quarta-feira, 14 de novembro de 2018

FILME SOBRE A VIDA DE FRANS KRAJCBERG

Cartaz do filme de Renata Rocha
Assisti a primeira exibição do filme "O Grito" sobre a vida do artista e ativista polonês Frans Krajcberg, ontem, dia 13, no Museu de Arte da Bahia, no Corredor da Vitória. De autoria da jornalista e cineasta Renata Rocha o filme tem duração de  70 minutos e conta parte da vida e do legado deste multi artista que era gravador, fotógrafo, escultor, pintor e um dos ativistas em defesa de nossas matas, especialmente da Mata Atlântica.
A apresentação do filme foi um pouco prejudicada, porquê o local não era apropriado e perdeu um pouco na qualidade do som. Tem algumas narrativas feitas por Maria Bethânia e uns depoimentos de dos artistas plásticos Carlos Vergara , do baiano Justino Marinho ,
e de outras pessoas. 
Achei fora do contexto o depoimento de um ex-governador e sua esposa, que nunca tiveram qualquer envolvimento com a arte feita na Bahia ou mesmo com a obra de Krajcberg. No geral gostei do filme porquê é um documento em movimento do que Franz fazia em seu refúgio e mostra seu ambiente criativo para a posteridade. E foi feito com um grande esforço e técnica de Renata Rocha.
Filme sendo projetado no Museu de Arte da Bahia


Ele construiu sua casa no alto utilizando pilares de cimento armado imitando troncos de árvores queimadas ou mortas numa mancha de Mata Atlântica no município de Nova Viçosa  no sul da Bahia. E ali conseguiu atrair outros artistas. Lá já morava o arquiteto e designer José Caldas  Zanini , que nasceu em Bolomnte, na Bahia em 1918 e morreu em Vitória, do Espírito Santo em 2001. Ele   construiu algumas casas em Joatinga, no Rio de Janeiro, e no sul da Bahia trabalhava com  móveis utilizando também madeiras provenientes dos desmatamentos . Antes Zanini ensinava na Universidade de Brasília. Em seguida  no ano de 1968 resolveu construir uma casa em Nova Viçosa, onde abre um ateliê-oficina,que funciona até 1980, e participa do projeto de uma reserva ambiental com o artista Frans Krajcberg. Foi Zanini que projetou em 1971 a casa de Krajcberg.
Frans Krajcberg em  busca por materiais na sua
reserva de Mata  Atlântica,foto Renata Rocha
                      
                           O HOMEM
Nasceu na cidade de Koziennice, na Polônia.  Estudou engenharia na universidade de Leningrado, na Rússia, e durante a Segunda Guerra perde toda sua família num campo de concentração. Vai para a Alemanha e ingressa na Academia de Belas Artes de Suttagart, e em seguida resolve vir morar no Brasil, chegando aqui em 1948. Já em 1951 participa da 1ª Bienal Internacional de São Paulo expondo duas pinturas. Depois reside uma temporada no Paraná e foi para a zona rural trabalhar em suas obras.Em 1956 vai para o Rio de Janeiro onde divide um ateliê com o escultor Franz Weissmann ( 1911-2005). Naturalizou-se brasileiro no ano seguinte  e a partir de então alterna residência entre o Rio de Janeiro e Nova Viçosa.
Casa do artista projetada José Caldas Zanini
Transforma-se num ativista fazendo viagens para a Amazônia e Mato Grosso onde fotografa os desmatamentos e as queimadas, mostrando imagens chocantes. Dessas viagens traz algumas raízes calcinadas e as utiliza para criar belas esculturas. Prossegue com este trabalho criando uma marca inconfundível. Em 2003 é criado o Instituto Frans Kracjberg , em Curitiba, para o qual ele doou uma centena de obras, preservando assim o seu legado.
É preciso que o governo da Bahia e a Prefeitura de Nova Viçosa atentem para a necessidade urgente de preservar aquela mancha de Mata Atlântica que ele deixou e também as obras e sua casa, que é um símbolo da resistência contra o desmatamento e as queimadas de nossas matas.
 O artista morreu em 15 de novembro de 2017 vítima de uma pneumonia no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, portanto, amanhã faz um ano de sua morte.

Um comentário:

  1. Muito bom as informações sobre esse grande artista e ambientalista. Parabéns pelo trabalho.

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