domingo, 7 de julho de 2013

UM MUSEU INTEGRADO NA COMUNIDADE

JORNAL A TARDE, SALVADOR ,SÁBADO, 10 DE ABRIL DE 1976

Não posso deixar de registrar a importância da programação do Museu Carlos Costa Pinto que é dirigido por Mercedes Rosa, uma profissional que sabe do papel do museu para com sua comunidade. Assim o Costa Pinto sai da antiga posição destinada ao museu, de simples depósito de quadros e outros objetos de arte, para assumir seu verdadeiro papel na formação da cultura do povo. É dentro deste espírito que este museu vem realizando uma série de cursos e outras atividades culturais.
Atualmente está sendo ministrado um curso intitulado A Arte Através dos Séculos, o qual foi iniciado em março passado e se estenderá até agosto próximo e em setembro um outro curso será iniciado sobre A Economia, a Política, a Arte, a Tradição, a Vida da Sociedade Baiana Durante 4 Séculos.
Quanto ao curso que atualmente está sendo ministrado você ainda poderá assistir algumas aulas que são ministradas no horário das 17 às 18h30m. Eis as aulas a serem ministradas: Abril- dia 12 sobre A Arte Romana: O Monumental e o Belo; dia 14, sobre a arte cristão primitiva Fase Catacumbária, Arte dos Templos; dia 19 sobre A Arte Bizantina : A Importância dos Ícones e a Crise Iconoclasta; dia 22, sobre A Arte Muçulmana : As Maneiras de Bem Decorar; dia 26 sobre A Arte  Românica : A Importância do 1º Estilo Definido na Idade Média; dia 28  A Arte Gótica, A Eclosão da Fé e a Arquitetura; dia 29, sobre A Arte Gótica : Os períodos Artísticos (sec. XII ao Sec XV; Maio, dia 03, sobre A Arte Gótica : As Grandes Manifestadões na Europa; dia 05 : A Arte Renascentista, Ao Renascimento/Gênios; dia 10, A Arte Renascentista : Maneirismo e sua Relação com o  Classicismo Renascentista; dia 12: A Arte Barroca, Conceitos. Barroca Europeu; dia 13: A arte Barroca na Bahia e Rio; dia 17: A Arte Barroca Minas e outros exemplos; dia 19: A Arte Rococó Época Galante; dia 20:  A Arte Neo-Clássica A Pintura Paisagística; dia 24, A Arte Neo-Clássica Arquitetura e Escultura; dia 26, A Art Noveau O Estilo Linear; dia 27: Os Movimentos Modernos, As Novas Ideias na Arquitetura e Escultura; dia 31: Os Movimentos Modernos, A Revolução na Pintura.

  MORREU MAX ERNST O PAI DO DADAÍSMO ALEMÃO

Morreu há poucos dias o pintor alemão Max Ernst, umas das figuras mais importantes do Dadaísmo, e também do surrealismo. Morreu após, prolongada enfermidade, aos 85 anos de idade. Nascido em Bruhl, perto de Colônia, em 1891, era filho de um pintor e professor, e estudou Filosofia na Universidade de Bonn.
Além de pintor Ernst foi escultor, poeta, escritor e, sobretudo, um explorador do desconhecido. Com ele desaparece um dos grandes artistas contemporâneos.
Logo após a Guerra Ernst travou conhecimento com Appolinaire em 1913 e com Arp, em 1914,  fundando em Colônia um Grupo Dadaísta que publicou a revista Die Schammade. Em 1919, criou o primeiro trabalho de colagem.
Grandes Enamorados, obra de Ernst Max
Já em 1922, em Paris, tornou-se um dos elementos do Grupo Surrealista, com André Breton, Eluard, Aragon, Arp e De Chirico. Escreveu um tratado sobre pintura surrealista, no qual dizia ter encontrado o equivalente à escultura automática, no processo de frottage, que na realidade é um meio de forçar a inspiração a fim de invocar uma paisagem interior. Efeitos materiais como a nervura das folhas, os veios da madeira e a trama dos tecidos, são obtidos esfregando-se grafite sobre um papel. Mas o quadro final só pode aparecer com o toque especial do pintor, reproduzindo a realidade poética do artista. Assim suas impressões resultavam em obras misteriosas, que sugerem paisagens imaginárias ou animais estranhos.
EM 1926 ele publica seu primeiro álbum de frottages, Histoire Naturalle, e realiza com Miró, os cenários para Romeu e Julieta, montado pelo balé russo.
Outro processo usado com Ernst foi a colagem, que os cubistas haviam usado com o objetivo de integrar elementos de valor meramente plástico na obra.
Em 1954 recebeu o prêmio da Bienal de Veneza. Naturalizou-se francês em 1958 e, em 1956, foi nomeado cavaleiro da Legião de Honra. Todos os anos retrospectivas de suas obras são realizadas em Paris, Nova York, Londres e Veneza.

                  A ARTE NO INTERIOR É META DA FUNARTE

Uma dinamização da arte no interior é uma das principais metas da Fundação Nacional da Arte –Funarte recentemente criada pelo Governo Federal. Será um trabalho de base, que não poderá colher resultados imediatos, mas sim criar um mercado para os novos artistas através da formação de platéias.
Para Roberto Parreiras, Diretor-executivo da Funarte não existe cultura oficial brasileira pois a função do Governo é simplesmente dar apoio financeiro a condições para que o processo cultural de desenvolva.
A Funarte iniciará suas atividades com quatro institutos cujos diretores já foram indicados: Marlos Nobre, para o de Música; Orlando Miranda, o de Teatro; Onofre Penteado, o de Artes Plásticas e Bráulio Nascimento, de Folclore. A ideia inicial de incorporar os órgãos existentes no MEC que atuam nessas áreas, foi modificada pois primeiro devem funcionar os institutos de Música e Artes Plásticas, que não possuíam nenhuma representação oficial.
Já o Instituto de Folclore, que vai incorporar a Campanha de Defesa do Folclore, será o segundo a funcionar, provavelmente no próximo mês de maio. Será uma espécie de laboratório para testar o que funciona ou não; administrativamente. O Serviço Nacional de Teatro vai começar a trabalhar com a Funarte imediatamente, mas só será absorvido em janeiro de 1977.
O trabalho de interiorização da arte será feito as secretarias  estaduais e municipais de Cultura formando animadores culturais dentro da comunidade, para incentivar a formação de grupos artísticos amadores.
Embora a Funarte já exista o trabalho dos técnicos ainda está em fase de planejamento. O importante é que ela será dirigida para o artista novo, um dos objetivos desta coluna, que comunga com os objetivos deste órgão estatal.
O orçamento da Funarte já foi definido é de CR$ 75 milhões, para o início de suas atividades este ano.
Estes recursos provém de projetos especiais da secretaria-geral do MEC, sendo de CR$20 milhões para o teatro, CR$ 30 milhões para as artes cênicas (circo, dança, fantoches).
Para aqueles que desejarem manter entendimento com a Funarte ela estará instalada na antiga Escola de Belas Artes, dentro de poucos dias.

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