quinta-feira, 2 de maio de 2013

IMAGENS ORIGINADAS DE FÓRMULAS MATEMÁTICAS


JORNAL A TARDE, SALVADOR,  SEGUNDA-FEIRA 23 DE OUTUBRO DE 1989

   

Estamos assistindo a presença mais marcante da tecnologia no desenvolvimento da arte. os computadores tornam-se a cada dia ferramentas indispensáveis, não apenas para cumprimento de tarefas empresariais, mas, também, de artistas que resolvem acompanhar os passos da modernidade, casando sua criatividade com instrumento ultra-rápido e de limitados recursos. Agora, o Instituto Goethe vai nos brindar com uma bela exposição Fronteiras do Caos, que está sendo mostrada em vários países, com o objetivo de difundir o estúdio da língua alemã no exterior e cooperar com o desenvolvimento cultural internacional. Esta mostra será montada no foyer do Teatro Castro Alves, onde permanecerá de 5 a 25 de novembro de 1989.
As belas e intrigantes imagens da exposição, as quais já tive oportunidade de ver num vídeo, são resultado de experimentações matemáticas e derivam do estudo de sistemas dinâmicos complexos. As imagens são surpreendentes e de estruturas variáveis que se desenvolvem a partir de simples leis matemáticas.
É uma forma do homem refletir sobre o comportamento de sistemas não-lineares em geral, e pensar sobre as sequências de cenas com uma interação de ordem e casos e a contemplar as fronteiras típicas entre zonas pertencentes a centros  conflitantes. Sempre que decolamos num avião, constatamos que a fina camada entre a Terra e o céu, na qual floresce toda a vida que conhecemos, tem uma espessura de alguns poucos metros. Será que a própria vida não poderia ser, de certa maneira, um efeito marginal?

Diz o catálogo da mostra que a ideia não é tão estranha assim, se levarmos em conta que margens ou fronteiras se prestam particularmente bem aos tipos de troca, dos quais depende a manutenção da vida: troca e transformação de energia e matéria, como ocorrem no aquecimento da superfície do nosso planeta ou na evaporação e condensação da água da chuva. Estruturas desenvolvem-se nas fronteiras e formam uma rede infinitivamente complexa, quando permitimos que sigam seu curso natural.
Os organizadores afirmam ainda que a consciência de que isso vale igualmente para fronteiras matemáticas e físicas pode causar surpresa. Mas essa validez é demonstrada pelos desenhos de computadores, apresentando na exposição Fronteiras do Caos.
Eles foram produzidos durante a realização de estudos e processos de feedback que ocorrem em sistemas naturais vivos e não-vivos. Torne-se como exemplo o crescimento de uma de uma caderneta de poupança com juros compostos. A cada ano, a soma total do ano anterior aumenta na razão de 1+p =(1+p)Xn. No correr dos anos, haverá um crescimento exponencial, que pode ser interpretado como um processo de feedback.
Com este cálculo, surge um grande número de generalizações e tudo termina com belas imagens, complexas e surpreendentes.
A exposição é formada por 76 reproduções em cores que revelam todos os recursos criativos da arte por computador. Fórmulas matemáticas levam a interessantes imagens coloridas lembrando os desenhos de um caleidoscópio. Vale a pena visitar.

II SALÃO BAIANO DE ARTES PLÁSTICAS ABRE NA SEXTA-FEIRA

O II Salão Baiano de Artes Plásticas será aberto na próxima sexta-feira, ás 21 horas, no Solar do Unhão. São cerca de 210 obras dos mais variados estilos que serão mostradas ao público baiano, sendo que participam 74 artistas, desses 64 são baianos. Portanto, tem uma boa presença numérica de artistas da terra, o que demonstra que a produção de arte em nosso estado continua a pleno vapor, apesar das dificuldades múltiplas que enfrenta a categoria. Basta dizer que a Fundação das Artes está cada vez mais de braço atados, esquecendo até mesmo os movimentos espontâneos e freando os que tentam caminhar.
Aliás, temos dito que parece que a incompetência e o marasmo têm-se estabelecido com muita segurança nos órgãos públicos ligados á cultura. Parece até uma sina dos artistas baianos, de ficarem sempre órfãos e assim continuarão, pelo menos, na atual administração.
É uma tradição que já vem do Pelourinho...
Este ano os jurados optaram ou ficaram atentos ás manifestações plásticas com razões baianas, No primeiro, do qual integrei o júri, pautamos por trabalhos do visão contemporânea, ou seja, inseridos no contexto internacional. São critérios que se confrontam a até mesmo se debatem. Continuo preferindo, por uma questão de informação e atualização os critérios que adotamos no primeiro salão, sem, no entanto, menosprezar as tais raízes populares, que muitas vezes descambam para o exotismo e as imagens padronizadas ou estereotipadas vendidas pelos pacotes turísticos.
Este ano também diminui a participação, ou seja, o número de inscrições. O salão foi menos divulgado e talvez o valor dos prêmios não tenha despertado a atenção.
De mais de 300 inscritos no primeiro, neste são cerca de 200. O número de artistas baianos premiados é maior, porque entre os prêmios distribuídos seis foram arrebatados por artistas da terra. No primeiro salão, apenas três baianos foram premiados. Agora, vamos aguardar a abertura do salão para fazermos uma avaliação melhor.


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