JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO,
21 DE AGOSTO DE 1976
O colorido de Alice Barber está exposto na Mini Galeria da Acbeu, no Corredor da Vitória |
As
cores mágicas da América Latina estão despertando uma atenção especial na
artista norte-americana Alice Barber, que está em Salvador, onde discutirá durante
um seminário na Escola de Belas Artes a Importância das Cores nas Artes
Plásticas.
Uma
exposição de seus trabalhos, foi montada e está aberta ao público na
Mini Galeria da Acbeu na Vitória.
Para
ela o amarelo é a maior de todas as cores. É a cor dos deuses do âmbar, do
calor, do verão, do pergaminho, do ébano, enquanto que o branco é válido como
luz, mas irracionalmente mantenho o que não tem valor como luz, porque para
mim, o branco não reflete, e é sólido.
É
este o pensamento desta artista que prima pela cor. Seus quadros representam um
carnaval multicolorido onde as cores dançam numa fantástica e mágica vibração.
Um de seus quadros demonstra a sua capacidade técnica, através da utilização de
tons suaves que permite uma transparência leve e amena. Os flancos parecem
movimentar-se na tela em cores variadas, e adequadamente justapostos. Uma
pintura que parte do irracional, parte para a magia que exerce o colorido
tropical sobre esta norte-americana. É como um descobridor que aqui chegou e
ficou encantado com a quantidade de cores e a luz dos trópicos. Deixou atrás o
cinza de Nova Iorque ou Chicago e aqui encontra uma terra por descobrir, uma
terra onde a arte caminha devagar. As grandes extravagâncias da arte
contemporânea, ainda não atingiram seu ápice no Brasil. É aqui que esta
americana fica embriagada e aqui quer participar, juntamente, com os da terra
deste achado. A descoberta da cor.
Todos
estão convidados a participar deste trabalho, que terá início neste seminário,
que Alice Barber coordena na Escola de Belas Artes. Será a partida para uma
descoberta maior, da qual ela espera contar com a participação de artistas
baianos.
COMUNHÃO
DO CEARENSE TARCÍSIO NO MAM-RIO
Foto recente do cearense José Tarcísio.Um criador |
A
música está a cargo do Grupo Maria Déia, a dança com a bailarina Cláudia
Eugênia, e a literatura com o poeta angolano Ruy Alpha.
Assim
esteiras, pedras, redes, arame farpado são jogados no espaço cênico. O
espetáculo foi idealizado partindo do conceito cristão do ato de comunhão em
que várias pessoas se confraternizam num determinado momento, sendo que, no
MAM, em princípio se concretiza de forma diferente, isto é, o elemento hóstia
utilizado pela igreja é substituído por um novelo de linha que é conduzido por
um dos artistas de modo a enlaçar os presentes e assim atingir o seu objetivo.
Quanto ao som empregado no show, está dividido em ter ruídos e sons da natureza
em off e o repertório do Grupo Maria Déia, que é ligado às raízes populares.
QUEM É
Natural
de Fortaleza, Ceará, José Tarcísio foi residir no Rio em 1962. Neste mesmo ano
dedicou-se às artes plásticas, quando participou de várias exposições, obtendo prêmios em muitos salões. Representou
o Brasil na 7ª. Bienal de Paris, em 1971, com o trabalho Réquiem Para o Último Artista; em 1972, Isenção do Júri, no Salão Nacional de Arte Moderna, prêmio
viagem ao país, em 1973, e, em 1974, prêmio de viagem ao estrangeiro, entre
outros.
Como
artista plástico iniciou no desenho, passando a experimentar logo depois a
escultura, a litografia e a pintura. Com trabalho a paisagem, seus fragmentos e
interferências, tomou um rumo definido, fixando-se na arte experimental mais
ainda com a mesma temática da paisagem, que predomina até hoje.
ACOMPANHANTES
Cláudia
Eugênia, 19 anos, estuda dança clássica e jazz há cinco anos. Foi aluna de
Eugênia Teadorova, Vera Saba e Lennie Dalle. Além de continuar estudando,
também dá aulas no Mercedes Batista.
Grupo
Maria Déia, o nome do grupo deriva do verdadeiro nome de Maria Bonita, a
companheira de Lampião. O grupo é o mesmo desde quando foi formado há 11 anos e
são seus integrantes: Alberto de Castro, Ronaldo Florentino e Chico Moreira. O
trabalho que o grupo desenvolve é ligado ás raízes culturais brasileiras e
latino-americanas.
Ruy
Alpha, é natural de Angola e já reside no Rio há alguns anos, tendo publicado
poesias em revistas e jornais brasileiros. Recentemente integrou uma publicação
onde estão reunidos vários poetas cariocas e no momento está com um livro de
poemas no prelo.
QUARENTA
E DOIS LAMBE-LAMBES NO TERREIRO DE JESUS
Olha o Passarinho, segundos e a foto está pronta |
Uma
mostra está sendo organizada pela Prefeitura a partir de amanhã, ás 10 horas,
quando 42 lambe-lambes estarão disputando os três prêmios instituídos de CR$
1.500,00 CR$1.000,00 e CR$500,00. Eles chegarão um pouco antes do início da
prova e a comissão organizadora dará um cavalete a cada um onde exporão as
fotografias e o material para fixar as fotos e instruções para a mostra. Os
lambe-lambes farão fotos de paisagem, gente, animais e tudo que estiver a sua
volta. As fotos serão em preto e branco em qualquer tamanho. Se você quiser uma
foto vá amanhã ao Terreiro de Jesus que 42 fotógrafos estarão á sua espera.
PARTICIPAÇÃO
Para
o julgamento, a Comissão vai considerar artefotográfica, técnica de montagem e
fotográfica e as máquinas em função da técnica empregada, dando o resultado ás
15 horas.
Cada
espectador pode participar indiretamente da mostra, como elemento fotografado,
influenciando não só profissional como economicamente para cada fotógrafo.
Paralelamente
á mostra haverá apresentações de mambembes, mamulengos, pelotiqueiros,
destacando-se o mamulengueiro Natanael da Costa Oliveira, que estará presente
com seus 40 bonecos, apresentando diversas histórias, por ele consideradas de
comédias: O matuto sentando praça. Cobra gigante e Os 3 vigias, O Casamento e o
Enterro da Velha Filefidéfica, O Casamento de Anastácio, A Escola do Ignorante,
Lamparina Nega do Balaio Grande.
Nessa
apresentação Natanael usa cinco vozes: velho (a), mulher homem e criança.
PAINEL
PESQUISA-
O Instituto Nacional de Artes Plásticas, órgão ligado a Fundação Nacional de
Arte, do MEC, abriu inscrições para o apoio a pesquisa do período Colonial a
atualidade na área das artes plásticas, a estudiosos vinculados ou não á
instituições públicas ou privadas.
Os
interessados devem dirigir-se ao instituto nacional de Artes Plásticas da
Funarte, á Av. Rio Branco, 199 para solicitar instruções e propor e apresentar
seus projetos.
PUBLICAÇÕES-Visando a organização da coleção panorama de Arte Brasileira Ontem e Hoje, a Funarte através do Instituto Nacional de Artes Plásticas INAP, examinará para possível publicação em livro, originais inéditos ou monografias de estudiosos e historiadores de arte, pesquisadores, críticos, artistas e movimento, que versem sobre aspectos específicos relacionados com a evolução das Artes Plásticas no Brasil.
PRORROGAÇÃO - Em razão do interesse manifestado por artistas de todo o País, e atendendo às solicitações dos estudantes universitários, a Funarte decidiu prorrogar a entrega dos trabalhos, no concurso promovido para escolha do seu logotipo. A data do encerramento, inicialmente marcada para 1º de setembro, fica portanto protelada por mais trinta dias, esgotando-se o prazo a 1º de outubro vindouro.
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