segunda-feira, 15 de abril de 2013

OFICINA DEVE RETOMAR A PRODUÇÃO DA GRAVURA - 10 DE JULHO DE 1989


JORNAL A TARDE ,SALVADOR,SEGUNDA-FEIRA 10 DE JULHO DE 1989

OFICINA DEVE RETOMAR A PRODUÇÃO DA GRAVURA

Abstração I, xilogravura de
Sérvulo,datada de 1957.
Começam hoje as oficinas de arte do Centro de Artes Plásticas do Solar do Unhão com a presença do cearense Sérvulo Esmeraldo que além de ministrar aulas para os baianos vai expor suas gravuras a partir das 20 horas.
A iniciativa é do Departamento de Artes Plásticas da Fundação Cultural com vistas a incentivar a troca de experiências. Por falar em trocar experiências, lembro aos artistas baianos, principalmente àqueles d minha geração e da geração subseqüente que é hora de buscar, mas buscar incessantemente, informações para que suas obras reflitam a modernidade. Quando falo em modernidade ou contemporaneidade é que estou observando artistas com poucos anos de experiência se repetindo muito, demonstrando uma certa passividade com o seu tempo. Vejo o artista como um elemento propulsor da modernidade, como um elemento á frente do seu próprio tempo. Na última sexta-feira, assisti uma entrevista do antropólogo Darcy Ribeiro, e, cada vez que leio ou ouço alguma coisa feita ou dita por Darcy, vejo-o sempre à frente do seu tempo. Um pensador tão inquieto que até se atrapalha no seu impulso criativo de dizer ou fazer rapidamente
Ele tem pressa, e nós aqui na nossa calma tropical balançada por este mar manso e azul ficamos a olhar o sol nascer e morrer pros lados da Ilha de Itaparica.
Sérvulo chegou. Não podemos vê-lo como um Salvador da Pátria, porque tenho certeza que ele mesmo jamais queria esta imagem. Mas, a presença deste artista é um elemento importante para que observemos a sua obra, observemos com cuidado. Procurem conversar com ele sobre sua experiência, sobre as esculturas que estão nas ruas de Fortaleza, sobre o acesso á arte pelo povo. Enfim, esta troca de experiência é necessária, principalmente para aqueles que por razões econômicas e por falta de oportunidade ainda não puderam sair para ver outras produções.
A proveito para lembrar também que existem por aí revistas e outras publicações importantes sobre arte. Principalmente as revistas de arte que estão nas bancas a preços acessíveis e que devem ser lidas e vistas com critério de um bom observador.
Recentemente, estive com o artista Leonel Mattos, que atualmente está morando em São Paulo, mas que sempre vem a Salvador, e estávamos conversando exatamente sobre essa necessidade do artista ver coisas novas e trocar experiências com colegas de outras praças. É um processo enriquecedor. Também é bom que se diga que nós da imprensa, inclusive eu, também necessitamos dessa reciclagem de tempos em tempos.
Os artistas precisam de autocrítica e reconhecer que muitas vezes estacionam. Apenas desenvolvem alguma habilidade e já se acham os maiorais. Vamos repensar a nossa produção. È hora de retomar a produção da gravura. Já escrevi aqui neste espaço que a Bahia tinha uma posição invejável na gravura brasileira. Até isto acabou. Alguns artistas morreram e outros partiram para trabalhar com outras técnicas e não houve renovação de valores neste campo. Vamos, a partir de agora, renovar, criar, trocar experiências com artistas nacionais e até internacionais. Temos que estar adiante do tempo. Esta deve ser a meta, o objetivo.
Natural de Crato, no Ceará, Sérvulo Esmeraldo é conhecido no Brasil e em vários países da Europa e América Latina. Ele tem obras editadas por várias galerias da Europa e dos Estados Unidos. Como afirma o crítico Olívio Tavares de Araújo, quando se mudou para a França há mais de 25 anos, Sérvulo Esmeraldo era, em definitivo, um gravador. Sua carreira européia se desenvolveu em função de uma produção gráfica segura e inteligente, de sóbria tendência construtiva.
A exposição de Sérvulo fica em cartaz em Salvador até o dia 31 de julho.
Já o seu curso é de Curta duração: de 10 a 14 de julho, á tarde, vagas limitadas. Os artistas interessados podem-se inscrever no Departamento de Artes Plásticas da Fundação Cultural, 3ª andar da Biblioteca Pública, Barris.
Além dos cursos permanentes, do diretor do Departamento de Artes Plásticas da Fundação Cultural, Zivé Giudice, anuncia a nova proposta das oficinas: Incrementar e incentivar a produção da gravura, numa tentativa de devolver à Bahia o prestígio que ela já teve, de grande centro produtor de gravura.
As oficinas são abertas a todos aqueles que aprender a arte da Xilogravura com Márcia Magno, Litografia Paulo Rufino, Gravura em Metal Renato Viana, Escultura Zu Campos, Desenho e Padronagem Elisa Galeffi. A oficina de cerâmica ainda não funciona nesse semestre porque o espaço está sendo recuperado.

                  SYLVIA DIAS DAUTRESME EXPONDO EM MONTE CARLO

Com apresentação de Pierre Restany está expondo em Monte Carlo, na Galeria Pierre Nouvie, Sylvia Dias Dautresme. A maioria de vocês nunca ouviu falar ou mesmo não conhece Sylvia, mas seu pai é um dos artistas mais consagrados deste País. Trata-se de Cícero Dias, pernambucano que há vários anos mora na Europa, principalmente na França.
Nesta reprodução da obra (foto) de Sylvia, que é a capa do catálogo, pares mascarados dançam animados por um piano. Destacamos as cores, que são poucas, mas que trazem uma vibração incomum. O branco e o preto são suficientes para envolver aquele atém a se examinar a sua obra. Noutro catálogo de uma mostra realizada no Japão intitulada Light of Silence, mais uma vez a artista demonstra com seu traçado quase que gestual que sua obra é pensante na medida em que transporta o observador a questionar as imagens que ela cria. São momentos de alegria e também de tristeza ou reflexão, que o homem convive na sua existência.

                     CASA DE ARTE BRASILEIRA FAZ CINCO ANOS

A Casa de Arte Brasileira está completando cinco anos de intensa atividade, e presenteia o público de Campinas, São Paulo com uma exposição de pinturas que, ficará marcada sem dúvida pela oportunidade de reunir bons artistas.
Blanco y Couto, inicia sua carreira em 1974 e participa de exposições e salões oficiais, entre seus prêmios se destacam as medalhas de ouro no I Salão Nacional de Artes Plásticas de Petrópolis-Rio de Janeiro, VIII exposição Cultural dos Imigrantes e grande medalha de ouro no Salão Acadêmico de Ribeirão Preto-SP entre outros. Nos últimos 14 anos, tem participado de inúmeros salões e exposições individuais e coletivas no Brasil e exterior. Élvio Santiago começou a expor em 1970 tendo participado em salões oficiais do estado. Em 1980, realiza sua primeira individual internacional na Galeria Náutica em Vigo-Espanha. Em 1982 participa do Cinquiéme Festival de Arts, na Bélgica. Em 1983 volta a expor individualmente na Espanha, tem exposto em individuais e coletivas em galerias de quase todo o Brasil e, em Campinas na Casa de Arte Brasileira, Justino, com 40 anos de pintura, Justino interpreta através de sua sensibilidade poética e mística, a dura realidade do povo caboclo esquecido do Vale do Paraíba onde nasceu.
Seu trabalho reconhecido pelas premiações nas exposições que participou no Brasil e exterior ilustra com uma força extraordinária o homem humilde e sofrido que se encontra entre as manifestações do folclore paulista e mineiro, Justino é sem dúvida o pintor do Vale do Paraíba. Cezaré, participou de praticamente todas as mostras oficiais de São Paulo: Jovem Arte, Salões Paulistas, Bienal Internacional de São Paulo três vezes. Na XII Bienal foi agraciado com o prêmio do incentivo à pesquisa e, participou da XV Bienal comemorativa dos 30 anos da mostra como convidado.


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