sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

CARLOS RODRIGUES ESTEVE NO SALÃO DE PERNAMBUCO - 1º DE FEVEREIRO DE 1988


JORNAL A TARDE SEGUNDA-FEIRA,SALVADOR,  1º DE FEVEREIRO DE 1988

CARLOS RODRIGUES ESTEVE NO SALÃO DE PERNAMBUCO

A obra Pausa para Descansar, que expôs no Salão
O pintor Carlos Rodrigues foi o único artista baiano a participar do Salão de Arte Contemporânea de Pernambuco, Edição 1987, na categoria de pintura. O quadro com o qual Carlos Rodrigues participou da mostra é uma acrílica sobre tela intitulada “Pausa para Descansar”. O salão foi realizado de 6 de novembro a 6 de dezembro passado, em Recife, contando com a participação de 109 artistas, de Norte a Sul do país, cujas obras foram selecionadas por uma comissão julgadora composta por Celso Marconi, Daniel Santiago, Ferreira Gullar, Marcos Cordeiro e Sílvio Hansen.
Esta comissão, aliás, depois de examinar os trabalhos, frisou que “consideramos que  o salão reflete, na sua diversidade de expressão a valores, a contemporaneidade da arte que se faz hoje no Brasil”. Os trabalhos, expostos na Galeria Metropolitana de Arte Aluízio Magalhães - Museu do Estado de Pernambuco-, resultou numa mostra “capaz de encantar os críticos mais exigentes”, conforme disse o secretário de Turismo e esportes do governo de Pernambuco, Maximiano Campos, para quem a arte ali apresentada revelou “instigante e sedutora criação”.
Carlos Rodrigues já realizou diversas exposições em Salvador e pinta desde 1973, desenvolvendo também atividades profissionais  na área de publicidade (criação e arte) e em jornal, sendo o programador visual do caderno Lazer & informação, de A TARDE. Sobre sua pintura, ele diz: “Nunca fico satisfeito com o trabalho que acabo de fazer.“Quero sempre mais e mais criatividade e acho que, aos poucos estou conseguindo fazer algo realmente novo, criativo, o que é a essência da arte”.
FASCINANTE E OTIMISTA
Carlos Rodrigues disse que “quando eu pinto, me preocupo criar uma imagem que causa impacto logo à primeira vista, que agrade, que chama a atenção das pessoas pelo que tem de novo e bonito”.
“O que encanta à primeira vista é um colorido riquíssimo, com um figurativo extremamente expressivo”. A declaração, sobre a arte de Carlos Rodrigues, é do professor de Estética da Universidade Federal da Bahia Ricardo Liper, para quem, na pintura de Carlos, “O que mais agrada é que seu traço, junto ao colorido, cria uma imagem vibrante da vida ao mesmo tempo que a critica com elegância. Isto é muito difícil de se conseguir e por isso muito raro. Porque é caricatura sem ser caricatura, é um colorido fascinante e otimista, lembra a pop sem ser pop e há traços de expressionismo sem estar preso aos seus cânones
Acredito que a sua ousadia é coroada de êxito. É impressionante o efeito.
Carlos Rodrigues está preparando uma exposição em Salvador para o próximo mês de abril, na qual deverá apresentar cerca de 15 óleos sobre tela novos, além de trabalhos já conhecidos.

               MUSEU DE ARTE SACRA EM LIVRO
“Merece o nosso apoio e o nosso aplauso qualquer modalidade de divulgação do patrimônio histórico e artístico da Bahia. Sem editoras, sem nenhuma revista que leve para fora daqui imagens do que temos de melhor, e que se degradam rapidamente, contam-se nos dedos da mão as empresas baianas, que fazem algum esforço neste sentido”. Esta observação é do diretor do Museu de Arte Sacra, Pedro Maia, a qual endosso.
Recentemente, foi publicado um volume sobre o Museu de Arte Sacra da UFBA., na série que o Banco Safra, de São Paulo vem editando sobre os grandes museus do Brasil para com o MAS.
Cada volume da série traz um prefácio, uma introdução histórica sobre o museu, e duas a três centenas de fotos em cores, comentadas pelo pessoal que nele trabalha, mais outras tantas em preto e branco, com legendas. De  formato e diagramação uniformes, os seis volumes já publicados têm fotos de Rômulo Fialdini e os fotolitos e a impressão fazem-se em algumas das melhores gráficas de SP, como a Lastri e a Melhoramentos. A tiragem varia entre 10.000 e 18.000 exemplares - um recorde para livros de arte no Brasil!
Os clientes do Banco Safra estão incorporando, desta forma, livros de grande valor à suas bibliotecas. Quem não o  é, tem de depender CZ$ 3.000, ou CZ$ 4.000.00... No caso do livro sobre o nosso belo Museu de Arte Sacra, realçam adequadamente a importância artística, iconográfica ou histórica de cada peça os comentários de José Roberto Teixeira Leite, Liana Gomes Silveira, Luiz Roberto Pinto Dantas, Neuza Campos Borja e Pedro Moacir Maia- diretor do MAS/UFBA. E editor do livro. Diz Pedro que são também fotografias e textos, o melhor dos convites a visitar ou a resolver o MAS, na Ladeira do Sodré, que, aliás, segundo sei, raramente é incluído pelos guias de turismo em seus roteiros.

   NAIR CARVALHO MOSTRA SUA ARTE
Lua Nova e Desova,as tartarugas  são  presas
 fáceis dos predadores

Vou falar hoje de uma pessoa muito presente na sociedade baiana e mais recentemente no meio artístico. Trata-se de Nair de Carvalho que está expondo até o dia 7 do corrente mês no Martim Club Hotel. Na realidade tenho tido pouco contato com a artista, devido a minha vida atribulada de jornalista, principalmente por ficar diariamente preso na redação até mais de 23 horas. Isto me impede de estar presente em muitos locais onde poderia rever as pessoas, abraçar os amigos e participar mais da vida da cidade. Isto só consigo aos sábados, e até, sou obrigado a ver as exposições durante o dia. Mas, este é outro papo, porém, tem a ver, porque é a razão da minha ausência na abertura de exposições.Quando a gente pensa em Nair lembra de Genaro. Particularmente lembro da última vez que o vi trabalhando ao cortar uma barata doce para estudar as suas estranhas e dali tirar lições para seus tapetes. Da convivência do Genaro brotou em Nair o gosto pela arte. Desta convivência de  sensibilidade frutificou um artista tema, doce mesmo, onde os pássaros e outros animais que pinta parecem que estão vindo de um paraíso. Aliás, as tartarugas, tão implacavelmente caçadas nas praias do litoral norte, Nair resgata-as e transporta-as para este seu paraíso pictórico onde estão protegidas da sanha dos caçadores. Aliás, seus últimos quadros são um verdadeiro maná para todos aqueles que militam em movimentos ecológicos, porque a artista recompõe esta natureza rica em cores, que hoje está sofrendo tanto, com a presença de predadores de todos os tipos. As cores são carregadas desta luminosidade tropical, que agrada não apenas pelo exotismo, mas também porque ela conseguiu unir a composição com elementos ricos em plasticidade. Digo sempre que o cavalo é o animal de porte mais bonito, mas as aves me fascinam. Tenho uma espécie de adoração pelas aves. Pelo seu voo de liberdade a cortar o infinito, deixando para trás o perigo e as incertezas. Acho mesmo que está temática abraçada por Nair de Carvalho é muito rica e tudo depende da sua força de vontade em pintar e pintar. O trabalho incessante é que leva o artista a produzir com qualidade. O que vale é o talento aliado à disposição em produzir e produzir com critério. A Nair de Carvalho é uma artista que vem melhorando a cada dia a sua técnica. Noto inclusive que as pinceladas estão ficando mais livres.
Isto é um bom sinal. Ela começou a expor em 1975, sendo uma pessoa muito relacionada já realizou exposições em vários países.

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