quarta-feira, 10 de julho de 2013

ANA PINTO PESQUISA SEM PARAR

JORNAL A TARDE,SALVADOR,  SÁBADO ,16 DE MARÇO DE 1974


Ana Pinto ao lado de uma obra
Encontramos a artista Ana Pinto, no seu atelier, pintando sem parar. Ela vem pesquisando há algum tempo e já conseguiu uma infinidade de combinação de cores, com os mais variados tons. Dentro de sua pintura atual muita gente não percebe a passagem de uma tonalidade para outra. Ana não está à procura de um desenho bonitinho, arrumadinho e sim à procura de uma combinação variada de cores. Não é um trabalho simples, o de combinar cores. Seu estilo é uma mistura de impressionismo com expressionismo. O que pretende é captar tonalidades e lançá-las nas telas, dando formas dentro de seu espírito criador.
Seus últimos trabalhos apresentam vibração e um maior impacto visual, diferindo, assim, de suas antigas fases.Ana Pinto é uma artista de profunda sensibilidade e marca presença de vida em seus trabalhos. Fizemos uma experiência e apagamos algumas luzes do seu atelier e todas as pessoas presentes notaram que a maioria de seus trabalhos, mesmo em penumbra, provocou um certo impacto. É a luz que ela consegue captar e jogar para a tela, com utilização de cores vivas.
A artista não se impressiona com detalhes.Olhando atentamente os seus quadros, encontramos ricas composições, que funcionam como trabalhos diferentes. Alguns nos dão a impressão de mistério e presença de vida. Outros traduzem paisagens cheias de colorido, que é o próprio habitat de Ana Pinto.
Não existe em Ana Pinto uma necessidade imediata de aparecer, de comercializar os seus trabalhos. Isto porque ela não aceita compromissos que possam prejudicar a sua pesquisa.
Desde a escolha das cores à temática utilizada, Ana Pinto é livre. O que podemos sentir é sua maneira de viver e ver as coisas; daí preferir que pessoas desligadas de determinados setores gostem e consumam os seus trabalhos.
Sua arte é feita com amor, deleite e satisfação interior. É contra algumas pessoas que comercializam seu trabalho ao ponto de colocá-los em lugares inadequados para vendê-los.Prefere que seus quadros sejam procurados espontaneamente por àquelas pessoas que acham e reconhecem o seu valor de artista.
Seus quadros variam muito de temática. Ela diz: 'Hoje muitos artesãos são considerados verdadeiros artistas, quando, na realidade, quase não criam nada. Eles são capazes de fazer 500 vezes o mesmo desenho de um beato ou um casario e esculpir na madeira ou passar para uma tela. Não estão preocupados em criar, em renovar, em buscar algo de novo. O que importa a essas pessoas é a quantidade. Quanto a mim, tenho uma posição completamente oposta. O que importa é criar, é renovar e, principalmente, pesquisar."
Dos quadros que observei, mais de uma dezena, dois deles me chamaram a atenção: uma natureza morta e uma paisagem. Nesses trabalhos notei a liberdade de cor e expressão.
Ela parte de um desenho preestabelecido e quando começa a pintar esquece totalmente do desenho e joga a tinta livremente, conseguindo belas composições plásticas.
Agora Ana Pinto está trabalhando para uma exposição que fará na Guanabara, no próximo mês de abril, onde vai mostrar 21 trabalhos.

RIOLAN COUTINHO

Tendo como temas marinhas e paisagens, e professor Riolan Coutinho está expondo trinta trabalhos na Berlinda Galeria de Arte. Já conhecido do público, com várias exposições coletivas e individuais realizadas em Salvador, Estados Unidos e Europa, o professor Riolan Coutinho expõe trabalhos de sua fase atual, que é, acima de tudo contemplativa.

ARNALDO BRITO

Vinte quadros casarios, figuras humanas e paisagens compõem a nova mostra de Arnaldo Brito, na Galeria Cañizares, onde permanecerá até o próximo dia 22. Ele é formado em Belas Artes, aluno de Réscala e membro da equipe de restauradores do Patrimônio Histórico. Já realizou diversas exposições. Trabalhou na restauração das igrejas da Conceição da Praia e Santo Antônio da Barra e também nas pinturas da igreja da Ordem Terceira de São Francisco.

ESCULTOR DOIDÃO


O escultor José Cardoso de Araújo, que assina C. Doidão, está expondo seus trabalhos, todos os domingos, na Feira do Artesanato, no Terreiro de Jesus. É um artista de talento mas, devido a seu pouco conhecimento e falta de condições econômicas, não conseguiu ainda expor suas peças numa galeria.
Há cinco anos que ele vem trabalhando em madeira, inicialmente no bairro de São Caetano, e agora está residindo em Periperi, onde tem seu atelier.

Ele apareceu na redação trazendo três trabalhos para minha apreciação. Dois foram esculpidos em toros de madeiras. Um representa uma Oração a Oxalá, tendo uma composição com dois ogans abaixo. O segundo é uma composição com Omulu. Já o terceiro, em foram retangular, é uma composição do Senhor com um anjo. Todos os trabalhos mostram uma técnica apurada de um homem simples que sabe transpor para a madeira seus sentimentos em forma de arte.

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