quinta-feira, 26 de setembro de 2013

CENTENÁRIO DE GUSTAVE COURBET

JORNAL A TARDE , SALVADOR, 25 DE FEVEREIRO DE 1978

Mulher com Papagaio, de 1866, obra de Courbert
Os especialistas em arte estão fazendo uso de uma nova exposição para conferir a  Gustave Courbet o crédito pela maior parte do que convencionamos chamar de arte moderna.
“Courbet, afirmou o crítico Edward Mullins, “foi o primeiro artista a manter efetivamente que a arte é o que nós fazemos, o que vemos, o que sentimos”.
A maneira com que a figura de Courbet corresponde a essas afirmações pode ser vista na Real Academia de Londres na maior exibição de Courbet desde 1882.
Até 19 de março, a Academia exibirá 116 quadros e sete desenhos, em sua maioria exibida antes em Paris, reunidas de pequenas galerias de todo o mundo. Essa oportunidade de pesquisar uma espécie de avô da arte moderna está sendo considerada um grande acontecimento artístico.No entanto, Courbet não é muito conhecido.O contraste com sua vida de indiscrição não poderia ser maior.
“Nos últimos 10 ano, esse homem extraordinário causou mais sensação em Paris do que 20 celebridades variadas” escreveu um crítico em 1861.
“O mundo elegante afeta desprezá-lo, os críticos fazem-no em pedaços, os artistas caçoam dele, os cantores de variedades apresentam-no com a curiosidade para  audiência indolentes”
Na época de Courbet, a arte era de importância vital. Os novos quadros eram sujeitos a debates intensos. Os pintores eram caricaturados e satirizados, as teorias de arte discutidas apaixonadamente e os artistas propriamente ditos eram celebridades populares.
Courbet emergiu nesse cenário como um provinciano impetuoso e autodidata. Ele e seu trabalho provocaram sentimentos fortes entre todos os que eram alguém na Paris de meados do século XIX.
A resposta e Courbet foi de pintar o mundo da maneira que o via, não como as fórmulas acadêmicas o exigiam.
Pintou os funerais de seu avô, suas irmãs nas cenas do dia-a-dia, paisagens, trabalhadores suando.
Por isso, foi classificado de primeiro “Realista” título que jamais aceitou realmente. Seu objetivo, escreveu, era de “ser um homem como um pintor, em suma, criar a arte viva”
A Caçada,ele pintou muitos caçadores

O gigantesco ego de Courbet fez jus ao seu objetivo. Seu assunto predileto era ele mesmo.Uma grande sala na exposição londrina está com três quartos de suas dependências tomadas por auto-retratos. Courbet aparece como amante, como louco, como duelista ferido, como violoncelista, como fumador de cachimbo, usando simplesmente um cinto de couro.
Tinhas muitas amantes mas não uma esposa e adorava pintar as mulheres. Algumas das pinturas mais luxuosas constituem nus que, mesmo agora, sem falar na década de 1860, são ousadamente francos.
Courbet não se permitia domesticar-se. Recusou a medalha da Legião de Honra num ano e foi preso no ano seguinte, como oficial da Comuna Revolucionária de Paris.
A exposição demonstra que Courbet foi um pintor de mestria e incisivamente original.
Contudo, é difícil agora compartilhar a controvérsia borbulhante que provocou. Podemos agora apenas concordar em que Gustave Courbet foi o primeiro grande individualista da arte ocidental, o primeiro a fazer a reivindicação da arte moderna.

               OS ENTALHES DE MÁRIO AMERICANO

No ano de 1975 o artista plástico Mário Americano Júnior realizou a sua primeira exposição.
Agora, ele está mostrando pela segunda vez seus trabalhos aos baianos, no atelier Kennedy Bahia.
Nascido no Rio de Janeiro, Mário começou a se dedicar às artes no ano de 1972, quando fez seu primeiro quadro por hobby. Seis anos depois ele já pode ser considerado um artista profissional, e seus entalhes, em madeira pintada, são apreciados também pela  suavidade das cores.
Nesta segunda exposição, Mário mostra 25 trabalhos, em diversos tamanhos.

                      
                          A PROLIFERAÇÃO DOS MUSEUS

Museu da Chácara, na capital paulista
Há um relativo engano na proliferação de museus, todos eles sem recursos, sem condições de manutenção, sem recursos para adquirir obras de arte mas não quer dizer que não haja campo para o profissional de museologia, pelo contrário”. Assim justifica a sua posição contrária à extinção do Curso de Museologia da Ufba o professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade federal do Rio de Janeiro, Wladimir Alves de Souza.
Foi o responsável pela restauração do Museu de Arte Sacra da Bahia e do Museu Nacional do Rio tendo um vasto currículo em experiência no assunto.Também o projeto do  Museu da Chácara , em São Paulo foi encomendado ao arquiteto paraense Wladimir Alves de Souza, reproduz as linhas do Palácio Imperial de Petrópolis e tem clara influência da obra do italiano Andréa Palladio, veneziano que viveu no século XVI.
Segundo afirmou, há um engano nas deduções de que não existe mercado de trabalho para o museólogo porque se pensa estritamente em termos baianos, desde quando a situação deve ser mais encarada em termos brasileiros. Mesmo na Bahia o mercado existe desde quando estão sendo criados mais museus (existe atualmente 26). Além disso várias são as atividades que podem ser desenvolvidas dentro de um museu mas não apenas o da funcionária burocrática. A coisa pode alcançar um plano muito mais amplo com as diferentes especializações existentes, frisou.
Os museólogos poderão trabalhar no campo da história da arte e pesquisas de um modo geral, sendo que a restauração de pintura pode ser bastante aproveitado. Na sua opinião, é importante que a Bahia possa a vir a ser um centro de formação de museólogos de alto nível que poderá atender não só às  necessidades locais, mas de todo o País. Tal como se fez com a Escola de Arte criada pelo reitor e de onde saíram atores e músicos que participam de atividades não só da Bahia, mas fora dela, acentuou.
- O que a UFBa precisa fazer é incentivar o curso de Museologia, estimulá-lo, dotá-lo de bons professores e dá maior possibilidade de novos estudos, pesquisas porque a principal função do museólogo é não só a conservação pura e simples como também divulgação do que hoje  existe.

TRÊS ESCULTURAS ROUBADAS DO MUSEU DE ST. LOUIS

Três esculturas de bronze, obras do artista francês Auguste Rodin, foram roubadas do Museu de Arte de St. Louis. Este é o segundo roubo no museu em menos de um mês, informaram hoje as autoridades.
As esculturas roubadas são a Estátua de São Pedro, datada de 1886; Jean D’Aire, de 1886; e A Mão Fechada, de cerca de 1885.
Cada uma delas tem cerca de 458 mm de altura. A escultura da mão pesa cerca de 8,6 quilos.
Um porta-voz do museu esquivou-se a avaliar as esculturas, mas disse que valem mais que as quatro esculturas roubadas a 29 de janeiro, que foram avaliadas em cem mil dólares.
Os guardas do museu foram alertados pelo alarme anti-roubo, ontem à noite, e fizeram a Inspeção mais não deram pela falta das esculturas.
Um porta-voz contou que os ladrões entraram quebrando as portas de vidro instaladas recentemente. Os ladrões içaram no prédio apenas cerca de 60 segundos.

    VAMOS AGUARDAR UMA MELHOR ATUAÇÃO DO TCA

Proporcionar uma abertura a todas as tendências estéticas e incentivar o teatro amador, são algumas das metas do novo diretor de Teatro Castro Alves, José Augusto Burity, cujo nome foi homologado por unanimidade, na última reunião ordinária do Conselho da Fundação Cultural, presidida pelo secretário da Educação, Carlos Santana.
José Augusto será assessorado por Teodomiro Ramos Queiroz, que atualmente desenvolve atividades no Teatro Municipal de São Paulo. Eles pretendem aproveitar ao máximo a Concha Acústica com apresentação de espetáculos teatrais e shows musicais com atores e recursos locais.
PROJETO PIXINGUINHA
O imponente Teatro Castro Alves, em Salvador
Ao ser indagado sobre a possibilidade do TCA deixar de ser o grande “elefante branco”,  José Augusto respondeu que “não depende apenas do diretor, mas também do baiano”, que deverá se voltar para o teatro. E ele espera conseguir essa participação popular com a apresentação em junho próximo do Projeto Pixinguinha que permanecerá por um período de dois meses e meio diariamente no horário das 18h 30min, custando Cr$ 15 o ingresso.
A Bahia será o primeiro Estado do Norte/Nordeste onde o projeto se apresentará e esse horário fixado no sul do país deverá ser aceito pelo público, depois de se tentar uma sensibilização para isto. A criação do horário por iniciativa do idealizador do projeto Hermínio Belo de Carvalho, teve como objetivos a estipulação de um novo horário que não o habitual para espetáculos e sobretudo facilitar a participação de pessoas que trabalham no comércio, universitários e que diante dos problemas enfrentados na hora do “rush” poderão se deslocar para o teatro como uma alternativa.
Em vista disso, o pessoal do projeto não vê falta de êxito a exemplo de outros Estados principalmente porque “Nordeste é Brasil e Salvador tem tradição em música popular brasileira”.
Sobre a burocracia que sempre foi o grande problema dos direitos para desenvolver um trabalho necessário no TCA, José Augusto afirmou que levou o assunto ao conhecimento do diretor da Fundação Cultural, mostrando a necessidade de se encontrar uma solução prática para o problema e no decorrer da gestão nós vamos chegar à alguma. A burocracia entrava muito, mas não se pode evitá-la, mas  o que interessa é que p TCA tem que funcionar.
O TCA também não poderá deixar de funcionar com a realização de convenções, simpósios e atividades afins, como assegurou o diretor, sendo que a situação existe inclusive em outros Estados, mas ele, pretende, gradativamente, ir modificando a situação transferindo atividades desse tipo para outros locais, o que por si será resolvido com a conclusão do Centro de Convenções.

              O MUSEU DO HOMEM EM BELO HORIZONTE

Através de um convênio realizado entre a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) de Minas Gerais e a Funarte, no valor de CR$ 650 mil, está em andamento o projeto de pesquisa denominado “Manifestações Etnomusicais da Região Grande Belo Horizonte”, visando subsidiar a implantação do Museu do Homem naquela capital.
Foto Google.
 Fachada do Museu do Homem Brasileiro,BH
A pesquisa, que integra o Projeto Universidade da Funarte, está sendo executada por uma equipe de professores e estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais. Além do objetivo principal de criar um acervo etnomusicológico para o Museu do Homem, o trabalho visa produzir um calendário dessas manifestações na grande BH, divulgar o material recolhido e utilizá-lo didaticamente nas escolas de 1º e 2º graus, enriquecendo o ensino de Música.
A PESQUISA
A necessidade dessa pesquisa provém do fato de que, até o momento, não se fez nenhum estudo aprofundado e sistemático das manifestações etno musicais-música folclórica, música ágrafa (dos índios) e música popular dos grupos humanos que vivem na região da Grande BH.
Por outro lado, o Museu do Homem, criado em 77 dentro do campus da Ufmg, com objetivo de recolher, estudar, expor e difundir as expressões mais significativas da criatividade cultural das populações que viveram ou vivem em território nacional, poderá absorver todos os resultados do projeto. Esse acervo terá também importância, na medida em que será aberto ao público para um contato com as manifestações populares, mais especialmente com a Música Folclórica e a Música Popular.
A pesquisa será executada por técnicos e especialistas vinculados à Ufmg e auxiliares de pesquisa selecionados entre os alunos da Escola de Música, Comunicação e Belas Artes daquela Universidade, coordenados pelo musicólogo José Adolfo Moura, com a consultoria científica de Cristina de Miranda Mata Machado.
O trabalho obedecerá a diversas etapas: levantamento panorâmico das manifestações musicais folclóricas e populares da Região da Grande BH, pesquisa bibliográfica e de campo, análise e interpretação dos dados e divulgação e desdobramento.


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