JORNAL A TARDE, SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA, 13
DE MARÇO DE 1989
Aspecto da mostra Mulheres Artistas,onde vemos vários estilos |
Foi grande a participação das
mulheres na primeira das três exposições que a Galeria Panorama, Studio L e o
Shopping Barra estão promovendo em comemoração ao Dia Internacional da Mulher,
com patrocínio da Caixa Econômica Federal. A mostra Mulheres Artistas, começou no último dia 8. No dia 17, será a
exposição O Artista Vê a Mulher, uma visão da mulher através da arte, e, no dia
27, Mulheres Bonitas e Sensuais, são fotografias que mostram a beleza e a
sensualidade da mulher.
É a segunda vez que divulgo esta
iniciativa, pelas seguintes razões: primeiro, por se tratar de uma promoção
enaltecendo o papel da mulher e, também, por ser um espaço alternativo, que
merece ser preservado.
Entre as artistas que estão
participando do Projeto Mulher estão: Alessandra Carneiro, Amélia Ávila, Ana
Paula de Castro, Ângela Tenório, Anna Georgina, Bené, Carlota, Carmem Freaza,
Cecília Marques, Christina Almeida, Daisy Rosa, Edith Bruni, Elita Seixas Maia,
Flora Oliveira, Ingrid Picarelli, Ita Cardoso, Jussara Rego, Lai, Lourdinha
Porto, Lavínia Gondin, Lia Freitas, Luciana Pereira, Lucini Curry, Lygia
Milton, Márcia Magno, Maria José da Cunha, Marieta Aguiar, Maria Valinas,
Miriam Belo, Mariza Assumpção, Mônica Arruda, Mônica Bensabath, Neuza Collares,
Neuza Dourado, Nide, Núbia Cerqueira, Odete Valente, Regina Sá de Brito, Rosa
Maria Brasil, Silene Freitas, Sumaya Mendes, Tereza Koch, Tetá Diniz,
Therezinha Soriano e Therezinha Viana.
Entre os participantes da fase, O Artista Vê a Mulher, estará Abelleira com suas telas a óleo feitas com
utilização da espátula. Aliás, a mulher sempre foi o tema básico deste artista
que já está trabalhando para as próximas exposições que realizará em São Paulo e em
Barcelona, na Espanha.
ESCULTURAS SONORAS DE SMETAK
SERÃO EXPOSTAS
Smetak com uma obra sonora |
Além dos instrumentos, serão
apresentados manuscritos e partituras de Smetak, fotografias, filmes e vídeos e
ainda haverá debates, palestras cursos, concertos e recitais. O projeto está
sendo organizado pela Associação dos Amigos de Walter Smetak e pela Fundação
Gregório de Mattos, com supervisão do maestro Paulo Dourado. Participarão dos
eventos a Orquestra Sinfônica da UFBa., Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rogério
Duarte, Waly Salomão e Tuzé de Abreu, entre outros.
Walter Smetak,que viveu os seus
últimos 30 anos em Salvador morreu em 1984, influenciou grande número de
músicos brasileiros e deixou um dos maiores acervos culturais da Bahia, afirma
Paulo Dourado, ex-diretor da Escola de Música da UFBa. Esse acervo é conhecido
de poucas pessoas e precisa ser mais difundido e apropriado pelos baianos,
acrescenta Dourado.
Smetak é um dos poucos músicos,
do País que tem um trabalho auto-referenciado, compondo um universo total, e
chegou ao ponto de fabricar os instrumentos adequados para a interpretação da
sua música interior, como ele a denominava, diz Paulo Dourado. Apesar as
sofisticada criatividade, a obra de Smetak é altamente referenciava na cultura
popular, acrescenta o maestro, lembrando que os instrumentos dele foram
fabricados com sucata, cabaças, cabos de vassoura, mangueiras, pedaços de
relógios e outras matérias-primas do artesanato popular.
VISITAÇÃO
Foram convidados para os eventos
alguns musicólogos importantes, como o maestro Ernst Widmer, amigo de Smetak, e
Joaquim H. Koelreuter, responsável pela introdução do atonalismo no Brasil e
pela vinda do próprio Smetak ao País. Um dos eventos programados será um curso,
dividido em três seminários, sobre Fabricação de instrumentos musicais, Gênese
da música contemporânea e Smetak, música e escoterismo o compositor suíço era
também filósofo e poeta.
Visita de escolas da prefeitura á
exposição já foram acertadas com a Secretária de Educação, Eliana Kertérz, e
escolas particulares serão convidadas. Os organizadores também vão propor à
Emtursa que atraía grupos de turistas para visitar os eventos.
PINTURA BRASILEIRA NAS GUIANAS
Uma obra do cearense Aldemir Martins |
Pintor brasileiro contemporâneo,
artista figurativo de São Paulo, como Maranca é definido pelo verbete do
Dicionário Biográfico Universal publicado em Hanover Pensylvânia ,
EUA, 1963, sob direção de Eduardo Cárdenas. Começou a pintar a óleo paisagens e
flores, no interior do estado de São Paulo; na zona rural de Ribeirão Preto, em
1950, mas seus primeiros desenhos datam do período de sete anos, durante o qual
residiu em Roma. Foi
aluno de Lívio Abramo (gravura) na Escola de Artesanato do Museu de Arte
Moderna de São Paulo em 1953, e de Waldemar da Costa, em seu ateliê, de desenho
e óleo, de 1954 a
1956. Neste mesmo ano, chefia o departamento de imprensa da Bienal. Ao longo
dos anos 50, Maranca lidera, em
São Paulo , o movimento figurativista que se opunha ao
abstracionismo ditado pelo MAM de Nova Iorque, e organiza uma série, de salões
polêmicos, com centenas de quadros de Portinari, Tarsila, Segall, Di
Cavalcanti, Flávio de Carvalho e Anita Malfatti. Em 1957, realiza sua primeira
exposição individual, com 50 desenhos e nanquim, no Clube dos Artistas de São
Paulo e, durante três anos, trabalha no ateliê de Clóvis Graciano, como
ajudante na feitura de grandes painéis.
ECKENBERGER EXPÕE BONECOS NO
18 DO PASCHOAL
A primeira ideia que me surge
quando observo um trabalho de Eckenberger é imaginar uma pessoa alheia ao
movimento de arte diante de um boneco de pano, barro cozido ou mesmo de um
desenho de sua autoria. As expressões giram em torno do espanto e afirmações
mais desencontradas, fruto da dificuldade de decodificação. Mesmo assim não
deixa de ser importante o registro, porque é uma forma de se emocionar diante
de um estímulo. A arte do artista é realmente intrigante porque foge ao
convencional. Diria que é como se fosse uma apologia ao feio, se tomarmos o
bonito como o padrão da telinha mágica da televisão onde desfilam jovens, de
ambos os sexos, rosados e envolvidos em ambientes requintados.
As figuras de Eckenberger parecem
habitar um local fora do nosso ambiente, mas vivendo em perfeita harmonia com
seus órgãos disformes. Em determinado momento nos trnasportam a um local onde
ainda reina um monarca com seu séquito formado de pessoas gordas e abstadas que
continuam rindo, comento e bebendo sem parar.
Conheço Ekenberger há vários anos
e me impressiona a sua coerência temática e mesmo de traço. Tanto faz trabalhar
com tecidos, para conceber seus bonecos de pano ou com o barro, com o desenho
em suas aquarelas e aguadas ou mesmo com óleo sobre tela, que o artista
tristes, mais dignas. É um universo que casa completamente com a sua figura
doce e cordial.
Sua opção em fazer uma verdadeira
apologia ao feio através de suas figuras anticonvencionais já permite uma série
de projeções de ideias e discussões. É como se fosse um corte na estética
oficial. Como abrisse um fosso obrigando o observador a parar e meditar sobre
sua fragilidade humana. Os títulos que ele dá aos trabalhos tem uma
fundamentação muito grande na cultura popular. São tipos humanos que estão vivendo
um momento na metamorfose desta vida cada vez mais complicada.
Quando o conheci, e me disseram
que nascera em Buenos
Aires , duvidei. Achei que Eckenberger era americano. Sua
figura comprida, meia loirada e falando embolado me passou a imagem de americano,
mas não é. Estudou Arquitetura e passou dois anos na Escola Superior de Belas
Artes. Fez ainda curso de cenografia no Teatro Cólon, em Buenos Aires. Aqui
aportou em 1965 e desde então é uma figura presente no movimento de arte
baiano. É um dos integrantes do Projeto Nordeste, juntamente com Juarez
Paraíso, César Romero, Juracy Dórea e outros. Em 1966 recebeu o 1º prêmio de
pintura na 1ª Bienal Nacional de Belas Artes Plásticas da Bahia, e em 1976 o
prêmio Francisco Matarazzo, na Bienal nacional de São Paulo. Já expôs em
Barcelona, Paris, Munique e em várias galerias do Sul do País, além de inúmeras
individuais em Salvador.
Nesta exposição os trabalhos de
Eckenberger estão inseridos na ambientação do Bistrô e da Galeria do 18 do
Paschoal, alternando suas já famosas bonecas de pano com peças de cerâmica e
pintura desta sua última fase, o lúdico e o dantesco se apropriando do espaço
arquitetônico barroco do velho sobrado, num acasalamento sempre sonhado por
arquitetos-artistas plásticos.
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