sábado, 5 de janeiro de 2013

CINCO GRAVADORES AMERICANOS EXPÕEM NA GALERIA ACBEU


JORNAL A TARDE, SALVADOR,  DOMINGO, 16 DE MARÇO DE 1980

CINCO GRAVADORES AMERICANOS EXPÕEM NA 
GALERIA ACBEU

The Brookwood,1977 , de Martin Levine, litografia
“Em arte gráfica, faz-se muita adivinhação intelectual durante o processo de transferir para o papel o que se vê na mente. Experimentar, muitas vezes, equivale à excitação de fazer o desenho. È assim que Minna Resnick descreve o seu processo criador, como um dos cinco artistas norte-americanos que foram aplaudidos na XV Bienal Internacional de São Paulo. Minna e seus colegas Martin Levine, James Torlackson, Herb Jackson e Susan Hamilton expõem 30 gravuras – (mostradas na Bienal de São Paulo), até o dia 21 do corrente, na Galeria do Acbeu, Avenida Sete de Setembro, 1883, numa promoção conjunta da Associação Cultural Brasil- Estados Unidos e Agência de Comunicação Internacional dos Eua-Usica.

A MODA DA ARTE GRÁFICA

Arte Visual de tradição milenar, a gravura “explodiu” nos Estados Unidos na década de 50, quando artista e público, em vez de voltarem exclusivamente para a Europa,começaram a prestar atenção aos temas e produções artísticas de seus próprios países. Não foi apenas uma mudança espiritual e estética, mas, também, a abertura do mercado, com a democratização da obra de arte no período de após-guerra. Foi uma época prolífica no “establishment” artístico norte-americano: eram mais colecionadores à cata de “descobertas”, mais marchands tentando bons negócios, mais críticos monitorando a qualidade, mais museus, escolas de belas artes e revistas especializadas preocupados em mostrar que um país de grande tecnologia tinha grandes expressões artísticas.

Ao mesmo tempo surgiu um público de não-colecionadores que desejava “curtir” uma obra de arte em suas casas mais sem querer investir, negociar ou esnobar com ela. Ampliação desse público ampliou as possibilidades da gravura nos Estados Unidos.
“A gravura é uma forma de arte relativamente ecessível e pode ser, intrisecamente, tão satisfatória quanto uma pintura ou escultura”, afirma Gane Baro, curador do Museu de Brooklin e responsável pela seleção dos artistas americanos que expuseram na Bienal de São Paulo.

MODA VEIO COMO UM RENASCIMENTO

Arte já utilizada nas colônias, com as velhas máquinas impressoras, a gravura havia perdido status, com o incremento da “arte moderna” e das sofisticadas técnicas de pintura. Mas foi justamente a sofisticação tecnológica quem ajudou o renascimento da arte gráfica americana, com o surgimento de oficinas capazes de atender as exigências de projetos tipográficos de grande complexidade. Uma arte flexível como a gravura pôde absorver novas tecnologias e beneficiar-se dos materiais mais contemporâneos como papéis soto-sensíveis, tintas fluorescentes, plásticos, formação de vácuo e relevo em metal.
Essa facilidade de materiais e oficinas para trabalhá-los ajudou nesse ajudou nesse renascimento da gravura mais avançou tanto que passou a eclipsar os pequenos gravadores, à luz dos grandes impressores comerciais aos quais pouquíssimos artistas tinham acesso. Foi na década de 70 que o mundo das artes gráficas reagiu mais fortemente a este empecilho, intensificando a ARTE PESSOAL. O artista se tornou o seu próprio técnico, prepara sua própria gravura e não está tão preocupado com novidades ou projetos grandiosos. É desta geração que provém os cinco artistas americanos cujos trabalhos o público baiano poderá ver a partir do dia 14 na Galeria do Acbeu.
Martin Levine tem seu atelier em Evanston, lllionois, no meio-oeste americano, planície de vastas extensões agrícolas contendo dois “monstros” industriais e urbanos- Chicago e Detroit (Michigan). Do contraste entre o rural e o urbano, Levine se preocupa em guardar as velhas imagens de fazendas, moinhos, construções de pedra.- “Minha intenção, diz ele, é que minhas gravuras registrem o panorama norte-americano que está em vias de desaparecer antes que o “progresso” tome conta dele.
Observer V ( Stage 2), 1979, litografia
da artista Minna Resnick

Minna Resnick, trabalha em Fort Collins, Colorado, região das Montanhas Rochosas. Em suas gravuras sempre aparece uma mesma figura de mulher que ela joga na tela com outras figuras, tentando mostrar uma atmosfera de incomunicação.
Susan Hamilton, reside atualmente nos Texas. Suas composições jogam com cores e linhas sutilmente combinadas.- “O transparente contra o opaco, na cor, tornou-se meu instrumento mais importante de descrição”, afirma Susan.
James Torlakson, na Califórnia, não usa cores para realçar as imagens, como de costume. Ele colore à mão algumas cópias de seu trabalho quando deseja abrandar o efeito do preto e branco. Ele é fascinado pela estética do preto e branco e se recusa a empregar o processo fotográfico em suas gravuras. Todos os seus trabalhos em aquatinta são desenhados à mão.
Herb Jackson, artista de Carolina do Norte, usa ácido nítrico em suas chapas trabalhadas e gosta de abstrações coloridas.
-“Não desejo que meu trabalho seja aprendido rapidamente. Minha informação visual deve revelar-se tentamente e continuar a funcionar por meio de uma energia em mutação. Desejo que meu trabalho esteja tanto presente, como sempre se formado, como o som em surdina de uma flauta, o qual se vai tornando mais alto.

1.ª TRIENAL DE FOTOGRAFIA SERÁ REALIZADA NO MAM/SP

O Museu de Arte Moderna de São Paulo realizará, em junho próximo, sua 1ª Trienal de Fotografia com a duração aproximada de um mês. Deverá reunir obras de fotógrafos de todo o país.
Participarão da mostra convidados pelo MAM- 50 fotógrafos de diversos estados do país- e os que, mediante inscrição espontânea, tiverem suas obras aceitas pelo Júri de Seleção e Premiação.
O Júri de Seleção e Premiação será composto por 5 membros, um deles dos quadros do MAM,todos indicados pela diretoria.
É o seguinte o Regulamento da 1.ª Trienal de Fotografia :
Artigo 1.º- A 1.ª Trienal de Fotografia do MAM de São Paulo, organizada pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo, na capital do estado, reúne obras contemporâneas de autores de todo o país, com o objetivo de documentar e incentivar a fotografia no Brasil.
Parágrafo único: realizar-se-á a “1.ª Trienal de Fotografia do MAM de São Paulo” em junho de 1980, com a duração aproximada de 30 dias.
Artigo 2.º -Participarão da mostra- brasileiros natos ou naturalizados e estrangeiros residentes no país há mais de dois anos- convidados pelo MAM e os que, mediante inscrição espontânea, tiveram suas obras aceitas pelo Júri de seleção e Premiação.
Artigo 3.º - O Júri de Seleção e Premiação será composto por cinco membros, um deles dos quadros do MAM, todos indicados pela diretoria.
Parágrafo 1.º - Terminado o julgamento seletivo, o MAM devolverá as obras recusadas e comunicará a aceitação dos trabalhos.
Parágrafo 2.º- Das decisões do Júri de Seleção e Premiação não cabe recurso.
Artigo 4.º- Ficam estabelecidas as seguintes normas:
  1. A cada autor, convidado ou selecionado, reservar-se-á o espaço máximo de 4,50m lineares, em painéis de 2,20m de altura.
  2. . O autor usará esse espaço a seu critério, não havendo limites para o número e a dimensão dos trabalhos.O conjunto deles, entretanto, deverá apresentar-se homogêneo, em função de uma unidade plástica, temática ou conceitual, refletindo, coerentemente, uma proposta, um depoimento, uma visão pessoal do autor.
  1.  Para uma correta avaliação, os trabalhos far-se-ão acompanhar dos dados complementares julgados necessários pelos autores como títulos, ordem ou paginação das fotografias, etc, inclusive instruções para montagem.
  2.  Não serão aceitas transparências (“slides”, diapositivos, etc.)
  3. Os trabalhos deverão chegar ao MAM prontos para serem expostos, se aceitos pelo Júri de Seleção e Premiação.
  4. De pelo menos um dos trabalhos, o autor enviará duas cópias, de 18 x 24,- uma para reprodução em catálogo, outra para divulgação -delas constando, no verso, nome do autor, título e demais informações.
  5. O autor remeterá ao MAM, em folha separada, seu nome por inteiro; seu nome de arte; data, local e estado de nascimento; endereço e telefone; currículo; a relação das obras e suas datas de produção, títulos, técnica empregada, dimensões (alt. X larg.); lista de preços e o mais que julgar necessário.
  6. Todo o material deverá chegar ao MAM até o dia 12 de maio, impreterivelmente.
  7. Encerrada a exposição, o autor retirará seus trabalhos dentro do prazo de 8 dias. O MAM remeterá as obras dos que residirem fora da capital de São Paulo.
Artigo. 5.º - O MAM não se responsabilizará pela eventual deterioração da imagem, resultante do processamento inadequado das cópias, nem toda a responsabilidade por dano ou extravio na remessa e na devolução das obras .
Parágrafo único: se a obra for vendida e se deteriorar até o prazo de um ano, imcumbir-se-á, o autor, da reposição da cópia. Dessa venda o MAM reterá 25% do preço, para auxiliar despesas com a exposição.
Artigo 6.º- serão atribuídos os seguintes prêmios: 1) Prêmio 1ª Trienal de Fotografia do MAM de São Paulo, no valor de CR$75 mil para O Melhor Conjunto de Obras; 2) Cinco Prêmios de Aquisição no valor de CR$10 mil, cada um para os autores dos Melhores Trabalhos.
Parágrafo único – Fica reservado ao autor o direito de não concorrer aos prêmios, desde que o declare por escrito, por ocasião da remessa do material. Se essa ressalva não for feita, obriga-se o autor a aceitar o prêmio que lhe for conferido.
Artigo 7º - A remessa das obras implica na concordância plena com o exposto neste regulamento.
As correspondências devem ser enviadas ao Museu de Arte de São Paulo, Parque Ibirapuera e as informações poderão ser obtidas pelos telefones 544-2653 e 71-9878.

ARTISTA MOACIR ANDRADE É PREMIADO

Moacir Andrade segurando duas grandes pinturas
O pintor brasileiro Moacir Andrade, destacado pela originalidade de seus quarós surrealistas, mitológicos e pela sua intransigente e permanente luta em defesa da Amazônia brasileira, agora permanentemente agredida por empresas, poderosas multinacionais, que lhe estão devastando sua floresta, teve um grupo de seus quadros premiados em Hamburgo, numa mostra coletiva, da qual participou em janeiro deste
ano naquela cidade cidade alemã. Moacir Andrade, que reside em Manaus, Capital da Amazônia é também  escritor e poeta, vive parte do ano montado num barco atelier que percorre os rio Paraná e lagoas daquela continental área brasileira, dando aulas de pintura e desenho aos filhos de caboclos ribeirinhos.Ele concorreu com doze quadros a óleo que denominou de Surrealismo Mitológico, com os quais conquistou o Grande Prêmio Albrecht Dürer. As obras de grandes dimensões que participaram da exposição da Hamburgo , percorrerão as cidades de Flensburg, Bremerhaven, Oldemburgo, Bremem e Altona, no Norte da República Federal Alemã, acompanhada de um catálogo descritivo sobre lendas amazônicas, tema das referidas obras.

PORTO- RIQUENHA DIRIGE O CENTRO KENNEDY

A conhecida artista porto-riquenha Marta Istomin que dedicou toda sua vida ao estudo e interpretação da música, foi nomeada diretora para assuntos artísticos do Centro Kennedy, em Wasghinton.( Foto).
 Viúva do famoso violoncelista espanhol Pablo Casals , Marta é atualmente casada com o renomado pianista Eugene Stomin.
“Aceitei o cargo com orgulho e o propósito de exercê-lo como latino americana, como uma mulher porto-riquenha e também porque me oferece a oportunidade  de servir às artes”, declarou Marta Istomin.
Eminente violoncelista, Marta ganhou uma bolsa para estudar na França, onde conheceu o famoso músico espanhol Pablo Casals. Marta trabalhou ativamente pelo desenvolvimento da música em  Porto Rico, tendo colaborado com o ex-marido na organização do festival Casals, da Orquestra Sinfônica de Porto Rico e do Conservatório de Música.
Segundo informou Thomas Kendrick , Diretor de Operações do Centro Kennedy, Marta trabalhará na organização da programação dos festivais artísticos, a concerto de música de câmara e apresentações de dança.

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