sexta-feira, 9 de novembro de 2012

CARLO BARBOSA VAI EXPOR DIA 11 NO MUSEU DE ARTE - 08 DE SETEMBRO DE 1986


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 08 DE SETEMBRO DE 1986.

CARLO BARBOSA VAI EXPOR DIA 11 NO MUSEU DE ARTE

O artista Carlo Barbosa tendo ao fundo duas  obras que estarão expostas em sua nova  individual.

A partir do dia 11, Carlo Barbosa, artista feirense, estará expondo seus últimos trabalhos no Museu de Arte da Bahia. São pinturas e desenhos, frutos de sua experiência em outras praças. Em Feira de Santana, para onde retornou, numa reintegração às suas origens, ele parece disposto a contribuir para o crescimento cultural de sua cidade, porém encontra-se tolhido de enriquecer o patrimônio artístico pelas injunções, pelos boicotes e barreiras que são colocadas à sua frente.
Revela que vive constantemente reavaliando o seu trabalho, confiante que o próprio ato de criar seja forte e capaz de refletir nas cabeças dos insensatos. Nesses trabalhos que vai expor a temática é livre e o enfoque característico do nosso século.
Quem conhece os trabalhos de Carlo Barbosa sente a sua capacidade criadora e a pulsação das cores como verdadeiros instrumentos que vão soltando suas notas musicais numa harmonia celestial. Neste conjunto de emoções nos transportamos para espaços terrestres e não terrestres, onde a sensibilidade se faz cada vez mais presente. Esta inquietação de Carlo Barbosa acontece exatamente porque ele deseja que haja uma decodificação das suas mensagens, independente do envolvimento político ou partidário.
Carlo que falar aos concidadãos de sua terra e arredores, mas precisa de espaço para que assim possa apresentar as suas mensagens, as quais não podem e não devem passar despercebidas.
Diria que o artista de modo geral é um visionário. Não um visionário perdido no tempo, mas aquele que vê longe. Que alcança os Horizontes antes de nós, nos seres acostumados a andar e vir pelos mesmos caminhos. E neste papel inovador do artista ele encontra barreiras, falta de entendimento e situações que dificultam a sua trajetória, mas que quase sempre são vencidos, principalmente de sua arte é verdadeira. Carlo Barbosa tem consciência da qualidade da sua obra, é por isto que às vezes inquieta-se. Que ele continue deixando que as emoções transformem-se em manchas e traços e se desdobrem em mensagem plásticas.

LIANE KATSUKI NA EUROPA MOSTRANDO SUA PRODUÇÃO


“De repente começo a colher os bons frutos, semeados com muito suor no ano que passou”, assim minha amiga Liane Katsuki começa sua carta escrita de Emmen, (Holanda) onde está. Ela fala de seu trabalho lá fora e de sua dedicação durante quatro meses para uma exposição que realiza na Alemanha. Destra mostra sete brasileiros participam, sendo que apenas dois deles não viveram na Europa. A exposição consta de trabalhos de música, dança e artes plásticas. É um evento significativo onde ela pode mostrar suas jóias, esculturas e objetos. A artista Liane Katsuki envolvida com sua arte múltipla e criativa.
Ela revela que não quis perder esta oportunidade de estar vivendo este período na Europa, e, somente mostrar sua forma de expressão em arte, através das jóias. Todo o ano passado expôs as jóias. E, segundo ela seria injusto que não apresentasse aos europeus que uma artista brasileira, mais especificamente de Entre Rios, interior da Bahia, tem muita coisa a mostrar. Daí falar da presença das esculturas e objetos de maior porte feitos em resina de poliéster, fibra de vidro e metais.
Fora esta exposição em Amsterdã, está mostrando desenhos em pastel e aquarela. Portanto, a sua ida à Europa está sendo gratificante e tem recebido elogios da crítica, principalmente, sobre a força das linhas e cores fortes, tão características nos artistas brasileiros. Diz ainda que vê esta observação da crítica com certo orgulho e que nós brasileiros “estamos disputando em igualdade de condições que os artistas daqui”.
Ela recebeu também uma proposta de trabalho para uma igreja de linhas modernas .A igreja funcionará como creche , oficinas de arte e um café-concerto , além do próprio templo de orações. Para esta igreja “De Bronque”, que significa a fonte,ela fará sete janelas e duas portas de vidros com técnica de jateamento de areia e a cores, com as dimensões de 2,80 X 0,95cm.
Esta igreja conta Liane está sendo construída pelos moradores da cidade que deixam seus Mercedez e Citroens, último modelos estacionados num terreno em frente ao futuro templo, enquanto lá dentro eles carregam areia, pedras e pagam nas pás e enxadas.
Realmente isto visto daqui é difícil entender porque o brasileiro de modo geral não tem este desprendimento. Esta lição de humildade é muito interessante especialmente para os jovens que iniciam, e de repente já estão com o “rei” na barriga querendo que os espaços se abram, que a crítica corra atrás deles e assim por diante.
Agora em setembro Liane vai apresentar uma mostra intitulada de Espelho, numa fábrica de vidros chamada Vidros Zicco , no show room para decoradores, arquitetos e empresas de construção. Em novembro vai expor juntamente com mais 29  artistas no IV Salão Arts, Objects, Et Matieres , no Castelo de Maison Laffitte, em Paris, onde mostrará suas jóias e esculturas. Finalmente em dezembro tem outra exposição programada em Haia, portanto, a nossa Liane Katsuki está trabalhando como uma desesperada para atender todos esses compromissos, mas não esquece de enviar uma carta a seus amigos, informando de suas atividades na Europa. Daqui a gente fica feliz e contente em saber que uma artista baiana está na batalha firme e que os convites que recebe já demonstram que começa a ganhgar os espaços que merece.

A SEGUNDA INDIVIDUAL DE ABELLEIRA SERÁ EM MINAS

O artista plástico baiano, Roberto Abelleira vivendo a expectativa da sua segunda exposição individual fora do nosso Estado, com a inauguração no dia 8 de setembro, em belo Horizonte, na Galeria Teleming dos seus mais recentes trabalhos, após o sucesso obtido em julho em Brasília. Roberto Abelleira marca, desta forma mais um ponto decisivo na sua carreira pelo mundo das artes plásticas. Sendo a sua segunda exposição individual fora do estado, é, segundo o artista, “muito importante pelo que ela pode gerar de expectativa e fomentar o interesse nacional mais crítico à minha arte”.
Em Salvador, Abelleira já não é, a rigor, um iniciante. Com esta, ele completa cinco exposições individuais além de já ter participado de várias coletivas que vieram enriquecer o seu currículo de premiações.
Nesta tela o sensualismo de Abelleira.
Em 1983, arrebatava a Medalha de Bronze, no I Salão Nacional de Artes Plásticas Presciliano Silva, em Salvador. No ano seguinte, conquistaria duas Medalhas de Ouro por sua participação no II Salão Presciliano Silva ee no II Salão de Artes Plásticas Genaro de Carvalho, ambos realizados em Salvador.

SUTILEZA E SENSUALIDADE

Desde que começou a pintar, Abelleiri sempre teve uma forte inclinação em captar em suas telas o mágico e mistérios mundo da sensualidade. Às vezes ele parece aproximar-se do erótico, mas rejeita esta conotação, porque “eu acho que o que faço é transmitir para as minhas telas este clima de sutileza que paira sobre as emoções da sensualidade humana”.O artista para aliviar esta interpretação erótica de suas telas, trabalha com a sensibilidade do contraste da luz com a sombra, “buscando penetrar no íntimo dos olhos de minhas musas inspiradoras”.
Abelleira usa a pintura como forma de expressão artística e dentro da pintura, chega às pessoas, através do realismo. Pinta a figura humana e procurar dar a ela característica pessoal, deixando a sua marca nos trabalhos que realiza.
O artista capta a imagem a partir da fotografia e, interpreta seus personagens e trabalha cada pincelada de acordo com as conclusões que consegue absorver. Através da cor, Abelleira forma a atmosfera do trabalho, e ai bem claro a sua distância do hiperreal sem uma expressão maior. O pintor busca exatamente o sentimento. O seu realismo tem uma carga de dramaticidade. É bem perceptível no seu trabalho que o ato de executar uma pintura perfeita não é o mais importante. A sua  meta maior é a emoção, é o sentimento interior. Na longa jornada que Abelleira ainda tem pela frente, temos certeza da sua chegada a um porto seguro.


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