá-la no mundo ocidental.

CLASSE MÉDIA ESTÁ ABERTA A EXPOSIÇÃO

Coletiva de fotos Classe Média Brasileira, na Galeria de Fotografia da Funarte, no Rio de Janeiro. A exposição consta de sessenta e quatro fotos de trinta e nove fotógrafos de todo o Brasil.
A escolher as fotos entre os 315 trabalhos recebidos, a comissão de trabalho, formada pelos fotógrafos José Albano (CE), Juvenal Pereira (MA), Célio Apolinário (MG) Miro (SP) e Zeka Araújo (Coordenador do Núcleo de Fotografia da Funarte), se manifestou da seguinte maneira:
“Sabemos que existe uma multiplicidade de conceitos sobre a classe média e, de início, não havia entre a comissão de trabalho nenhum consenso, a priori, sobre o assunto, que seria limitador das possibilidades de discussão. Ao escolher estas fotos, acreditamos que a exposição poderá contribuir para esse debate a partir de uma linguagem que á própria á fotografia”.
Durante a inauguração da coletiva foi lançado Mostra de Fotografia n.º6, um catálogo que reproduz, integralmente, a exposição. São os seguintes os fotógrafos que têm seus trabalhos expostos na coletiva Classe Média Brasileira: Américo Vermelho, Ana Regina Nogueira, Antônio Saggese, Hilton Ribeiro, Benjamin Rapson, Beto Felício, Carlos Agra, Carlos Roberto Oliveira Araújo da Silva, Celso Guimarães, Claude Santos, Denis A. H. Carriére, Heitor Magaldi Filho, Jafet Nacle Vieira, João Bosco, João Carlos Otta, José Guilherme C. Oliveira, José Roberto Cecato, Luiz Alberto Zuñiga.
E mais: Luiz Claudio Marigo, Luis Humberto, Marcelo Lartigue, Mário Barata, Maurício Simonetti, Nair Benedicto, Milton Montenegro, Paulo Rubens Fonseca, Pedro Agilson, René Victor Liviano, Ricardo Gakiya Kanashiro, Ricardo Malta, Rogério Reis, Rômulo A. Campos, Rosa Alice Almeida de Salles, Sérgio Nascimento Araújo, Sérgio Ebragia, Wagner Avancini, Walter Carvalho e Walter Ghelman.
A Galeria de Fotografia da Funarte fica na Rua Araújo Porto Alegre, 80, centro, aberta de 2.ª a 6.ª centro, aberta de 2.ª a 6º feira, das 10 ás 18 horas. A exposição permanecerá até o dia 11 de julho. 


A CHARGE DE NAILTON

Nailton é um jovem artista que vem trabalhando em arte-final e montagem nos jornais da Cidade para sobreviver, até que surja uma chance onde possa mostrar seu verdadeiro talento.É um batalhador incansável e, agora mesmo, está ultimando os trabalhos gráficos para lançar um livro de poemas. É um artista nato, que pinta, inclusive a óleo, trabalhos de qualidade. Publico esta charge pela sua qualidade e também para que os leitores desta coluna tomem conhecimento do talento de Nailton.





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