terça-feira, 22 de janeiro de 2013

NEGADO O DESMEMBRAMENTO DA COLEÇÃO DE ARTE SACRA -27 DE OUTUBRO DE 1980


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 27 DE OUTUBRO DE 1980 

NEGADO O DESMEMBRAMENTO DA COLEÇÃO DE 
ARTE SACRA


Apesar de fortes rumores na cidade que a coleção sacra Abelardo Rodrigues, composta por 770 peças, seria desmembrada, foi negada, ontem, pela diretora do Museu de Arte Sacra, Liana Gomes Silveira, que, entretanto, informou que, possivelmente, algumas destas peças serão emprestadas para uma exposição que se realizará quando da inauguração do Solar do Ferrão, dependendo apenas de aprovação do reitor Macedo Costa, da UFBa.
Em barro, marfim e madeira, estas peças motivaram há alguns anos uma polêmica entre os governos da Bahia e de Pernambuco, já que a Bahia adquiriu o acervo da família de Abelardo em 1973, mas os pernambucanos não queriam que as peças deixassem aquele estado. Depositadas no Museu de Arte Sacra, em 1975, muitas peças, entretanto, permanecem encaixotadas, devido à falta de espaço para dar ao público a oportunidade de ver estes trabalhos, muitos do século XVI.
Foi visitando este acervo, no ano passado, que a condessa de Augsburg resolveu abrir um parêntesis na obra que realiza com aço inoxidável e que a fez produzir trabalhos como a escultura de um Cristo em bronze, inspirado numa talha de coleção de Abelardo, intitulada Cristo Rezando no Horto. Segundo ela, a criação desses santos constitui-se num desafio, “um querer devolver ao mundo do século XX, já tão pobre de crenças e valores humanos, a beleza contida naquelas imagens feitas por monges escultores”. E começou por Salvador a exposição que, depois de São Paulo, irá para Madrid, Lisboa, Paris e Roma.
A museóloga Valdete Paranhos está concluindo um levantamento iconográfico das 770 peças do acervo e ainda não conseguiu identificar a imagem de um santo negro de olhos azuis trazendo um cetro nas mãos. De seis santos negros que já conseguiu identificar, nenhum tem as características desta peça que, apesar disso, está exposta nas dependências do museu. Segundo ela, a enchente ocorrida em Recife prejudicou um pouco tais obras, mas aqui chegando foi providenciada a sua restauração e imunização.
Um dos trabalhos que sempre atraí a atenção de turistas e do público de maneira geral é um Cristo em tamanho natural feito em madeira, do século XVIII, e que inclusive já foi exposto em Brasília. Da mesma forma é a imagem de São Jerônimo numa miniatura feita em madeira.
Abelardo Rodrigues nasceu em 1908, mas a coleção foi iniciada por seu pai Augusto Rodrigues, que gostava de colecionar coisas raras.
Abelardo viveu no Rio de Janeiro e participou do movimento de renovação da década de 30, tendo convivido com Portinari, Goeldi, Heitor dos Prazeres e Pancetti, já que era pintor, desenhista e trabalhou com arquitetura paisagística.
Mas, na coleção não existe nenhum trabalho seu, pois a maioria é esculturas dos séculos XVI a XIX. Em Recife, ele fundou a Escolinha de Arte, que durante oito anos dirigiu e orientou.

FILME MOSTRA A FORÇA DA GRAVURA FEITA NA BAHIA


A Gravura na Bahia é o filme que será estreado amanhã, às 21 horas, no Teatro Maria Bethânia. O filme localiza a geração de gravadores da década de 60, a mais importante até hoje, nesta área de produção artística na Bahia. Trata-se de um filme documental, de caráter didático, que pretende situar e definir período mais significativo da gravura baiana.
É um filme de 35mm realizado pela Yuna Filmes, firma baiana de produção e distribuição cinematográfica, onde aborda as origens da implantação da gravura moderna na Bahia, destacando o atelier da Escola de Belas Artes da 28 de Setembro, a presença dos mestres responsáveis pelo ensino das diversas técnicas de gravura como: Mário Cravo, Hansen Bahia, Henrique Oswald e Adan Firnekaes.
Segundo Juarez Paraíso, o responsável pelo texto do filme, esse trabalho visa acima de tudo valorizar a gravura como arte maior, uma vez que existe um grande preconceito tanto de desenho como de gravura, por ser feita em papel. Os poucos colecionadores refém que se criou com a pintura feita no preto e branco. Contudo a gravura é um meio de expressão semelhante aos outros. O preconceito também de ser um trabalho reproduzido interfere em grande escala no mercado, mas a noção de original não tem nenhum significado intrínseco do trabalho- esclareceu Juarez- obviamente a gravura deve prevalecer pelo seu conteúdo, apesar de ser muito mais barata do que qualquer obra de arte.
Nesse filme é mostrado poucos artistas conhecidos na Bahia, mas que são de importância fundamental, isto para dar oportunidade e como também valorizar a obra local.
Apontou como os principais geradores da década de 60,a mais importante até hoje, na área de produção artística: Calasans Neto,José Maria, Hélio Oliveira, Sônia Castro, Juarez Paraíso, Leonardo Alencar, Edison da Luz, Gilberto Oliveira, Gley Melo e Edísio Coelho, como os artistas mais destacados , sendo que Renato da Silveira é tido como representante de uma geração de gravadores. A música foi especialmente composta por Tom Tavares e a montagem por José Humberto, a fotografia foi realizada por Rino Marconi8 com a assistência de Alonso Rodrigues. A produção é de Vadoca Melo e a direção e assistência de direção respectivamente de Juarez Paraíso e Humberto Rocha.
O filme é centralizado nas motivações da produção da gravura na Bahia, ressaltando as características da chamada Escola Baiana da Gravura, havendo capítulo especial dedicado`à gravura popular. O filme visa dar ao espectador uma visão concisa da história da gravura, principalmente apresentando os trabalhos mais representativos de suas fases.
O custo da produção ficou em torno de CR$500 mil utilizando todo o pessoal de Salvador, só a parte de finalização foi feita no Rio de Janeiro, porque contribui para o aumento do custo da produção. Revelaram ainda que, não contou com a ajuda de nenhum órgão do governo, o que dificultou muito o trabalho, contudo agradecem a colaboração por parte da proprietária do teatro Maria Bethânia, Gilka Maria, que concedeu o teatro para realização da projeção, como também a Antonio celestino que cedeu todo o acervo para as pesquisas( Sônia Araújo).

EXPOSIÇÃO DE ARISTAS ALEMÃES

Serigrafias a cores do artista alemão Ridiger Utz Kampmann expostas no Icba, na Vitória

Espaços é o nome da exposição que o Icba – Instituo Cultural Brasil Alemanha está apresentando, reunindo doze coleções de 30 folhas, representativas da Arte Gráfica contemporânea na República Federal da Alemanha. A mostra, que se estenderá até 9 de novembro, tem a participação dos artistas Grasel, Otto Hajet, Erwin Heerrich , Rudiger Utz, Dieter Krieg, entre outros. Na apresentação da mostra, o crítico Dieter Honinsch destaca que “ os artistas sempre têm sentido especial fascinação para o problema de representar o espaço sobre uma superfície plana. É longo o caminho percorrido desde o fundo dourado dos quadros da Idade Média... até chegar a converter a tela ou ao papel a simples superfície plana como ponto de partida de toda a reflexão artística”,
Diz que, a partir do momento em que se descobriu uma realidade pictórica autônoma, a arte não podia limitar-se simplesmente à realidade “ mas sim começou , ela mesma, criar condições que haveriam de influenciar diretamente o espectador”. Segundo Dieter, esta exposição não se propõe a definir o espaço , porém, pretendo mostrar quão diferente podem ser a concepção e a representação do espaço por parte  de artistas. Um aspecto, porém, vale, de modo geral, a todos eles: em contraposição a seus esforços do passado no sentido de procurar abrir a superfície do quadro,dando ilusão de uma janela, os artistas de hoje tratam de partir da realidade bidimensional de seu trabalho e definir exatamente sua relação com o espectador”.





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