domingo, 24 de fevereiro de 2013

JOSELY CARVALHO ENRIQUECE O PROCESSO DA SERIGRAFIA - 30 DE NOVEMBRO DE 1981

JORNAL A TARDE,SALVADOR,  30 DE NOVEMBRO DE 1981

JOSELY CARVALHO ENRIQUECE PROCESSO DA SERIGRAFIA

Josely Carvalho ao lado de dois de seus últimos
trabalhos no MAMB
Gosto da serigrafia porque me oferece muitas possibilidades de trabalhar, esta frase pronunciada com veemência pela artista paulista Josely Carvalho é como um tapa de luva naquelas pessoas que discriminam este processo, por identificá-lo erradamente com uma arte menor, um simples trabalho artesanal. E, esta visão ou postura é fruto da repetição de idéias e imagens através de amadores ou semiprofissionais que exploram a serigrafia comercialmente.
Mas, Josely Carvalho vem demonstrar através de sua vibrante e contemporânea exposição montada no Museu de Arte Moderna da Bahia que a serigrafia é um processo que oferece recursos ilimitados. Vibrante e ansiosa por criar e principalmente por transmitir o que aprendeu nos Estados Unidos onde vive, mais precisamente em Nova York, aqui está ela reunida todas às tardes com um grupo de alunos, entre as quais Graça Ramos, professora de Belas Artes, e outros mostrando sua técnica. De temperamento inquieto, seria impossível imaginar Josely trabalhando em serigrafia com uma imagem única. Ela não aceitaria a repetição. Com a utilização da fotografia como base, consegue trabalhar diante de realidades e momentos fixados. Na mostra que está no MAMB vemos três momentos de sua obra. Uma série de trabalhos onde prima pelas transparências, outra onde fixou-se na mulher mostrando a singeleza dos nus, e finalmente, trabalhos com a presença de traços gestuais onde o desenho aparece como fundo mas fora de uma delimitação de espaços e vontade.
É contra aquele artista trancado em seu atelier. É preciso mostrar a arte nas ruas. É preciso manter contato com os jovens que estão surgindo para nos situarmos dentro das realidades dos momentos. Estes princípios que defende sempre são constatados na prática.
Sempre está preocupada em trabalhar com as comunidades e recentemente esteve em Santo André, em São Paulo, onde reuniu líderes da comunidade, clube de mães, representantes de associações de bairros, e daí desenvolveu técnicas de serigrafia. O resultado foi excelente, declarou, na medida em que durante a sua realização foram discutidos elementos, cores e realidade da comunidade, até que as chegasse a um resultado final.
A partir deste contato, os líderes levam suas experiências aos grupos, associações, criando deste modo um novo potencial de trabalho para as comunidades com as quais vem trabalhando.
Esta vinda ao Brasil e este trabalho em São Paulo, veio atender a vontade que existem em Josely já algum tempo, de retornar ao Brasil, e desenvolver com o seu povo, a sua terra e sua realidade, o que vem desenvolvendo em outras terras uma volta ás raízes. O artista tem uma responsabilidade muito grande, pois capta o futuro e tenta traduzir através de arte, numa coisa simples que todos entendam.
Josely iniciou seus estudos de desenho e pintura com Antônio Gomide, Juan Ponce, Marcelo Grassman e Darel, na Fundação Álvares Penteado. Formou-se em Arquitetura nos Estados Unidos fez serigrafia fotográfica na Califórnia. Como professora, iniciou seu trabalho em comunidades no México sendo entretanto nos Estados Unidos onde estes foram apurados.

A MULHER É TEMA CENTRAL
Dona de um amplo curriculum, com participação em exposições, cursos e todo o seu trabalho nos Estados Unidos, Josely atualmente artista residente é diretora do The Silkscreen Project em St Mark’s in, the Bowery. Escolheu o local onde se encontra o maior número de migrações marginalizadas dos Estados Unidos: porto-riquenho, chineses, poloneses, pretos e judeus. São gente sofrida, pessimista, que perdeu a fé em qualquer coisa boa.A exposição consta de 38 trabalhos e a mulher em comunidade é o tema central.

SEU PENSAMENTO
Veja aqui o pensamento de Josely:Quem é minha gente? Minha terra com reconhecimento de seu próprio povo.Verde, amarelo, azul, vermelho, tonalidades futuras, transparências passadas.
Retratos, linhas, massas, espaços em negro, cor da minha gente. E o que é Nova York? Onde estão meus olhos?Dormindo na indiferença de um mundo que não é meu.  Onde estão nossas mãos? Escondidas por detrás de cavaletes transparentes. Onde está sua razão? Perdida. Onde estão minhas memórias? Sentindo claustrofobia dentro de minhas próprias gavetas. Onde está o meu ser? Impresso em papel fundido.
Onde está o nosso futuro? Quem lhes falou que vocês tem futuro, disse o pássaro.

ESTUDANTES FAZEM ARTE NO COLÉGIO GÓES CALMON

Colégio Goes Calmon, nos Barris
Até o final da próxima semana estarão expostos na Sala dos Professores do Núcleo Educacional Góes Calmon, nos Barris, dezenas de trabalhos de artes plásticas, confeccionados pelos alunos do estabelecimento no decorrer deste ano. A exposição, segundo explicou a diretora do colégio, professora GIlka Figueiredo, é constituída de trabalhos que foram selecionados entre os alunos de cinco turmas da oitava série a tem como objetivo principal, desenvolver a criatividade artística do estudante e despertar o seu interesse pelas artes plásticas.
Esta promoção faz parte de uma série de atividades realizadas este ano pelo Núcleo Educacional Góes Calmon, através de programas integrados com as diversas áreas do ensino, e tem por finalidade, também encerrar os trabalhos do ano letivo, tanto nas áreas didática e pedagógica,  como cultural. A exposição apresenta trabalhos de qualidade, segundo análise feita pelos professores de Educação Artística e revela futuros talentos em pintura, técnica de montagem, além de esculturas em sabão, giz, mosaico e outros materiais aproveitados pelo próprio aluno.

DESTAQUE

Além dessa exposição de encerramento do ano letivo, o Núcleo Educacional Góes Calmon é um dos colégios estaduais de Salvador que tem se destacado, inclusive, a nível nacional, com a participação de seus alunos nos mais diversos eventos culturais que são promovidos por instituições e entidades oficiais. Somente este ano, de acordo com a professora Regina Maria Almeida de Araújo, coordenadora da área de  Comunicação e Expressão, os estudantes do estabelecimento participaram de vários eventos e, em todos eles, com uma atuação vitoriosa, entre os quais, o concurso Plante uma Árvores e colha seus frutos, promovido em março pelo IBDF; a I Bienal de Arte Infanto-Juvenil, sob a promoção da Funarte, em julho deste ano, no Rio Janeiro; Marinha, ontem, hoje e sempre, realizado pelo II Distrito Naval e do concurso Deficiente, pessoa como a gente, promovido pela  Secretaria de Educação e Cultura do Estado.
Explicou a professora Regina que os alunos  do Góes Calmon se classificaram em 1.ºe 2.º lugares na maioria destas promoções, além de terem sido os únicos representantes da Bahia, na II Bienal Brasileira de Arte Infanto-Juvenil, promovida pela Funart. Ainda este mês, o colégio estará representando, através de seus alunos, em mais dois acontecimentos culturais: no concurso de Pintura na Arte Jovem da Bahia, outra promoção do II Distrito Naval e do concurso para a escolha do Selo de Natal, a ser promovido pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Antes da exposição de encerramento do ano letivo, eles realizaram no colégio, uma mostra de Informação Profissional a qual, segundo a professora Regina Almeida, visou orientar o próprio aluno da escolha de um curso profissionalizante a nível de segundo grau. Este trabalho constou da exposição de cartazes relatórios elaborados pelos alunos da oitava série, a partir de visitas feitas à II Feira de Orientação Profissional e a instituições que atuam na área de ensino profissionalizante.


POLUIÇÃO É AMEAÇA À ACRÓPOLE  ATENIENSE


A contaminação ameaça a segurança da Acrópole de Atenas. Um novo grito de alarme para a sua salvação foi lançado pelo presidente Teodoro Skoulikidis, docente da Universidade de Atenas e membro da comissão encarregada de conservação de Acrópole, no congresso internacional sobre a contaminação do ambiente que se realizou em Salonica.
São quatro as causas do desmoronamento e das fendas dos mármores de três dos principais monumentos: O Erectão, o Partenão e os Propileos.
Estas causas são: 1) inchação dos reforços metálicos usados no passado para melhorar a estabilidade dos templos que se achavam em perigo; 2) A chuva ácida que ataca e dissolve a parte externa dos monumentos; A ação de microorganismos que devoram a pedra e que transformam o bióxido de enxofre em triôxido de enxofre; 4) As suspensões corpusculares que atacam a superfície dos mármores e causam buracos microscópios.
Há muito tempo estudam-se métodos para salvar os monumentos de Atenas. O próprio professor Skolikidis rejeitou uma proposta americana que previa revestir os mármores de substâncias plásticas. Outra proposta da mesma procedência propunha dar bário aos monumentos da Acrópole  a fim de que se tornassem indestrutíveis. Este sistema, que por outro lado daria aos monumentos uma cor prateada, segundo o próprio técnico grego, apressaria a destruição dos mármores.
A verdade é que a primeira medida seria a de procurar reduzir a poluição atmosférica, da qual Atenas é uma das cidades, da Europa, mais exposta, mudando o combustível dos meios de transporte e das fábricas que a rodeiam.



DICINHO- a capa do primeiro LP do grupo baiano Raposa Velha é do artista plástico Dicinho e na contra-capa as várias fotos são de autoria de Nicolau Reis. Depois de participar do II Festival de Música Instrumental este é um desafio a mais, a ser vencido por este grupo baiano, que numa tiragem independente de 1 mil cópias, aguarda boa reação do mercado.



FALSIFICAÇÃO- duzentas gravuras falsas, atribuídas ao pintor catalão, Salvador Dali foram apreendidas recentemente pela Polícia canadense. A operação policial visa localizar ainda milhares de outras obras falsificadas que estão sendo comercializadas nos Estados Unidos e na Europa. Os agentes estão vasculhando as galerias e residências de colecionadores visando saber a origem das obras que possuem.
ANTÔNIO CONSELHEIRO- finalmente arranjaram um jeito para recuperar a escultura Antônio Conselheiro do artista Mário Cravo que estava apodrecendo no Museu de Arte Moderna da Bahia. Precisou uma carta aberta escrita por Jorge Amado para que os responsáveis pela guarda da obra fossem sensibilizados. Considero esta escultura uma das peças mais importantes feitas por Mário Cravo pela sua autenticidade e força expressiva.




PELOS PÁSSAROS- o baiano Daniel Silva Gomes, natural de São Félix está expondo alguns de seus trabalhos na loja Sandiz, no Iguatemi. É sua primeira exposição individual e denominou de Libertai os Pássaros,numa perfeita alusão à apreensão desenfreada de espécimes em todo o Brasil. Ele defende a liberdade. Sabemos que a pomba é o símbolo da paz, e as asas simbolizam a liberdade contra as opressões. O artista já participou de outras mostras coletivas.

PEQUIM ABSTRATO?- houve muitas objeções a algumas obras abstratas expostas em Pequim Proveniente dos Estados Unidos.
A exposição constou de 70 quadros feito desde o período colonial até trabalhos, contemporâneos, e foram estes últimos, que geraram alguns comentários e problemas burocráticos. A abertura chinesa é também relativa... Basta citar os casos das duas chinesinhas envolvidas com romances com estrangeiros. Lá e cá é bom ter cuidado... É bom lembrar, que a exposição teve cunho oficial e na apresentação vinha um trecho assim: A arte que mandamos para esta exposição representa realmente alguma coisa a mais do que arte. Ela representa uma expressão do espírito americano de liberdade dentro do qual qualquer pessoa pode pintar, escrever ou fazer o que quiser, na medida em que não violar a Constituição. Aqui, nem sempre é assim...

COLETIVA- Adauto Machado, Aderbal Rodrigues, Aurora, Dílson Midlej, Ernesto Simões, Jane Lídia, João Augusto Bonfim, Lleana, Maria de Lurdes e Suzane Pinho expõem até 4 de dezembro no hall do Hotel Plaza. São trabalhos com diversas técnicas e estilos. É mais um espaço aberto ás artes plásticas pelo pessoal do Hotel Plaza e merece aplausos. A exposição será aberta no próximo dia 4 ficando até 20 de dezembro.
CONQUISTA – a Galeria Geraldo Rocha e o Atelier em Vitória da Conquista estão apresentando uma exposição de Adelson do Prado, Adilson Santos e Marisa F. Correia. Três baianos conhecidos pelos seus trabalhos e pela qualidade. A presença da arte e movimentação artística no interior merece o incentivo. Seria o caso dos órgãos como a Fundação Cultural passassem também a dar apoio a estas iniciativas, saindo um pouco do âmbito estritamente da capital. No interior existe muita gente criando e interessada em arte.
Ao lado uma obra do artista Adelson do Prado.




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