quarta-feira, 17 de julho de 2013

MEMÓRIA FRACA ABANDONA NOSSO PATRIMÔNIO

JORNAL A TARDE , SALVADOR, SÁBADO, 28 DE JANEIRO DE 1978

Evidente que vivemos num país sem memória cultural. Os nossos órgãos encarregados de garantir a posteridade de nossa cultura praticamente não existem. O IPHAN está aí como prova maior desta afirmação. Assiste passível nossos monumentos serem consumidos pelo fogo ou mesmo pelo tempo. Enquanto isto a burocracia e as cartas chovem nas redações dos jornais. Agora resolveram acabar com o curso de Museologia da Universidade Federal da Bahia, porque no entender dos burocratas não tem mercado de trabalho. Uma afirmação à primeira vista bonita e acertada. Mas, acontece que nossos museus não tem museólogos.
Talvez os burocratas estejam com receio que esses novos profissionais venham concorrer no mercado arrebatando-lhes o ganha-pao, ou quem sabe, são mais inteligentes e isto é um perigo num país desmemoriado. Enquanto isto os estudantes mostram a todos que o mercado de trabalho existe, que nossos museus estão sem profissionais e nada adianta. Fecharam as portas e assim o nosso país vai atravessando os anos desmemoriado. Aliás, sofre desta doença há séculos.

Fazendo parte de um trabalho de esclarecimento ao público, sobre a vida cultural da comunidade e a necessidade de continuação do curso de Museologia da UFBa, ameaçado de extinção, os estudantes de Museologia da Universidade Federal da Bahia promoveram recentemente um encontro, no Museu de Arte Sacra. A reunião contou com exposição, palestra e debates sobre a Preservação da Memória Nacional e a Importância do Museólogo na Preservação da Memória Nacional.
A Museóloga Mercedes Rosa kruchevsky, diretora do Museu Costa Pinto, abordou o tema Preservação da Memória Nacional, e a estudante de Museologia, Mary Rodrigues, do Rio de Janeiro, falou sobre a Importância do Museólogo na Preservação da Memória Nacional.
Estas fotos são de um curso sobre objetos de
 prata no Museu Carlos Costa Pinto
Segundo os estudantes de Museologia, o trabalho de esclarecimento ao público se deve ao fato de que o curso não constou da lista de opção oferecida pela UFBa; para o vestibular deste ano, na área de Ciências Humanas, embora fosse criado pela própria Universidade, desde 1969, quando era Reitor o professor Roberto Filgueiras Santos.
A omissão do curso provocou a apreensão entre os estudantes de Museologia, que, como principal tarefa de esclarecimento, encaminharam um documento à Universidade, à comunidade baiana e ás autoridades governamentais e educacionais locais, justificando a necessidade de o curso ser preservado. Ao lado do pedido de reinclusão do curso, como opção para a área três, a partir do vestibular de 1979, dirigido à Universidade, os estudantes pediram, também, fossem incluídas disciplinas que consideram específicas, para uma melhor formação do museólogo, bem como a complementação da carga horária, no total de 2.700 horas, conforme determinação do Conselho Federal de Educação, que estabelece, também para o curso, um total de 114 créditos.
O curso de Museologia que existe no Rio de Janeiro, e o da UFBa. São os únicos que se dedicam à formação de técnicos no setor, em nível universitário. Os estudantes procuraram enfatizar, no documento, a importância desses profissionais no trabalho de preservação da memória nacional, que tem sido a preocupação constante dos últimos governos.
Diante disso, os futuros, museólogos consideram indispensável a reinclusão do curso na lista de opção da UFBa.
Apesar de todo o trabalho que vem sendo desenvolvido até o momento, nenhum pronunciamento da Universidade foi divulgado sobre a reivindicação dos universitários, que desejam e esperam uma solução favorável. Para a Universidade Federal da Bahia há insuficiência de oferta de mão-de-obra no setor, e esta teria sido uma das razões porque preferiu vetar o curso de Museologia.
Segundo informam os próprios estudantes, na pesquisa realizada pela UFBa, dos 12 museus que identificou, a Universidade comprovou que apenas quatro deles possuem técnicos de nível superior, com apenas um ocupando cargo de direção. Os estudantes contestam estes dados e afirmam que três diretores possuem formação superior, e que os 12 encarregados de museus entrevistados alegam falta de condições adequadas para o funcionamento dos órgãos que dirigem.
Com a falta de condições qualificadas de infra-estruturais pelos estudantes, eles concluem que existe mercado de trabalho. E o que ficou evidenciado é a falta de aproveitamento dos diplomados, que poderiam ser importantes auxiliares na dinamização dos museus.
Os estudantes defendem a necessidade de colocação do pessoal diplomado nos lugares que lhes são próprios, por direito, nas atividades técnicas ou de direção nos museus, sugerindo que isso seja objeto de atenção das autoridades.
FALTA DE RECONHECIMENTO
São inúmeras as queixas, tanto dos estudantes como dos professores, que reclamam, principalmente, a falta de reconhecimento do curso pelo Conselho Federal de Educação, e a falta de locais adequados para as aulas e estágios e de falhas de natureza curricular. Os estudantes alegam, por exemplo, que o curso não está tendo sua carga horária prevista, não havendo tempo de duração definido. No currículo, faltam disciplinas específicas, consideradas indispensáveis para a formação adequada do museólogo. As aulas são ministradas na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e a parte prática, principalmente no Museu de Arte Sacra.
Durante o encontro de ontem, tanto os professores como os alunos tentaram mostrar que o museu é um elemento vivo dentro da comunidade fundamental no estudo, conservação e divulgação do patrimônio artístico e cultural, não apenas na Bahia, mas de todo o Brasil. Durante os debates, tanto a Museóloga Mercedes Rosa, como a estudante Mary Rodrigues, afirmaram que este patrimônio, embora seja uma essência, á memória do País, está ameaçado de perder-se exatamente, por falta de meios técnicos e administrativos adequados para a sua conservação e controle. Neste sentido, destacaram a importância do Museólogo, especialmente formado com essa finalidade.
Também foi dito que durante a existência do curso de Museologia da UFBa, já diplomou um total de 37 profissionais segundo dados oficiais, e mais de 80 estão em fase de formação, e, estes profissionais poderão ser totalmente absorvidos pelas entidades atualmente existentes em Salvador, como as Fundações Culturais do Estado, Departamento de Cultura do Município, Igrejas, Monumentos, Escolas, Museus e outros órgãos distribuídos pela Capital e interior. Tudo isso, sem se falar em outras cidades do Nordeste, onde existem cerca de 50 museus, e nos quais trabalham, apenas, quatro ou cinco museólogos, conforme pesquisa feita pelos estudantes de Museologia da UFBa.
Estas palavras são dedicadas aos novos museólogos: Anna de Vecchi,    Castro Nogueira, Jacy, Passin Franco,   Maria Conceição Berbert Tavares de Carvalho, Maria de Fátima Magalhães Guimarães, Marilene Cerqueira Santos e Regina Helena Bandeira de Carvalho Pereira.

           QUADRINHO BAIANO JÁ TEM ATÉ CURSO

O artista baiano Jorge Nascimento, de 21 anos, elaborou e imprimiu, em livro, um Curso de Desenhos Animados, destinado a todas as pessoas, de qualquer idade, que desejam iniciar-se ou mesmo especializar-se na elaboração de criações dessa natureza. Ele afirma que o curso tem a finalidade de promover e incentivar a formação e o aprimoramento de profissionais ou amadores do desenho animado.
Segundo o desenhista, o livro torna possível a aprendizagem das técnicas de elaboração e filmagem dos desenhos, mediante a amostragem de inúmeras ilustrações, com os primeiros traços de cada série de desenho, mostrando-se, também, dos fundamentos da animação. Esse livro, informa o autor, preencherá uma lacuna existente na Bahia, onde existe carência de material didático sobre o assunto. O livro custa CR$65 e pode ser adquirido, por enquanto, na Rua Chile, 7, com o Sr. Zito, no horário comercial.

BIBLIOGRAFIA
O livro de Jorge Nascimento, além de oferecer a vantagem de ser escrito em língua portuguesa, por um baiano, ao contrário do que acontece com a maioria da bibliografia sobre o assunto,é bastante acessível e inclui tudo que se refere às noções de filmagens do desenho, bem como acerca do material que é utilizado. O autor afirma que, a partir de março, o livro será lançado em todas as livrarias da cidade, podendo ser adquirido por qualquer pessoa interessada no aprendizado.
O mercado para animadores, na Bahia, ainda  inexplorado, segundo Jorge Nascimento, mas bastante promissor, havendo muitas possibilidades, na área de cinema e no setor publicitário, principalmente, como já ocorre em algumas capitais do Sul, entre elas São Paulo e Rio de Janeiro. O artista queixa-se, porém, da falta de divulgação da importância do desenho animado e apoio ao setor, notadamente, por parte do governo, como acontece com os festivais de cinema, onde se incluem, também, os desenhos animados.

O AUTOR
Jorge Nascimento afirma que se dedica aos desenhos animados desde criança e aos 15 anos já pretendia fundar uma escola. Começou fazendo pintura artística e entregou-se à pesquisa sobre animação no desenho. Já participou, com a apresentação do trabalho, em vários festivais de filmes Super-8, em Fortaleza, Aracaju, Curitiba, Recife e outros. Atualmente trabalha como desenhista publicitário, numa agência de Salvador.
Seu livro é escrito em linguagem simples, impressão offset, com quase 40 páginas, no formato 22cmx27,5cm.

   CARONA ROUBA GRAVURA E ESCULTOR FOI PRESO

Eis ai o belo Kimbell Art Museum, no Texas
Fort Worth, Texas - As autoridades do museu desta cidade sugeriram uma recompensa para um escultor que alegou que um homem a quem deu carona deixou uma obra roubada de Rembrandt em seu automóvel. Ao invés de prender o suspeito, a polícia prendeu o escultor.
O escultor não identificado, telefonou às autoridades do museu para dizer que havia encontrado a gravura no valor de mais de 55 mil dólares ( 882 mil cruzeiros) numa revista que tinham deixado no seu carro.
As gratas autoridades do Museu de Arte Kimbell afirmaram que o escultor devia receber uma recompensa. No entanto, a polícia o prendeu enquanto investiga o roubo e anunciou posteriormente que o individuo não conseguiria passar pelo teste do polígrafo.
A gravura, Paisagem com um Chalé e Celeiro, assinada pelo mestre holandês e datada de 1641, foi rasgada de uma proteção de papel e de uma peça de plexiglas, que a protegia.
A polícia afirmou ter encontrado impressões digitais do escultor numa moldura ligada a gravura. A moldura foi deixada no museu quando a gravura foi roubada. O escultor afirmou ao diretor do museu Richard Brown, que julgava que a gravura de 337 anos havia sido comprada pelo caronista num museu até que viu a  fotografia pela televisão do Rembrandt perdido naquela noite.
Brown elogiou o homem por notificar as autoridades do museu e apesar da medida da polícia, o museu elogiou-o.Ainda somos favoráveis as declarações do Dr. Brown no sentido de que acreditamos em sua inocência e que ele fez uma boa ação de cidadão, afirmou um porta voz do museu.
Brown declarou que a gravura havia sido enrolada ficando ligeiramente rasgada numa extremidade, mas que isso poderia ser reparado.

               OITENTA MIL POR UM BOM CARTAZ

Este o belo e histórico Teatro da Paz,de Belém 
Até o dia 28 de fevereiro estarão abertas as inscrições para o concurso de cartazes sobre o Centenário do Teatro da Paz, de Belém do Pará, comemorado este ano, com prêmios no valor de CR$ 80 mil.
Será a maior premiação nacional para criação nesse gênero, sob o patrocínio da Funarte em conjunto com o Governo do Estado do Pará, através da Secretaria de Estado de Cultura, Desportos e Turismo.
O concurso, de âmbito nacional, tem por objetivo a criação de cartaz Inédito que servirá como peça de promoção turística do Estado do Pará. O vencedor receberá CR$ 50 mil, o 2º. Colocado, CR$20 mil e o terceiro, CR$10 mil, além das menções honrosas a critério da Comissão Julgadora.
A inscrição e entrega dos trabalhos deverão ser feitas até o dia 28 de fevereiro na Sede da Secretaria de Estado de Cultura Desportos e Turismo do Pará, Avenida Governador José Malcher, 295-CEP 66.000- Belém-Pará.


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