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Leonel Mattos com autorretrato que expôs na galeria do Acbeu na mostra Gaveta de Memória, em 1998. |
Vamos
conhecer mais um pouco a partir de agora um dos artistas mais talentosos, inquietos,
criativos e produtivos que já conheci e talvez o que mais tive oportunidade de acompanhar sua trajetória artística. Seu nome é Leonel Rocha Mattos ou
simplesmente Leonel Mattos que demonstra nos primeiros instantes da nossa
conversa uma disposição em contar sua história sem rodeios ou restrições a ponto de querer com a
espontaneidade característica de sua formação e personalidade conduzir a entrevista. Foi graças a este seu jeito de ser que vem superando problemas e tragédias que surgiram e surgem em sua vida. Conhecedor do personagem e sendo um velho jornalista propositadamente marquei a
entrevista fora do seu ambiente de trabalho e fomos conversar em minha casa
para que assim pudesse entrevistá-lo com mais tranquilidade. O Leonel Mattos
com seu temperamento impulsivo é também um dos artistas baianos mais presentes
nas redes sociais onde sempre está postando as visitas ao seu novo ateliê no
bairro da Saúde, em Salvador, suas andanças por exposições, e eventos que promoveu como o Circuitos de Arte e Moda no Shopping Salvador com várias edições e o Circuito Cultural Carmo e Santo Antônio , em 2014, suas idas às praias,
restaurantes e outros eventos que comparece. Às vezes alguns acham exagerada
esta exposição, mas tudo isto é fruto de um impulso quase incontrolável desta
criatura que está sempre disposto a ajudar os colegas, a imaginar formas de
enaltecer o trabalho de alguém ou mesmo acolher como fez com o Jayme Fygura que
pintou por um bom tempo em seus ateliês nos bairros do Carmo, Amaralina e depois na
Saúde, usando suas tintas e pincéis, e ainda conseguiu a venda de um lote de
obras para um galerista em São Paulo que o possibilitou a comprar e mobiliar
uma casa no bairro de Castelo Branco, em Salvador. Infelizmente o Jayme veio a
falecer de um enfarte quase fulminante. Quando Leonel Mattos me ligou para
falar desta triste ocorrência passei a me preocupar com ele, porque estava
inconsolável e corria até mesmo risco de enfartar. É sempre fácil, e ao mesmo
tempo ruim julgar e criticar as pessoas por seus atos externos e aparentes. É preciso
conhecer melhor a pessoas e verá sempre coisas muito positivas que estão por trás de cada indivíduo, de cada artista.
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Leonel no ateliê do bairro da Saúde,2023. |
Leonel Mattos é um artista que vem evolundo e melhorando a cada dia sua pintura, tem uma produção
contínua e de qualidade, com personalidade pictórica conhecida aqui e em outros
estados. Já ganhou vários prêmios e fez várias exposições individuais e coletivas,
participou de salões na Bahia e no sul do país. Fez muitas intervenções em Salvador
e até mesmo em Feira de Santana sozinho e com outros colegas. Está sempre
atento ao que ocorre não só no Brasil como no exterior. Sua mãe cunhou a frase que resume o seu jeito de ser: “o Leonel chega saindo”. Ele mesmo conta que às vezes sente até dificuldade de
parar a si próprio. Nasceu na cidadezinha de Coaraci, no sul da Bahia, em 4 de
fevereiro de 1955 onde seu pai era funcionário da Petrobras e dono do primeiro
cinema da cidade, além de radioamador. Como saiu de lá muito criança não
conhece bem sua terra natal. Sempre teve uma curiosidade pela arte e gostava de
desenhar em seus cadernos de escola e onde encontrasse espaço. Não era afeito
aos estudos, fez o primário na Escola Nossa Senhora da Guia, no bairro da Boa Viagem.
Conviveu com um colega de escola que só lembra do apelido como o chamavam por Serginho, que era filho de um coronel da Polícia Militar da Bahia. Moram muitos
militares naquela região porque ali fica o principal quartel da PM, em
Salvador. Juntamente com o colega ficavam desenhando animais e tudo que surgia
de interessante. Fez seu primeiro ateliê ainda criança num apartamento onde
morava na Rua Pirai, no bairro do Bonfim.
SUAS
HISTÓRIAS
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Leonel recebendo o Prêmio das mãos de Pietro Maria Bardi, diretor do Masp, no Salão de Pintura Jovem da Pirelli, 1987. |
Disse que
nasceu em casa e quem fez o parto foi seu padrinho Gilson e que no momento do
parto entraram alguns bois na sua casa causando um reboliço. Lembro que era
comum nas cidades do interior animais soltos nas ruas. Em Ribeira do Pombal na
minha infância muitos animais ficavam soltos comendo nas ruas especialmente nos
lixões que se espalhavam pelos fundos das casas. Eram jumentos, cavalos, bois,
ovelhas, porcos e galinhas. Certa ocasião o prefeito mandou recolher os porcos e como não
obedeceram a ordem que era fruto de uma recomendação sanitária do médico local o alcaide resolveu mandar atirar nos porcos que estivessem soltos. Deu uma
confusão danada! Certa vez um jegue no cio entrou perseguindo uma jega na missa
que o padre Hildebrando estava celebrando na igreja de Santa Tereza. Foi um Deus nos acuda!
Voltando ao Leonel Mattos ele contou ainda que quando sua mãe estava grávida tomou um
choque muito forte no microfone do sistema de rádioamador de seu pai e ela
costumava brincar que ele “não foi parido, foi chocado”, e avisava brincando aos amigos e
conhecidos que não prometessem nada ao Leonel porque ele sempre vai cobrar.
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Foto 1 - Intervenção na igrejinha da Ponta do Humaitá que estava abandonada. Foto 2 - Velório de protesto por mais combate a AIDS. Foto 3- Intervenção em árvores mortas na Cidade, anos 90. Foto 4- Painel no Terminal Marítimo de Mar Grande , década de 80.
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Em
1956 seus pais resolveram vir morar em Salvador e assim foram estabelecer residência
numa casa na Baixa do Fiscal. Tempos depois se transferiram para a Rua Arco
Iris, no bairro da Boa Viagem, aí sua infância foi dividida entre os banhos de
mar, babas e passeios de bicicleta pelas ruas próximas à sua casa. Teve portanto uma infância
normal como a maioria das crianças. Depois foram morar na Rua J. Carlos
Ferreira, também na Boa Viagem. Foi neste período que conheceu o Serginho e
passaram a desenhar e mudou novamente desta vez para a Rua Piraí, no
bairro do Bonfim, foi aí que improvisou um ateliê no quarto e decidiu criar
alguns pintos. Talvez isto tenha influenciado a desenvolver estes elementos
estilizados que alguns confundem com galos. Ele nega peremptoriamente que algum
dia tenha pintado alguma galinha ou galo. Passaram alguns anos nesta rua
quando foi estudar em 1964 no Colégio São Jerônimo, que funcionava defronte a
famosa fábrica de refrigerantes Fratelli Vita, no bairro da Calçada. Foi nesta
época que a Polícia Federal bateu em sua casa e levou alguns livros e outros
objetos pertencentes ao seu pai João Mattos que era da Petrobras e atuava politicamente
contra a ditadura militar. Ele era do MDB e se candidatou a deputado estadual e não foi
eleito, e em 1968 morreu de um enfarto fulminante no Hospital São Jorge. Acima Foto 1- Com Jayme Fygura exibe sua escultura Baiolé, 1998. Foto 2- Pinta uma Iemanjá na Colônia de Pescadores do Rio Vermelho. Foto 3- Pintando com alunos da Escola Sátiro Dias com o tema Paz. Foto 4- Com presos do seu projeto de Pintura na Penitenciária Lemos de Brito.
O PRIMEIRO
QUADRO
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Com tinta óleo pintou a primeira tela em 1971. |
Pintou seu
primeiro quadro em 1971 após visitar uma afilhada de sua mãe chamada Sônia
Sinval, que residia na Ladeira da Fonte Nova. Viu vários quadros pintados
por ela nas paredes e aquilo lhe encantou, especialmente um deles que tinha uma
casinha, solitária, num local alagadiço. Logo depois a tia Dalva Mattos lhe presenteou com umas tintas, pincéis e telas e começou a pintar o que vinha à cabeça. Lembra que um dia foi para a Rua Rio Almada, no bairro da Boa Viagem, onde tinha um casarão abandonado e da janela avistava o mar. Foi quando resolveu pintar este quadro que está aí que foi o primeiro feito em tela. Lembrou da
casinha que a Sônia Sinval havia retratado e desenhou e pintou assim a casinha no quadro. Neste período conheceu o desenhista e pintor Edmundo Simas, o Super
Boy, que era um exímio desenhista que lhe deu muitas dicas importantes.
Já
adolescente disse a minha mãe que iria passar uns dias na ilha de Itaparica na
casa de um parente e na realidade foi para o Rio de Janeiro de carona com um
colega que tinha família que morava lá. Só o irmão mais moço o Fernando Antônio
Mattos,j á falecido, sabia da aventura. Foram de caminhão até Feira de Santana e ao chegar à noitinha pretendiam dormir
num posto de gasolina foi quando o dono do posto os ameaçou: “se estes hippies
tentarem dormir aqui vou colocar gasolina e tocar fogo”. Neste interim apareceram dois carros para
abastecer e diante da ameaça foram pedir carona. Para sorte eram pai e filho que estavam
dirigindo cada um dos carros. Foi o filho que lhes deu carona até Brasília. Ele
ainda os acolheu em sua casa e de lá foram de trem para Belo Horizonte, sempre
pedindo ajuda e carona para viajar. O destino era o Rio de Janeiro e
assim conseguiram chegar. Lá chegando os viajantes se desentenderam e o Leonel ficou sozinho. Conseguiu naquela noite dormir na cozinha de uma pequena pousada, e
quando estava dormindo "veio um gay fritar ovos e quase pisa em mim," conta Leonel Mattos rindo. O jovem deu um
grito e ele tentou acalmar preocupado que o dono da pousada lhe descobrisse e o expulsasse. Pediu
que ficasse calado, e saiu ao amanhecer do dia. Já na noite seguinte teve que dormir na praia de
Copacabana. Eram outros tempos... Confessa ter passado muitas dificuldades e fome. "Resolvi voltar para casa. Fui
até a Rodoviária do Rio e passei a pedir ajuda para vir para |
Obra de 2005 já mostra evolução . |
Salvador. Teve um dos passageiros na Rodoviária que se aborreceu dizendo
que era a segunda vez que ele pedia ajuda. Geralmente davam de um a dois
cruzeiros. Foi então que aborrecido o passageiro lhe deu dez cruzeiros e completou o valor
da passagem. Sentou-se junto de uma senhora que durante o trajeto estava
chupando laranjas e comendo outras guloseimas e ele olhando, até que ela ofereceu e a partir daí dividia
os lanches com ele.
Resolveu retornar aos estudos e foi para o Colégio São
Jerônimo, no bairro da Calçada, estudar Contabilidade, mas na realidade seu interesse
era desenhar e pintar. Veio outra mudança e foram morar na Rua Rio Itapicuru, perto do Forte de
Monte Serrat. Continuou pintando e entalhando e em 1971 participou de uma coletiva na Galeria O Candeeiro. Com o apoio da tia Dalva Mattos que trabalhava na Receita Federal conseguiu realizar em
1974 fiz a primeira individual na Galeria da ESAF, no rall do prédio do
Ministério da Fazenda, no Comércio, em Salvador e teve a apresentação de José
Dirson. Não foi de pintura e sim de entalhes que aprendeu com os entalhadores
Paulo Bahia e Hugo Rios, que residiam no bairro de Roma, em Salvador. Em 1980
fez outra exposição
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Esta obra de 2023 é resultado de muitos anos de pintura num crescimento contínuo. |
desta vez na Galeria Panorama, no Jardim Brasil, no bairro da Barra, em Salvador e eram pinturas primitivas inspiradas na obra do pintor naif
Faróleo. Este artista nos anos 70 vivia no Centro Histórico, em Salvador, e
chamava-se Josaphat Honorário de Santa Cecília, era já um senhor, natural de
Sergipe. Faleceu em 1987 num hospital público
em Aracaju vítima de uma úlcera. Lembro que divulguei na coluna uma exposição
coletiva em 1975 , na Galeria Sereia, no Pelourinho, eram cerca de trinta
artistas, e um deles era o Faróleo, com obras tendo como tema as sereias. Nesta
época o Leonel Mattos vendia seus entalhes e muitos outros artistas, inclusive
o Faróleo mostravam sua arte numa feira que existia no Terreiro de Jesus e que
numa dessas intromissões da administração municipal, resolveu “organizar” a
feira e terminou foi acabando. Ali muitos artistas moradores de área do Centro
Histórico mostravam e viviam da venda de suas obras e objetos de artesanato aos turistas.
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Foto 1- Obra da Gaveta de Memória, no ACBEU. foto 2- Leonel com o casal Vera e Paulo Prado, famosos galeristas paulistas Foto 3-Leonel jovem . Foto 4- Bel Borba, Chico Diabo, Justino Marinho, Sérgio Rabinovitz e Maria das Graças, na Galeria O Cavalete , década de 90. Foto 4- Com o artista Siron Franco e Cleber Gouveia, na Galeria Abaporu, no Pelourinho, década de 90. |
Foi nesta
época em 1974 que decidiu casar-se com a hoje artista Rogéria Mattos. Comprou
uma toalha rendada e uma sandália de couro na feira do Terreiro de Jesus. Da
toalha fez uma bata, colocou uma pena de pavão num chapéu e assim se apresentou
para casar-se na igrejinha da Ponta de Humaitá. Os noivos chegaram numa carroça
puxada por um burro e o celebrante foi o padre Hugo, pároco da igreja. A
recepção foi feita com dois quilos de balas jogadas no estilo galinha gorda. A
noiva estava vestida de cigana e deste casamento nasceu sua filha Rebeca que
mora em São Paulo. Nesta época Leonel
Mattos também fazia impressões em camisas que eram vendidas a um barraqueiro do
Mercado Modelo chamado Bernadino Machado com motivos da Bahia como capoeira, o
casario, puxada de rede e outros desenhos inspirados na cultura popular. Foram
morar em Umburanas, na ilha de Itaparica e lá fez muitos entalhes das placas
indicativas do Hotel Mediterranée que foi um grande sucesso este resort que
recebia turistas de todo o mundo. Com esta encomenda conseguiu construir uma
pequena casa em Mar Grande, na Fonte da Prata def
ronte para o mar. Decidiu fazer um mural no
terminal das lanchas em Mar Grande e pintou muitos quadros inspirados nas
coisas e gente da ilha e contou com a ajuda do prefeito de Vera Cruz Aginoel Aquilino dos Santos (1982-1888). Depois fez um mural no terminal de Bom Despacho no desembarque tendo como suporte placas de Eucatex com 4m x
3m que ficou muito tempo e foi retirado durante uma reforma e não mais o
recolocaram no lugar. Ele não sabe o paradeiro da obra.
SÃO PAULO E
RIO DE JANEIRO
Decidiram
ir morar em São Paulo em 1985 e ficaram durante uns quinze dias numa pousada
procurando uma casa para alugar no bairro do Sumaré. E foi através de d. Helena, que era russa e amiga de sua tia Dalva Mattos que conseguiu alugar uma pequena casa na
Rua Desembargador do Vale e partiram para procurar galerias que pudessem
aceitar o seu trabalho. Algumas nem os recebiam até que o Paulo Prado,
conhecido galerista da Galeria Prado, que sempre apoiou jovens artistas os
recebeu e expôs suas obras. O primeiro prêmio na carreira do Leonel Mattos foi
em 1977 no Festival de Arte de Itapuã recebido das mãos do saudoso Sante
Scaldaferri. Os artistas
Leonel e Rogéria Mattos se inscreveram em vários salões inclusive no Salão de
Pintura Jovem da Pirelli que teve uma participação de cerca de três mil
artistas de todo o Brasil, e tanto Rogéria quanto o Leonel foram premiados e a
exposição foi realizada no Museu de Arte de São Paulo -MASP, sendo que
Rogéria ficou entre os três melhores, segundo o júri especializado. Neste mesmo
ano foi premiado no Prêmio Chandon Arte e Vinho, no Paço das Artes e no VII Salão de Arte de Presidente Prudente, ambos em São Paulo; em
1986 foi premiado na I Bienal Arteoeste de Presidente Prudente, em São Paulo,
com o Prêmio de Aquisição; em 1995 premiado na III Bienal do Recôncavo Baiano,
realizado em São Félix/Cachoeira, com o Prêmio de Aquisição e em 2004 com o
prêmio Braskem de Cultura e Arte com a Caixa Preta, que expôs no MAMB.
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Obra recente onde incluiu rostos de conhecidos. |
Ficou cinco
anos e meio em São Paulo, se separou e foi para Rio de Janeiro . Quando chegou ficou
provisoriamente num apartamento do artista Jadir Freire, que foi para a
Alemanha e lhe cedeu por um tempo. O Jadir também era baiano e já faleceu. Continuou fazendo
suas exposições na Galeria Anna Maria Niemeyer, no Rio de Janeiro; no Museu de
Arte Moderna, no Paraná; no MAMB, e na Galeria O Cavalete, ambos em Salvador;
em 1987 cria o projeto Extremo juntamente com Dina Oliveira, que é paraense;
Ricardo Aprígio, de Pernambuco e Brito Velho, do Rio Grande do Sul, que foi uma
exposição itinerante que percorreu dez estados brasileiros, inclusive teve uma
exposição aqui no Museu de Arte Moderna da Bahia. Logo depois foi convidado
pelo crítico de arte Jacob Klintowitz para participar da 1ª Seleção Helena
Rubinstein no MASP, em São Paulo, e as obras foram mostradas em Paris e em
Bordeaux, na França. Voltou para Salvador e conheceu Indaiara e daí nasceu seu filho Leonel Rocha Mattos Filho, o Leo, já falecido, do qual eu era o padrinho.
GRANDE
REVÉS E SUPEERAÇÃO
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Fazendo escultura de cimento na prisão. |
Em 2000 sua
vida sofreu um revés quando foi preso permanecendo 3,5 anos de reclusão, mas o
Leonel Mattos não parou. Três meses depois que foi preso e sentenciado já dava a volta por cima e passou a
pintar inclusive as portas das celas e a ensinar alguns presos a trabalhar com tintas e pincéis. Quando faltava tinta improvisava com pó de café e continuavam pintando. Passou a
escrever muitas cartas em qualquer papel que encontrasse, inclusive tenho
algumas delas guardadas, onde mostrava toda sua revolta e sua ansiedade e o
desejo de voltar a ser livre. Sou testemunha do empenho e da tenacidade de Isa
Oliveira, com quem viveu 28 anos, sua ex-mulher, que teve um papel fundamental
juntamente com seu irmão mais velho o João Mattos, que sempre procuravam as
pessoas, inclusive a mim, que trabalhava no jornal A Tarde, e na época o
veículo tinha um grande prestígio na sociedade baiana, e assim conseguiram que
algumas reivindicações fossem atendidas. Ele é grato também ao André, da
Bigraf, que fornecia os papéis para desenhar, e quem intermediava tudo isto era
ela e o irmão João. Mesmo preso sua esposa à época conseguiu por exemplo,
vender 173 telas para o Hotel Plaza de Camaçari e isto deu um certo alívio
financeiro.
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O Cristo que integra sua grande obrada Caixa Preta onde conta toda a suatrajetória com com muitas fotos e textos . |
Atualmente
está no seu quarto relacionamento desta vez com Alba Trindade, que também
pinta. É um artista diferenciado, reconhecido aqui e em outros estados brasileiros, inclusive
com apreciação dos principais críticos de arte brasileiros como Geraldo Edson
de Andrade, Olívio Tavares de Araújo, Olney Kruse e Theon Spanudis além dos críticos locais. Já participou de
dezenas de salões, exposições coletivas e mais de vinte individuais em
Salvador; Goiânia em Goiás; Porto Alegre; Brasília; Olinda em Pernambuco;
Belém, no Pará; Recife, em Pernambuco; São Paulo, Capital; Santos, Ribeirão
Preto, Presidente Prudente e Campinas, em São Paulo; Belo Horizonte, em Minas Gerais;
Curitiba, no Paraná, e no Rio de Janeiro. Estas exposições foram anotadas até
2004, deste período para cá tiveram outras que ele deixou de computar. Com a sua capacidade de criar coisas novas e de pintar com entusiasmo de um iniciante Leonel Mattos continuará nos brindando com sua arte singular hoje disputada por colecionadores e galeristas. E tem ainda muita estrada pela frente e coisas a realizar.
EXPOSIÇÕES E PRÊMIOS
COLETIVAS – 1971- Galeria O Candeeiro
Salvador/BA; 1975 - Galerla Rag-Salvador/BA; 1977-
Festival de Arte de ltapuã-Salvador/BA ;1º Salão de Arte, Museu do Carmo
Salvador/BA; Galeria Tereza -Londres/Inglaterra; 1979 .Exposição Cadastro-Museu
de Arte Moderna; Panorama Galeria de Arte --Salvador/BA ;1980 - Panorama
Galeria de Arte-Salvador/BA Galeria de Arte
Salvador/BA;1981- Panorama Salvador/BĄ ;1983 - Galeria de Arte Boulevard - Salvador/BA; IV
Salão de Arte de Assis-São Paulo/SP; Circuito do Nordeste- Museu de Arte da
Bahia Salvador/BA; 1984 - Leonel Mattos e Rogéria Mattos- Foyer
do Teatro Castro Alves Salvador/BA; XXXVI - Salão de Artes Plásticas de Pernambuco
- Recife/PE; 1985 -11 º Prémio Pirelli de Pintura Jovem - Museu
de Arte -São Paulo/SP; Il Prêmio Chandon
Arte e Vinho , Paço das Artes- São Paulo/SP ; VIl Salão de Arte de Presidente
Prudente/SP; Xll Salão de Arte
Jovem-Santos/ SP X Salão de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto/SP; Galeria
Mab-Salvador/BA; 1º Salão de Arte Contemporânea de Americana/SP; XIl Salão de Arte Contemporânea de Campinas/SP;
XXXVIl Salão de Artes Plásticas de Pernambuco/PE; Il Salão de Artes Plásticas
de Goiânia/GO; Escritório Domingos
Penido -Rio de Janeiro/RJ; 1986
- 0scar Seráphico Galeria de Arte - Brasília/DF ; Iª Seleção Helena Rubinstein
de Arte Jovem- MASP- São Paulo ; V Salão de Arte do Pará - Belém/PA; 48º Salão
Paranaense - Curitiba/PR; XXXIV Salão de
Artes Plásticas- Olinda/PE ; 9º Salão FUNARTE/Sudeste - Palácio das Artes -
Belo Horizonte/ MG; IV Salão Paulista de
Arte Contemporânea - São Paulo/SP ; l Bienal "Arteoeste"- Presidente
Prudente/SP; 1987 ."Projetos Extremos “- Exposição
ltinerante /1987/88/89; Espaço Cultural Gásper
Líbero - São Paulo/SP; Museu de Arte Moderna- Salvador/BA ; Museu de Arte
Contemporânea de Pernambuco - Olinda/PE; Museu da Universidade Federal - Belém/PA;
Galeria Anna Maria Niemeyer - Rio de Janeiro -RJ; Oscar Seraphico Galeria de Arte - Brasília/DF
Museu de Arte - Belo Horizonte/MG; Manoel Macedo Galeria de Arte- Belo
Horizonte/MG; Bolsa de Arte Porto Alegre/RS; Museu de Arte – Florianópolis /SC;
I Seleção Helena Rubinstein de Arte Jovem
- Parls e Bordeaux ;1988 1ª Bienal de Goiânia - Goiânia/G0; "A Ousadia da Forma", Galeria Anna Niemeyer
- Rio de Janeiro/RJ; 1993 ; IIl Bienal do Recôncavo São Félix /BA; 1994
- Movimento de Arte Contemporânea MAM-Salvador/BA; Bahia Arte Atual Fundação Gregório de
Mattos-Salvador/BA; 1995 -
Galeria Sudameris-São Paulo/SP ; "Filhos do Abaporu* Galeria de Arte do
Brasil- São Paulo/SP; 1998- "Tropicália-30Anos"- Museu
de Arte Moderna Salvador/BA; Bahia à Paris- Galeria Modus - França/Paris; 450
Anos da Cidade do Salvador- Museu de Arte Moderna Salvador/BA; 2002-Fundação Gregório de Mattos Salvador/BA
INDIVIDUAIS -1974 - Galeria ESAF -Salvador/BA; 1980-
Panorama Galeria de Arte; 1982- Galeria Genaro Salvador/BA; 1983
-O Cavalete Galeria de Arte - Salvador/BA ;1986 - Galeria Paulo Prado- São Paulo/SP; 1987 - O Cavalete Galeria de Arte - Salvador/BA; Arte Maior Galeria - Rio de Janeiro/RJ ;1989
- Galeria Paulo Prado - São Paulo-São Paulo/SP ; 1991-O Cavalete Galeria de Arte-
Salvador/BA; 1993 - Artista Destaque- Escola de Belas Artes/UFBA
Salvador/BA ;1997- Galeria de Arte Abaporu-Salvador/BA ;1998
- Gaveta de Memória- Galeria ACBEU Salvador/BA ; 2001 - Fábio Pena Cal Galeria de
Arte
Salvador/BA; 2002 - Museu de Arte Moderna- Salvador/BA; 2003 - Fábio Pena Cal Galeria de
Arte - Salvador/BA ; 2004 - Museu de Arte Moderna-Salvador/BA.
PRÊMIO -1977 .1º Prémio Festival de Arte de ltapuã ; 1985-Prêmio
Chandon-Paço das Artes Aquisição; Il
Prêmio Pirelli- MASP-São Paulo/SP, Prêmio Aquisição; VlI Salão Presidente Prudente/SP, Prêmio
Menção Honrosa;
São Paulo; 1986 - Bienal "Arteoeste" Presidente
Prudente/SP - Prêmio
Aquisição ;1995 - III Bienal do Recônçavo - São Felix -Ba, Prêmio
Aquisição; 2004 - Prêrnio
Braskern de Cultura e Arte , Salvador/BA.. Prêmio Aquisição
APRECIAÇÕES CRÍTICAS : Carlos Eduardo da Rocha, César Romero, Claudius
Portugal, Ferreira Gullar, Geraldo Edson de Andrade, Heitor Reis, Hélio Carneiro,
Ivo Zanini, João Carlos Teixeira Gomes, José Dirson, Justino Marinho, Matilde
Matos, Olívio Tavares de Araújo, Olney Kruse, Radha Abramo, Reynivaldo Brito,
Risoleta Córdula, Ruth Laus, Sante Scaldaferri, Theon Spanudis e Wilson Rocha.
Esse texto é um retrato perfeito do artista Leonel Mattos
ResponderExcluirGraça Gama
ResponderExcluirParabéns amigo Reynivaldo Brito pela oportunidade de conhecer grandes artistas.Parabens Leonel muito sucesso .Você merece 👏👏👏👏🌟
Leonel Mattos
ResponderExcluirMeu grande amigo e compadre Reynivaldo Brito, homem sensível e sempre procurou estender a mão sem olhar a quem. Só escreve o que gosta e sensível e atento aos fatos típico de um jornalista por excelência. Aos cinquenta e quatro anos de arte e muita estrada ainda não tenho um livro em vida , seria o mais justo para acompanhar de perto a minha realidade. Porque depois que morre lhe pintam do jeito que quiser. Mas mesmo sem o livro , já sou muito grato o que tem escrito durante toda minha trajetória porque pude ser homenageado por essa figura ilustre e verdadeira que você é! Digo sempre o jornalista é o grande parceiro do artista visual porque sua obra ganha voz e ecos. Muito obrigado meu amigo!
Maria Nazaré Santos
ResponderExcluirVocê representa muito meu amigo ! Que bom poder conviver e aprender sempre com você ! Obrigada a Reynivaldo por mostrar mais esta janela da sua alma para o mundo ! Parabéns Leonel Rocha Mattos ! Parabéns Reynivaldo Brito 👏🏿
Tereza Gama
ResponderExcluir👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏
Darcy Brito
ResponderExcluirTive a honra de ter esse talentoso artista como ilustrador da capa do meu livro “Rainha sem Faixa”. Inspirado pela história ele se viu na pele da personagem e desenhou um auto-retrato, segundo o próprio confessou.
Pode ser uma ilustração
Enio Celestino
ResponderExcluirParabéns Reynivaldo Brito pelo excelente texto, onde é preciso ter uma percepção sobre a arte contemporâneo de Leonel Mattos. Acredito que o mundo ainda vai lhe agradecer pelas incontáveis coisas maravilhosas que têm feito e que fascina quem as percebem em todos os lugares.
Angela Lisboa Dabush
ResponderExcluirGrande talento, várias artes
Tereza Gama
ResponderExcluirParabéns Reynivaldo Brito você também é um grande jornalista e quase escritor
Ivo Neto
ResponderExcluirBelissimo trabalho parabéns 🎨🖌👏🏽👏🏽👏🏽
Liane Katsuki
ResponderExcluirParabens Reynivaldo por seus maravilhosos textos.
Voce tem muito talento!
Anna Anapana Martins Ferreira
ResponderExcluirLeonel Rocha Mattos que beleza Leonel!!!! Sua arte é muito linda...eu adoro....saudade de ver de perto amigo....querido!!! Merecida matéria❤️❣️
Olívia Soares
ResponderExcluir👏👏👏👏👏
Rita De Cassia Martins
ResponderExcluirJá havia comentado, acrefito ser uma Execelente face!
Benjamin Brito Gama Junior
ResponderExcluirQue trajetória linda ,cheia de desafios e sucesso,sempre triunfante nas suas aventuras.
Parabéns Rey 👏👏👏👏👏👏👏👏
Angela Petitinga
ResponderExcluirQue espetáculo de texto!
Domingos Dantas Brito
ResponderExcluirUm artista nota 10, parabéns Rei por divulgar o que é bonito de se ver.
Maria Nazaré Santos
ResponderExcluirUauuuu estou impactada e feliz o jornalista amigo dos Artista … Reynivaldo Britto ! a cada dia se supera e desta vez não fez por menos ! que relato fabuloso ! deste lendário a quem muito admiro Leonel Rocha Mattos grande artista …que tenho a honra de viver e dividir o palco das artes no mesmo período ! a Bahia está de parabéns por estes dois ilustres e fantástico cidadãos ! Obrigada Reynivaldo Brito pela sua existência ! que honra ter o privilégio de um dia você cruzar o meu caminho e justamente por indicação deste grande Artista ! Meus aplausos a ambos ❤️👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿
Hilda Nogueira
ResponderExcluirParabéns
Rebeca Mattos
ResponderExcluirMaravilha que trajetória incrível é um orgulho fazer parte .... te amo
Edna Silva
ResponderExcluirGosto muito do trabalho de Leonel Mattos.
Floro Freire
ResponderExcluirMassa
Inah Campos
ResponderExcluirEscrever sobre talentos é tão talentoso quanto.
Albha Sampaio
ResponderExcluirAmei
Que delícia ler as suas reportagens
Parabéns à vocês e à Leonel, que nos oferecem as suas artes de maneira clara e bela
Manuel Augusto Bonfim
ResponderExcluirPENSO QUE NO AR, NO VENTA EXISTAM PACOTES DE ENCANTO, IN SITE QUE QUEM DE FATO VERDADEIRO NO ASTRAL SEJA UM SER PERCEPTIVO, ISSO DO SER SENSITIVO QUE SENDO DINÂMICO E ATUANTE NA VOCAÇÃO QUE ADMIRAÇÃO E ESCOLHA FAZ PRÁTICA DE ALGUMA DAS NUANCES DO ARQUÉTIPO ARTE. FELIZARDO FARÁ ACONTECER GRAÇA, ACONTECER VENTURA QUE ESTANDO SINTONIZADA PARA ONDA SOCIAL DA CIVILIZAÇÃO DE CONTRATO E NEGÓCIOS, GOZARÁ LOUVOR A DE RENTÁVEIS ATIVOS DO MATERIAL E DO INTANGÍVEL. AQUELE QUE PRODUZ MODA FICARÁ EVIDÊNCIA E GOZARÁ LOUROS DO SOCIAL. VISLUMBRO DE QUEM VIVA EM HARMONIA AO BEM DE NÃO SER UM COMUM E OU BANAL, SERÁ E FICARÁ EXTRA. PRODUTOR NA VANGUARDA PODERÁ SER ESTRELA DE BRILHO LONGO OU DE BRILHO PASSAGEIRO, MAR MARCANTE. NA BAHIA MUITOS BRILHAM, MAS HÁ MUITOS COM LUZ DE LUA E HÁ TANTOS COM LUZ DE SOL. CONTUDO, VINGAR DE SER REFERÊNCIA, OCORRE EM QUEM SE MANTÉM BRILHANTE NA CONTINUIDADE DA HISTÓRIA, FATO QUE DESSE PANORAMA DE CONSTELAÇÃO DA CRIATIVIDADE, PARABENIZO QUEM SE MANTÉM MESMO NO SHOW, ISSO EM ATO NOBRE DE NÃO SE DEIXANDO COLAPSAR. FELICITO A QUEM, AINDA, SE INVESTE NA LIDA DE IR ROLANDO OS DADOS ESPERANÇOSO E COM CHANCE DE VALER NO ADIANTE DO NÃO IR AO ESQUECIMENTO. DE BOA !!!
Fernando Freitas Pinto
ResponderExcluirSempre um texto apreciável e inteligente!
Parabéns ao Artista.
America Passos
ResponderExcluirTenho muita vontade de lhe encontrar para um bate papo. Ouço falar muito das suas competências, inclusive um texto sobre nossa terrinha!!!’
Guto Faria
ResponderExcluirLeonel é o maior talento vivo que já conheci. É uma inteligência que o torna inquieto, vive em ebulição, agitação e entusiasmo próprio dos gênios da nossa arte.
Sil Faria
ResponderExcluirLeonel é um talentoso artista baiano que nos enche de orgulho.
Graça Barreto
ResponderExcluirConheço o trabalho maravilhoso de Leonel, só posso parabenizá-lo pelas suas obras. Deus continue lhe abençoando e toda Família e aumente a sua criatividade
Ana Santos
ResponderExcluirSou fã de carteirinha.
Iara Brito
ResponderExcluirBelo texto!
Celimar Geambastiani
ResponderExcluirMaravilha, parabéns. A arte é a expressão do ser.
Maria Deuzari Costa Magnavita
ResponderExcluirVocê é um grande jornalista, gosta de contar história e apreciador das artes.
Admiro muito seu trabalho!
Excelente reportagem. O título resume tudo: talento e superação. Excelente!
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