JORNAL A TARDE , SALVADOR, 25 DE FEVEREIRO DE 1978
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Mulher com Papagaio, de 1866, obra de Courbert |
Os especialistas em arte estão fazendo uso de uma nova
exposição para conferir a Gustave
Courbet o crédito pela maior parte do que convencionamos chamar de arte
moderna.
“Courbet, afirmou o crítico Edward Mullins, “foi o primeiro
artista a manter efetivamente que a arte é o que nós fazemos, o que vemos, o
que sentimos”.
A maneira com que a figura de Courbet corresponde a essas
afirmações pode ser vista na Real Academia de Londres na maior exibição de
Courbet desde 1882.
Até 19 de março, a Academia exibirá 116 quadros e sete
desenhos, em sua maioria exibida antes em Paris, reunidas de pequenas galerias
de todo o mundo. Essa oportunidade de pesquisar uma espécie de avô da arte
moderna está sendo considerada um grande acontecimento artístico.No entanto, Courbet não é muito conhecido.O contraste com sua vida de indiscrição não poderia ser
maior.
“Nos últimos 10 ano, esse homem extraordinário causou mais
sensação em Paris do que 20 celebridades variadas” escreveu um crítico em 1861.
“O mundo elegante afeta desprezá-lo, os críticos fazem-no em
pedaços, os artistas caçoam dele, os cantores de variedades apresentam-no com a
curiosidade para audiência indolentes”
Na época de Courbet, a arte era de importância vital. Os
novos quadros eram sujeitos a debates intensos. Os pintores eram caricaturados
e satirizados, as teorias de arte discutidas apaixonadamente e os artistas
propriamente ditos eram celebridades populares.
Courbet emergiu nesse cenário como um provinciano impetuoso
e autodidata. Ele e seu trabalho provocaram sentimentos fortes entre todos os
que eram alguém na Paris de meados do século XIX.
A resposta e Courbet foi de pintar o mundo da maneira que o
via, não como as fórmulas acadêmicas o exigiam.
Pintou os funerais de seu avô, suas irmãs nas cenas do
dia-a-dia, paisagens, trabalhadores suando.
Por isso, foi classificado de primeiro “Realista” título que
jamais aceitou realmente. Seu objetivo, escreveu, era de “ser um homem como um
pintor, em suma, criar a arte viva”
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A Caçada,ele pintou muitos caçadores |
O gigantesco ego de Courbet fez jus ao seu objetivo. Seu
assunto predileto era ele mesmo.Uma grande sala na exposição londrina está com três quartos
de suas dependências tomadas por auto-retratos. Courbet aparece como amante,
como louco, como duelista ferido, como violoncelista, como fumador de cachimbo,
usando simplesmente um cinto de couro.
Tinhas muitas amantes mas não uma esposa e adorava pintar as
mulheres. Algumas das pinturas mais luxuosas constituem nus que, mesmo agora,
sem falar na década de 1860, são ousadamente francos.
Courbet não se permitia domesticar-se. Recusou a medalha da
Legião de Honra num ano e foi preso no ano seguinte, como oficial da Comuna
Revolucionária de Paris.
A exposição demonstra que Courbet foi um pintor de mestria e
incisivamente original.
Contudo, é difícil agora compartilhar a controvérsia
borbulhante que provocou. Podemos agora apenas concordar em que Gustave Courbet
foi o primeiro grande individualista da arte ocidental, o primeiro a fazer a
reivindicação da arte moderna.
OS ENTALHES DE MÁRIO AMERICANO
No ano de 1975 o artista plástico Mário Americano Júnior
realizou a sua primeira exposição.
Agora, ele está mostrando pela segunda vez seus trabalhos
aos baianos, no atelier Kennedy Bahia.
Nascido no Rio de Janeiro, Mário começou a se dedicar às
artes no ano de 1972, quando fez seu primeiro quadro por hobby. Seis anos
depois ele já pode ser considerado um artista profissional, e seus entalhes, em
madeira pintada, são apreciados também pela suavidade
das cores.
Nesta segunda exposição, Mário mostra 25 trabalhos, em
diversos tamanhos.
A PROLIFERAÇÃO DOS MUSEUS
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Museu da Chácara, na capital paulista |
Há um relativo engano na proliferação de museus, todos eles
sem recursos, sem condições de manutenção, sem recursos para adquirir obras de
arte mas não quer dizer que não haja campo para o profissional de museologia,
pelo contrário”. Assim justifica a sua posição contrária à extinção do Curso de
Museologia da Ufba o professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade
federal do Rio de Janeiro,
Wladimir Alves de Souza.
Foi o responsável pela restauração do Museu de Arte Sacra da
Bahia e do Museu Nacional do Rio tendo um vasto currículo em experiência no
assunto.Também o projeto do Museu da Chácara , em São Paulo foi encomendado ao arquiteto paraense Wladimir Alves de Souza, reproduz as linhas do Palácio Imperial de Petrópolis e tem clara influência da obra do italiano Andréa Palladio, veneziano que viveu no século XVI.
Segundo afirmou, há um engano nas deduções de que não existe
mercado de trabalho para o museólogo porque se pensa estritamente em termos
baianos, desde quando a situação deve ser mais encarada em termos brasileiros.
Mesmo na Bahia o mercado existe desde quando estão sendo criados mais museus
(existe atualmente 26). Além disso várias são as atividades que podem ser
desenvolvidas dentro de um museu mas não apenas o da funcionária burocrática. A
coisa pode alcançar um plano muito mais amplo com as diferentes especializações
existentes, frisou.
Os museólogos poderão trabalhar no campo da história da arte
e pesquisas de um modo geral, sendo que a restauração de pintura pode ser
bastante aproveitado. Na sua opinião, é importante que a Bahia possa a vir a
ser um centro de formação de museólogos de alto nível que poderá atender não só
às necessidades locais, mas de todo o
País. Tal como se fez com a Escola de Arte criada pelo reitor e de onde saíram
atores e músicos que participam de atividades não só da Bahia, mas fora dela,
acentuou.
- O que a UFBa precisa fazer é incentivar o curso de Museologia,
estimulá-lo, dotá-lo de bons professores e dá maior possibilidade de novos
estudos, pesquisas porque a principal função do museólogo é não só a
conservação pura e simples como também divulgação do que hoje existe.
TRÊS ESCULTURAS ROUBADAS DO MUSEU DE ST. LOUIS
Três esculturas de bronze, obras do artista francês Auguste
Rodin, foram roubadas do Museu de Arte de St. Louis. Este é o segundo roubo no
museu em menos de um mês, informaram hoje as autoridades.
As esculturas roubadas são a Estátua de São Pedro, datada
de 1886; Jean D’Aire, de 1886; e A Mão Fechada, de cerca de 1885.
Cada uma delas tem cerca de 458 mm de altura. A
escultura da mão pesa cerca de 8,6 quilos.
Um porta-voz do museu esquivou-se a avaliar as esculturas,
mas disse que valem mais que as quatro esculturas roubadas a 29 de janeiro, que
foram avaliadas em cem mil dólares.
Os guardas do museu foram alertados pelo alarme anti-roubo,
ontem à noite, e fizeram a Inspeção mais não deram pela falta das esculturas.
Um porta-voz contou que os ladrões entraram quebrando as
portas de vidro instaladas recentemente. Os ladrões içaram no prédio apenas
cerca de 60 segundos.
VAMOS AGUARDAR UMA MELHOR ATUAÇÃO DO TCA
Proporcionar uma abertura a todas as tendências estéticas e
incentivar o teatro amador, são algumas das metas do novo diretor de Teatro
Castro Alves, José Augusto Burity, cujo nome foi homologado por unanimidade, na
última reunião ordinária do Conselho da Fundação Cultural, presidida pelo
secretário da Educação, Carlos Santana.
José Augusto será assessorado por Teodomiro Ramos Queiroz,
que atualmente desenvolve atividades no Teatro Municipal de São Paulo. Eles
pretendem aproveitar ao máximo a Concha Acústica com apresentação de
espetáculos teatrais e shows musicais com atores e recursos locais.
PROJETO PIXINGUINHA
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O imponente Teatro Castro Alves, em Salvador |
Ao ser indagado sobre a possibilidade do TCA deixar de ser o
grande “elefante branco”, José Augusto
respondeu que “não depende apenas do diretor, mas também do baiano”, que deverá
se voltar para o teatro. E ele espera conseguir essa participação popular com a
apresentação em junho próximo do Projeto Pixinguinha que permanecerá por um
período de dois meses e meio diariamente no horário das 18h 30min, custando Cr$ 15 o ingresso.
A Bahia será o primeiro Estado do Norte/Nordeste onde o
projeto se apresentará e esse horário fixado no sul do país deverá ser aceito
pelo público, depois de se tentar uma sensibilização para isto. A criação do
horário por iniciativa do idealizador do projeto Hermínio Belo de Carvalho,
teve como objetivos a estipulação de um novo horário que não o habitual para
espetáculos e sobretudo facilitar a participação de pessoas que trabalham no
comércio, universitários e que diante dos problemas enfrentados na hora do
“rush” poderão se deslocar para o teatro como uma alternativa.
Em vista disso, o pessoal do projeto não vê falta de êxito a
exemplo de outros Estados principalmente porque “Nordeste é Brasil e Salvador
tem tradição em música popular brasileira”.
Sobre a burocracia que sempre foi o grande problema dos
direitos para desenvolver um trabalho necessário no TCA, José Augusto afirmou
que levou o assunto ao conhecimento do diretor da Fundação Cultural, mostrando
a necessidade de se encontrar uma solução prática para o problema e no decorrer
da gestão nós vamos chegar à alguma. A burocracia entrava muito, mas não se
pode evitá-la, mas o que interessa é que
p TCA tem que funcionar.
O TCA também não poderá deixar de funcionar com a realização
de convenções, simpósios e atividades afins, como assegurou o diretor, sendo
que a situação existe inclusive em outros Estados, mas ele, pretende,
gradativamente, ir modificando a situação transferindo atividades desse tipo
para outros locais, o que por si será resolvido com a conclusão do Centro de
Convenções.
O MUSEU DO HOMEM EM BELO HORIZONTE
Através de um convênio realizado entre a Fundação de
Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) de Minas Gerais e a Funarte, no valor de
CR$ 650 mil, está em andamento o projeto de pesquisa denominado “Manifestações
Etnomusicais da Região Grande Belo Horizonte”, visando subsidiar a implantação
do Museu do Homem naquela capital.
Foto Google.
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Fachada do Museu do Homem Brasileiro,BH |
A pesquisa, que integra o Projeto Universidade da Funarte,
está sendo executada por uma equipe de professores e estudantes da Universidade
Federal de Minas Gerais. Além do objetivo principal de criar um acervo
etnomusicológico para o Museu do Homem, o trabalho visa produzir um calendário
dessas manifestações na grande BH, divulgar o material recolhido e utilizá-lo
didaticamente nas escolas de 1º e 2º graus, enriquecendo o ensino de Música.
A PESQUISA
A necessidade dessa pesquisa provém do fato de que, até o
momento, não se fez nenhum estudo aprofundado e sistemático das manifestações
etno musicais-música folclórica, música ágrafa (dos índios) e música popular dos
grupos humanos que vivem na região da Grande BH.
Por outro lado, o Museu do Homem, criado em 77 dentro do
campus da Ufmg, com objetivo de recolher, estudar, expor e difundir as
expressões mais significativas da criatividade cultural das populações que
viveram ou vivem em território nacional, poderá absorver todos os resultados do
projeto. Esse acervo terá também importância, na medida em que será aberto ao
público para um contato com as manifestações populares, mais especialmente com
a Música Folclórica e a Música Popular.
A pesquisa será executada por técnicos e especialistas
vinculados à Ufmg e auxiliares de pesquisa selecionados entre os alunos da
Escola de Música, Comunicação e Belas Artes daquela Universidade, coordenados
pelo musicólogo José Adolfo Moura, com a consultoria científica de Cristina de
Miranda Mata Machado.
O trabalho obedecerá a diversas etapas: levantamento
panorâmico das manifestações musicais folclóricas e populares da Região da
Grande BH, pesquisa bibliográfica e de campo, análise e interpretação dos dados
e divulgação e desdobramento.