sábado, 1 de dezembro de 2012

O EXPRESSIONISMO SELVAGEM DE HELLA - 28 DE MAIO DE 1984


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 28 DE MAIO DE 1984.

O EXPRESSIONISMO SELVAGEM DE HELLA DE SANTAROSSA

A obra  Maria Maria-
Magdalena
, de Hella
 Uma poesia de imagens, que faz pintura segundo o ritmo da dança, é assim que os críticos definem a arte de Hella De Santarossa, uma das mais expressivas pintoras alemãs que esteve recentemente em Salvador a convite do Instituto Goethe e a Escola de Belas Artes. Na Escola de Belas Artes, Hella conferenciou e debateu sobre a pintura berlinense. E aproveitando a estadia em Salvador esteve também estudando os costumes e os hábitos dos baianos para o futuro aproveitamento em seus trabalhos.
Na conferência e no posterior debate na Escola de Belas Artes, seu tradutor foi Franz Buchetmann, diretor do instituto Goethe que a convidou para fazer, no próximo ano, uma exposição em Salvador. nesta sua passagem pelo Brasil ela fez duas exposições: uma em São Paulo, no Museu de Arte Contemporânea, e outra em Curitiba, na Sala Funarte. Mas essas não foram as duas cidades visitadas. Esteve em Olinda, onde      passou o Carnaval, e pretende visitar a Amazônia.
 Hella De Santarossa
Hella recentemente com obras de
sua autoria..Influência baiana?
Nascida na cidade de Dusseidorf, aos 36 anos, fez sua primeira exposição em 1976, na própria Berlim. Hella afirma que sua maneira de pintar é action-painting, pintura em ação, e que quando está realizando um trabalho usa sempre um walkman. Os movimentos em seus quadros refletem os movimentos da música que escutava no momento da elaboração. Em Salvador demonstrou um grande interesse pelos movimentos da capoeira, mas acha ainda muito cedo para dizer que vai usar a capoeira como tema. Alegou que ainda não captou a essência da capoeira, o suficiente para sua presença em seus trabalhos.
Ficou também impressionada com o Carnaval de Olinda, que confessou ter chegado ao delírio.Em São Paulo, ainda em busca de novas formas de expressão, frequentou um terreiro de umbanda.
“Registrei todas as músicas. Tudo o que não pude captar mentalmente está agora gravado em vídeo”. Sobre a arte berlinense, Hella disse que, na verdade, se trata de um novo expressionismo selvagem de onde emerge uma arte agressiva, irreverente, mal acabada, que se mistura sem quaisquer preconceitos à música erudita e às bandas de rock.

O CHEQUE SEM FUNDOS DO ARTISTA ALMANDRADE

O arquiteto e artista vanguardista A.L.M. Andrade o tão desmoralizado cheque para expressar sua indignação diante da sociedade de consumo, onde o dinheiro dita normas. Aliás, tudo gira em torno dele, especialmente neste momento de crise e super inflação. O dinheiro é assunto em qualquer bate-papo. Assim A.L.M Andrade vê o cheque.
“A arte ou o saber sobre o plágio ou a semiótica do sarcasmo. Tudo é possível para tornar visível a obscuridade do fazer social e cultural. Ao artista é concedido o direito de dissimular o valor e a ordem  das coisas e do mundo, inventar ilusões, relações e inutilidades, falsificar simbolicamente sob o olhar do vigilante e sem ludibriar a vítima. Uma surda gargalhada contra o rito da sociedade do crédito e o precário poder do talão de cheque. Para que serve um cheque de um banco falso? Quem o aceitaria? A garganta deste cheque é a marca do artista, mas esta marca não pertence ao circuito das instituições bancárias, é um conjunto vazio. Sem dúvida, é uma fraude, aceita com risos no meio de arte, de onde emergem suas significações críticas”.

A PINTURA VISIONÁRIA DE PIERRE BONNARD

Paris (AFP)- Setenta quadros  mais representativos dos últimos 27 anos de Pierre Bonnard (1867-1947), o mestre francês da pintura visionária, são apresentados no Centro Pompidou, Beaubourg de Paris. Os organizadores  da mostra destacaram os trabalhos feitos por Bonnard entre 1920 até a sua morte, ou seja, quando a sua obra adquiriu um caráter profundamente intimista e pessoal. Dos 70 trabalhos, 15 são nus, como o famoso Nu dans La Baignore de 1937, ( Foto ao lado) onde se afirma a sua engenhosa disposição da fonte luminosa, bem como a harmonia dos contrastes e a audaz perspectiva colocam literalmente o espectador no mundo mágico e sensual do artista.
Bonnard, que se orgulhava de não pertencer a nenhuma escola, demonstrou ao longo de sua carreira que soube ir confirmando, graças ao pincel e a tela, a sua transbordante personalidade. As harmonias sombrias das cenas das ruas de Paris e dos nus da década 1890-1900 seguiu em sua obra a adesão ao “cromatismo subjetivo”, de tonalidade clara e de uma construção quase abstrata da imagem, que o transformam, sendo contemporâneo de Braque e Matisse, numa das figuras essenciais da modernidade.

    ARTISTA AMERICANA RETRATA CANDOMBLÉ

Realizou uma exposição, na Galeria da Associação Cultural Brasil Estados Unidos, a pintora norte-americana Patrícia Huntington, composta de óleos, com colagens em tecido. Formada em artes plásticas pela Universidade Brown (Providence, Rhode Island), Patrícia mostrou 23 quadros, inspirados no candomblé, tema pelo qual a artista confessa ter se apaixonado desde 1978, quando esteve no Brasil pela primeira vez.
Artista americana Patrícia Huntington com suas obras
Patrícia conta que começou a fazer gravura, mesmo antes de entrar na escola, e agora está dedicando-se às colagens e preferindo as tintas porque, segundo ela, facilitam a expressão das cores tropicais. “Esse trabalho, explica a artista, é muito mais um experimento de cores, no qual uso minha impressão sobre o Brasil, buscando trabalhar com uma técnica impressionista”.
A pintora diz que seu trabalho vem sofrendo evoluções e alguns dos quadros dessa exposição representam mais formas e linhas e outros apresentam uma predominância do jogo de cores, procurando fazer combinações de profundidade e movimento. Apaixonada pelo experimento, ela diz que gostaria que as pessoas experimentassem mais do atual momento. Desde dezembro em Salvador, patrícia tem como experiência algumas coletivas e individuais realizadas no EUA, inclusive na cidade de Nova Iorque.


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