JORNAL A TARDE, SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA, 17
DE ABRIL DE 1989
As obras de Kau Mascarenhas demonstram intuição e são figurativas |
Já
participou de algumas coletivas realizadas na Faculdade de Arquitetura e mais
recentemente, teve dois trabalhos selecionados no Salão Universitário de Artes
Visuais. Confesso que fui um dos jurados deste salão, mas não conhecia o Kau
Mascarenhas e não lembrava de seus trabalhos, entre tantos que tivemos que
examinar. Portanto, sua seleção foi fruto da qualidade de suas obras, mesmo
porque se conhecesse antes de nada valeria ou influenciaria no meu julgamento. Porém chamo a atenção para não deixar qualquer dúvida, porque temos que estar
prevenidos contra qualquer insinuação.
Esta
é a sua primeira individual.Ele
me foi apresentado por Eliane Varjão, encarregada do setor de marketing do
shopping. Kau Mascarenhas está satisfeito com a presença de suas obras num
espaço aberto por estar sendo vista por pessoas dos mais variados status e
níveis de conhecimento.
Ele
diz que no instante em que está pintando não realiza um desenho ou uma base
para iniciar.
Tudo
surge espontaneamente e vai dando as soluções conforme as coisas vão surgindo. É um trabalho intuitivo figurativo, mas que já demonstra uma grata
possibilidade da simplificação. Isto pode se sentir com o envolvimento das
figuras em manchas e contornos suaves.
JEAN
DUBUFFET O CRIADOR DA CHAMADA ARTE BRUT
Uma obra de Jean Dubuffet |
Em
1944, Dubuffet faz, em companhia de Jean Paulhan e de Paul Budry, uma viagem de
prospecção a Lausanne e visita as coleções dos hospitais psiquiátricos.
Descobre Wolffi, o prisioneiro de Basiléia, Aloise, os clássicos da Arte Bruta,
e vê neles a projeção muito imediata e direta do que se passa nas profundezas
de um ser.
Dubuffet
definirá claramente essa arte em julho de 1945, em L’Art Brut Préféré Aux Arts Culturels ( A Arte Bruta de Preferência Às Artes Culturais). Com essa expressão
designamos obras executadas por pessoas desprovidas de cultura artística, nas
quais o mimetismo, contrariamente ao que acontece com os intelectuais, tem
parte mínima ou nula de modo que seus autores tiram tudo (temas, escolha dos
materiais empregados, meios de transposição, ritmos, modos de escrita etc.) de
seu próprio fundo e não dos modelos propostos pela arte clássica ou pela arte em moda. Arte em que, por
conseguinte, só se manifesta a função inventiva.
NOVAS
INFORMAÇÕES DE EXPOSIÇÃO NA CALIFÓRNIA
Usando cipó trançados,Edson da Luz criou Saga do Nordeste |
100 Anos da Abolição da Escravatura.Este é o segundo, no Califórnia Afro-American Museum Foudation." Estas são algumas palavras da correspondência que recebi do artista baiano Terciliano Jr., que ora encontra-se nos Estados Unidos, onde realizará quatro exposições de suas obras recentes.
Informa
ainda o artista que a expectativa dos americanos é muito grande em relação às
obras dos brasileiros. Para muitos deles foi uma surpresa, para outros, a
alegria do reencontro. Em seguida lembra Terciliano que a arte contemporânea
afro-americana tem uma linguagem calcada em cima de poucos elementos e está em
volta em sua realidade cotidiana.
Aí
entram as suas limitações, porque os elos, as chamadas raízes da Mãe África já
estão distantes e foram apagadas pelo processo de desenvolvimento e
envolvimento cultural com uma sociedade moderna e tecnologicamente avançada.
Daí a justificativa da expectativa, da surpresa, e da emoção que as obras dos
artistas baianos causam aos americanos que tem alguma identidade com o afro.
Na
sua linguagem simples, Terciliano nos chama a atenção que podemos ver uma obra
de um Ed Clark, Bing Davis ou do mestre Claude Clark ou Mary O’Neil, os quais
partiram para outros canais na tentativa de fazer o belo ou o bonito. Belo - insiste - é a própria história deles e de seus ancestrais que criaram e criam
formas artísticas expressando suas alegrias e tristezas. E o bonito é o
apanhado de um movimento de uma época, onde eles fazem uma reciclagem e mostram
ao mundo sua obra.
Ele
ressalta que neste confronto, o artista brasileiro tem demonstrado maior
riqueza, porque sofre uma influência da cultura africana muito maior,
especialmente o baiano. No seu linguajar cheio de emoção. Terciliano me diz
ainda:
Por
isso nós artistas baianos brasileiros somos mais felizes do que os artistas
afro-americanos. Eles mantém a idéia de expressão acesa, mas nós temos mas
elementos e ligações e somos mais versáteis.
Movimento,acrílica , óleo e nanquim |
Relata
ainda Terciliano que os trabalhos do artista Edson da Luz foram muitos
apreciados pelos americanos. Edson enviou esculturas que integraram o projeto
Etsedron, que fez inclusive muito sucesso e foi premiado numa das bienais de
São Paulo. Um dado importante é que o trabalho do artista baiano está exposto
sem uma ambientação adequada, mesmo assim, está sendo muito apreciado.
Essa
exposição irá para o Bronx Museu of the Arts, em New York , em fevereiro do
próximo ano, e, depois, virá para o Museu de Arte Contemporânea de São Paulo.
MUSEU DO ECONÔMICO LANÇA UM GUIA PARA
O CENTRO HISTÓRICO
O Guia do Museu Econômico serve tanto a pesquisadores como a turistas |
Sobre
as instituições citadas, todas aquelas situadas entre o Convento do Carmo e o
Palácio Rio Branco, constam dados sucintos referentes ao seu histórico,
acervo, condições de acesso, atividades que desenvolve, entidade mantenedora,
horário de funcionamento e nome do responsável. Os dados foram coletados
através de questionários, aplicados aos responsáveis pelas instituições,
durante um ano, por uma equipe de técnicos (Miriam Beatriz Collares, Marina
Salomé Bastos e Ângela Petitinga, coordenada pelo professor José Calasans, do
Departamento de Estudos e Publicações do Museu Eugênio Teixeira Leal.
A
ideia de editar o guia levou, principalmente, em consideração, que divulga
essas instituições e como é possível se ter acesso a elas, pode ajudar no seu
desenvolvimento e ampliação. Para prejudicar este primeiro guia percorremos uma
área restrita. No próximo, pretendemos aumentar o número de instituições
citadas. Porém, não sabemos ainda qual a periodicidade da edição, afirmou
durante o lançamento a historiógrafa Miriam Collares. Entre as bibliotecas
visitadas, estão algumas criadas há pouco tempo, como a da Fundação Casa de
Jorge Amado, e outras antigas, como o Centro de Documentação do Pensamento
Brasileiro. Na parte de museus, 14 foram visitados, entre os quais a Casa do
Benin, Fundação Pedro Calmon (Centro de Memória da Bahia, o Memorial da antiga
Escola de Medicina da UFBa, e o Museu Afro-Brasileiro. Na parte de arquivos o
da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, Municipal da Cidade de Salvador e Casa
de Ruy Barbosa, entre outros.
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