quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A MITOLOGIA AFRICANA NA OBRA DE MILTON COUTINHO - 16 DE MAIO DE 1988


JORNAL A TARDE ,SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA, 16 DE MAIO DE 1988

A MITOLOGIA AFRICANA NA OBRA DE MILTON COUTINHO

A mitologia africana é o objeto-de-pesquisa do artista plástico Milton Coutinho, natural do município de Santa Bárbara, atualmente domiciliado em Salvador, que, desde 1979, vem dando forma, em madeira, às entidades que compõem as narrativas míticas, mitografia, da raça negra. Artesão até 1977, trabalhando com artesanatos de couro, Coutinho, sendo aluno do Colégio Severino Vieira, ingressou no Curso de Artes desse estabelecimento de ensino e, durante o curso que durou até 1979, incursionou pintura, xilogravura, litografia, gravura em metal e escultura em madeira.
Em 1979, concluído o curso, Coutinho resolveu optar por uma só atividade artística e assumiu a especialidade da escultura em madeira. Nesse mesmo ano montou um atelier com seu professor de arte do Severino Vieira, Milton Menezes, dedicando-se única e exclusivamente a pesquisa da mitologia africana e dando-lhe forma em madeira.
Entre 79 e 80 esteve domiciliado em Eunapólis pesquisando e trabalhando intensamente e, em 1981, fez viagens ao Rio para vender os seus trabalhos com uma grande aceitação.
No final de 81, diz Coutinho, retornei a Salvador e desenvolvi um trabalho conjunto com o artista plástico Celso Cunha fazendo painéis. Em 84 viajou para São Paulo e, na capital paulista, desenvolveu um trabalho em dois planos: um teórico, buscando aperfeiçoar-se na especialidade escultura, participando intensamente de cursos e seminários, e outro prático procurando, sem fugir do tema africano, colocar na madeira, jaqueira de preferência, as inovações aprendidas nos cursos e seminários.
METAS
Na busca sistemática do aprimoramento artístico, aqui em Salvador, Coutinho disse ter estabelecido duas metas: programar um aprendizado superior da arte de esculpir e envidar todos os esforços para empreender pesquisas de campo da mitologia africana em seu ponto de origem: a África.
No momento ambas as metas estão muito distantes, principalmente a segunda, mas acredita que com esforço, e muito trabalho, reduza as distâncias dessas metas e acabe por realizá-las. Segundo Coutinho, a mitografia africana é excessivamente rica, mas as informações que tem sobre ela são secundárias ou terciárias e, por isso, sujeitas a alterações descaracterizantes. Daí achar importante inteirar-se da mitografia em seu local de origem.
Revelou ainda Coutinho que seu encontro com a arte foi consequência de uma evolução natural de sua habilidade na atividade artesanal. Houve inclusive uma evolução na matéria-prima de sua arte: do couro para a madeira. E com a matéria-prima madeira ele se sente mais a vontade para pesquisar e dar, em forma de escultura, a sua interpretação dos orixás e das entidades que compõem a mitologia das crenças da raça negra.

ADELINE RAVOUX NÃO GOSTA DO RETRATO PINTADO POR VAN GOGH

Adeline não gostou dos braços
cumpridos
Adeline Ravoux não se deixou impressionar quando Van Gogh, um mês antes de suicidar-se, em 1890, pintou o seu retrato em azul celeste, mas um colecionador anônimo sentiu-se feliz ao arrematar o quadro por 13,75 milhões de dólares.
O mesmo colecionador, que deu seus lances por telefone também pagou 6,6 milhões de dólares pelo óleo impressionista O Guarda-Chuva, de Auguste Renoir, no leilão de 72 telas e esculturas impressionistas e modernas realizado na Galeria Christie’s.
Foram estabelecidos recordes para as obras de nove artistas, inclusive a impressionista norte-americana Mary Cassatt, cuja pintura Conversa foi vendida por 4,51 milhões de dólares, e o escultor suíço Alberto Giacometti, cujo bronze Três Homens Caminhando alcançou 3,85 milhões de dólares também um recorde em escultura do século XX.
Alcançaram ainda preços recordes as obras de Mauricio de Vlaminck, Fernand Léger, Radoul Dufi, Jen Arp , Ivys Tanguy, Germane Richier e Maurce Utrilo .Todo lote rendeu 63,16 milhões de dólares, pouco menos que a soma prevista de 66 milhões de dólares, mais ainda assim a noite foi sem precedentes para a Galeria.
A tela Adeline Ravoux , de Van Gogh foi leiloada por 1,25 milhões de dólares, menso do que o preço previsto de 15 milhões de dólares.O quadro fora vendido num leilão da Sotheby's em 1980, por 1,98 milhão de dólares.
Van Gogh estava hospedado na pensão do pai da menina de 13 anos quando se matou com um tiro.
Adeline não gostou do retrato que o pintor fez dela mostrando-a de perfil em ricos matizes azuis, com os braços de comprimento maior que o normal. “Reconheço que fiquei moderamente satisfeita”, lembrou ela numa entrevista em 1954."Meu desapontamento foi porque não achei o quadro fiel à vida".

                            BRONZE DE DEGAS

Um comprador não identificado arrematou por 10,12 milhões de dólares um bronze de Degas, estabelecendo recorde mundial para leilões de escultura de qualquer tipo ou época. A pequena dançarina de 14 anos recebeu o lance vencedor de um leilão em que a Galeria Sotheby’s faturou 94,4 milhões de dólares com a venda de telas e a esculturas de artistas franceses impressionistas e modernos. Antes do leilão peritos da Galeria haviam avaliado a escultura em 4,5 milhões de dólares.
Maternidade,1886,
de Auguste Renoir
Espera-se num período o movimento de até 200 milhões de dólares. A Bailarina de Degas é um dos 27 moldes em bronze de um original esculpido em cera em 1880 e pertencia a Belle Linsky, colecionadora de New York e benfeitora do Museu Metropolitano.
O recorde anterior para uma escultura leiloada alcançou 3,63 milhões de dólares, pagos em março, na Christie’s de Nova Iorque por um trabalho de Giacometti.
Um japonês não identificado pagou 9,24 milhões de dólares por uma paisagem de Cézanne de 1880 e uma coleção de Nova Inglaterra, e outra paisagem de Cézanne, pintada em 1886, foi vendida a um europeu por 6,82 milhões de dólares.
Maternidade, um estudo pintado por Renoir em 1886 , foi adquirido por um colecionador anônimo alemão por 8,8 milhões de dólares. Uma paisagem de Renoir, de 1875, foi arrematada por 6,6 milhões de dólares por um europeu não identificado.

                   PANORAMA ESTÁ PROMOVENDO UM SALÃO DE ARTE

A Panorama Galeria de Arte está promovendo o I Salão da Arte Contemporânea cujas inscrições estão abertas. O Salão será realizado de 16 a 30 de julho do corrente ano em comemoração ao 21º aniversário de sua fundação, que em homenagem ao Ano do Centenário da Abolição escolheu o tema 100 Anos de Libertação e O Negro da Era Atual. O Regulamento do Salão encontra-se a disposição dos interessados. A premiação será em placas de ouro, prata e bronze para os primeiro, segundo e terceiro lugares, respectivamente. Um Prêmio Especial será uma escultura realizada por Gliarte Barreto.

EXPOSIÇÃO SOBRE A OBRA DE PIET MONDRIAN

Piet Mondrian – 1872-1944- um dos artistas holandeses mais famosos, depois de Vicent Van Gogh, é mais conhecido por sua pintura abstrata moderna, porém uma exposição foi montada visando alterar esta imagem.
No Gemeentemuseum – Museu Municipal – de Haia foi organizada a mostra com 250 Mondrians a maior , sobre uma carreira que durou mais de 50 anos onde se descobre que o artista, considerado pioneiro na arte do século XX, de início partilhava com Van Gogh – 1853-1890, a fascinação pela luz e pela paisagem.
Desenho realista de flores, cenas impressionistas enluaradas, figuras femininas sensuais e naturezas mortas cubistas estão ombreando com trabalhos totalmente abstratos que influenciaram fortemente o design e a arquitetura moderna. A exposição revela a odisséia pessoal do pintor, até atingir seu estilo inconfundível em 25 anos antes de falecer em 1944. Uma solitária nuvem vermelha contra um céu azul e a linha reta do horizonte , em pintura de 1907 antecipa o contraste de linhas negras e cores primárias que Mondrian usou em seus trabalhos posteriores.

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