quinta-feira, 25 de abril de 2019

MUSEU AFRO REÚNE OITO ARTISTAS EM EXPOSIÇÃO

O mestre Juarez ao lado de Márcia Magno sua
esposa e escultora de renome tendo ao
fundo o ônibus que pintou do Projeto Axé.
Nas minhas idas ao Centro Histórico tive a felicidade de encontrar o artista Chico Vieira, que reside no Pelourinho , e estava fazendo sua caminhada. Havia uns 30 anos que não o encontrava pessoalmente, e juntos resolvemos ir ao Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira , que fica  na Rua do Tesouro. 
Lá visitamos a exposição Muncab em Movimento  que reúne os artistas Juarez Paraíso, Juraci Dórea, César Romero, J. Cunha, Guache Marques ,  Yedamaria e Babalu. 
Esta exposição valoriza os "aspectos da cultura matriz africana, destacando a sua influência sobre a cultura brasileira", explica no texto de apresentação o atual diretor da instituição o poeta e compositor José Carlos Capinan.
As faixas emblemáticas de Cesar Romero
Observando as obras vemos que estes artistas, com suas visões e técnicas diferenciadas, tem um laço forte de união nesta mostra, onde a influência afro é uma forte presença . Todos são oriundos da
Geração 70, com exceção de Juarez Paraíso que tem uma década de antecedência. 
Tive ainda o prazer de encontrar José Carlos Capinan, o autor de Ponteio, que ganhou juntamente com Edu Lobo o III Festival de MPB da TV Record, em 1967. Hoje ele dirige o Museu Afro ,  e é um entusiasta desta mostra que precisa ser mais divulgada para receber um número de visitantes à altura de sua importância.
Obra de Gauche com símbolos afros
Capinan nos convida a visitar o MUNCAB e ressalta que logo na chegada o visitante se surpreende com um belo gradil construído em chapas de ferro e com esculturas narrando as "contribuições dos afros descendentes à nossa cultura criando assim a diversidade cultural mais bem sucedida do Planeta. O gradil  intitulado de "As Histórias de Ogum" é de autoria do artista J. Cunha , tem além de sua importância artística a função pedagógica, diz o poeta, "além de oferecer aos visitantes  um belo momento de fruição estética..."

                                                        A 

EXPOSIÇÃO

Os oráculos de J. Cunha com motivos afros.



Obra de Juraci Dórea homenageia
grandes nomes da arte mundial.
O mestre Juarez Paraíso dispensa apresentação por sua grande bagagem e pelo domínio de várias técnicas de artes plásticas e gráficas. Já realizou esculturas , murais em edifícios públicos e privados. Grande fotógrafo , além de autor de figurinos, cenários. É difícil encontrar uma atividade artística onde o Juarez não tenha dado a sua contribuição, até mesmo nas festas populares como no Carnaval da Bahia. Ele apresenta um trabalho que fez em colaboração ao Projeto Axé. Trata-se de um ônibus que foi pintado com motivos afros. Este ônibus é utilizado pelo projeto para exposições móveis e em outras ações culturais. Juarez levou três meses para execução do trabalho. 

Juraci Dórea
traz uma homenagem à História da Arte e referências a  Mondrian e  Duchamps .Homenageando Mondrian  ele apresenta três objetos minimalistas, silenciosos, que lembram estilingues ou cabides. Juraci está  sempre ligado à cultura nordestina, a sua literatura de cordel ,  onde sua arte está centrada.
César Romero mostra três obras com suas faixas emblemáticas,  que lhes permite infinitos movimentos com belas variações de cores.
J.Cunha apresenta 15 oráculos em madeira  com elementos afros . Sua produção artística é identificada pelas referências de matrizes africanas  que utiliza há muitos anos. 
Guache Marques mostra pinturas muito bem elaboradas tecnicamente . Também, as obras tem uma influência afro ,e se destacam entre várias outras  integrantes desta mostra. Tem se ocupado em fazer obras com raízes africanas . Atualmente ,está aos  poucos dissolvendo as imagens de símbolos e quase partindo para uma abstração, como uma evolução natural . Tem trabalhado em pintura acrílica e gravuras digitais , onde imprime , e depois atua com tintas. Quase são monotipias, guardando uma identidade, porque houve um retrabalho. Desde os anos 90 que ele vem se inspirando nas raízes das matrizes africanas. 
Obra da saudosa Yedamaria que deixou
um legado de sua arte de qualidade.
Finalmente, dois artistas já falecidos. A professora e grande artista Yedamaria, que morreu em 2016, tem duas belas pinturas expostas ,onde ressalto suas cores vivas lembrando o nosso sol tropical.
Seu nome era Yeda Maria Correia de Oliveira. Morreu aos  84 anos, sendo encontrada morta no apartamento onde morava, no bairro da Pituba, em Salvador. De acordo com pessoas próximas à artista, ela foi encontrada no apartamento, por uma vizinha, . Yeda morava sozinha e sofria de diabetes e hipertensão.E Babalu que nos deixou um legado com seu universo pictórico calcado nos movimentos populares , também tem três obras participando desta importante mostra. Ele faleceu em 2008 era irmão de J. Cunha. Era uma referência na arte primitiva , conjugando o barroco com o popular , e tinha um humor poético apurado. Não deixe de visitar.

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