quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

NOVA FIGURAÇÃO GALEGA SERÁ MOSTRADA DIA 29 -18 DE NOVEMBRO DE 1985.


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 18 DE NOVEMBRO DE 1985.

NOVA FIGURAÇÃO GALEGA SERÁ MOSTRADA DIA 29. 

Trabalho de Manuel R. Moldes - à esquerda -, e os traços de Antón Patiño, à direita
O curador da exposição da Nova Figuração Galega abre o seu comentário dizendo que não seria exagerado dizer que os últimos anos da pintura galega são marcados pela sucessivas tentativas dos artistas em entrar em contato com o que havia de novo em outros lugares no que diz respeito às novas concepções, formas e atitudes. E acrescentam que foi tentativas onde muitas vezes não foram alcançados os objetivos.
Já Castelão pronunciava um discurso no Dia da Galícia, no Teatro Garcia Bardón de Vigo, em 1930, enfocando o galeguismo na arte e naquela época também já dizia a nossa tradição artística dormia o sono da morte.

O QUE DEBEMOS Ó CENTRALISMO

As aspiracións permanente do pobo galego, os seus ancelos fondos, os seus instintos profundos, son combatidos polos patrioteiros de chin-chin, que moitas veces falam fachendosamente em nome dun progreso imaxinario; mais é tempo de decirlles que o progreso non vai cara a uniformidade sinón  cara a armonía. E se o progreso fose cara esa unidade antipática, antiestética, antinatural e criminal, por enriba do progresso está a perfeción; e nós, por um desexo de perfeición e por  unha dinidade persoal, non queremos que na fala dos nossos abós, que na lingoa dos Cancioneiros, se siga eispresando, somentes, a incultura e a probeza, que, por outra parte, lhe debemos ó centralismo.
Que sigan chamándonos separatistas os ananuxos da política centralista. Nós seguiremos traballando ledamente, cantando; seguros de que no velho tronco hispànico nascerá unha nova ponla frorecida.
Ouh aqueles versos de Pondal:
Non cantes tan tristemente,
 probe e desolada nai;
non lle cantes cantos brandos, 
pra adormecelo rapaz, 
onde está a cova do sono,
 no céltico carballal.
Cantalle cantos ousados que esforzado o peito fan.
Cántalle o que xá cantara o nobre brado Gundai.
A luz virá para a caduca seria
dos fillos de Breogán
A exposição será realizada no Museu de Arte da Bahia, no Corredor da Vitória a partir do dia 29 próximo, reunindo trabalhos dos artistas Rafael Baixeras (1947), José Luís de Dios (1943), José Freixanes (1953), Menchú Lamas (1954), Antón Lamazares (1954), Ana Mazoy (1954), Manoel R. Moldes (1949), Guillermo Monroy (1954 (1982), Antón Patino (1957), Manuel Ruibal (1942) e Pablo Sause (1958).

          A PRAÇA DO MESTRE DALI

Depois de alguma surpresas em São Paulo outra figura surpreende não o nosso país, mas todo o mundo artístico. Trata-se do legendário Salvador Dali, que foi vítima há algum tempo de queimaduras que lhe prostraram no leito até hoje.
Porém, ele continua lúcido e irreverente. Na semana passada ele recebeu a visita do prefeito de Madri, Sr. Tierno Galvan que acompanhado de assessores lhe trouxe um contrato para assinar para a construção de uma praça monumental a ser localizada no centro de Madri com projeto do artista. Dali promete que a praça será uma das atrações da Espanha.

OUTRA ESCULTURA DE CALASANS NETO PARA A CIDADE

Calasans Neto buscou inspiração na Lagoa do Abaeté para produzir mais uma de suas obras. Desta vez, mirando-se na “metamorfose dos habitantes da lagoa”, como disse, Calasans montou uma estrutura metálica com cerca de 10 metros de altura, em chapas de ferro resinadas e metal para mostrar que “os bichos podem se transformar em pessoas e vice-versa”. A escultura foi encomendada pela Nitrocarbono, dentro do Projeto de Valorização da Orla marítima e será instalada nas proximidades do Quiosque de Janaína, na subida para a Lagoa do Abaeté. A Nitrocarbono vai entregar a escultura à comunidade, que será sua guardiã. A data da inauguração está indefinida, podendo ser 2 de dezembro, dia do samba, ou 4 de dezembro, dia de Santa Bárbara.

UMA CARTA QUE MERECE SER LIDA PELOS BAIANOS

Salvador, 11 de novembro de 1985.

Prezado Reynivaldo

Acabo de ler o seu comentário “Artistas lutam por um espaço no Rio Vermelho”, publicado n’A Tarde de hoje (dia11).
Como um dos mais apaixonados defensores da transformação da velha fábrica de papel do Rio Vermelho em espaço cultural, fico contente com a sua entrada em campo, com a força da sua coluna, na defesa do Rio Vermelho. Na verdade, defender o Rio Vermelho é defender também a nossa Cidade, sempre governada por homens insensíveis e mais preocupados em satisfazer as exigências de grupos econômicos do que a comunidade. E olhe, que, no caso da luta pela fábrica, essa comunidade envolve nada mais nada menos que figuras como Jorge Amado (que na semana passada em conversa telefônica comigo se disse “indignado com a insensibilidade dos nossos governantes”), Caetano Veloso, Gilberto Gil, Fernando Gabeira, Calasans Neto, Juarez Paraíso, Thales de Azevedo, todo o Conselho de Cultura, Câmara de Vereadores e Assembléia Legislativa.
Você certamente é testemunha do abandono da Concha Acústica do Teatro Castro Alves. Do Parque de Pituaçu. Do Museu de Ciência Tecnologia. Do Parque de São Bartolomeu. Do Abaeté.
De tantos outros espaços, que enumerá-los seria no mínimo cansativo.
Creio que você tem um compromisso com a Bahia, no mínimo por escrever em um jornal do porte d’A TARDE, em denunciar a se envolver com estas lutas.
A ampliação dos espaços para a cultura e o lazer da nossa cidade não beneficiar apenas a grupos de artistas e intelectuais mas toda a cidade e você, tenho certeza, sabe muito bem disso.
Parabéns pelo seu artigo e espero que sua coluna e todo o espaço que você dispõe n’A TARDE, possam ser ocupados por uma campanha de defesa do Rio Vermelho. Enfim uma defesa da cultura de nossa terra. Não tenho a menor dúvida que o potencial criado do povo baiano tende a diminuir se medidas concretas e urgentes não forem tomadas. Receba o meu cordial abraço, Nelson de Luca Pretto.



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