quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

AS BONECAS QUE ANDAM DE WASGHINTON SALES - 15 DE OUTUBRO DE 1984.


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 15 DE  OUTUBRO DE 1984.

AS BONECAS QUE ANDAM DE WASHINGTON SALES

As bonitas bonecas de Washington Sales e suas bolas de soprar
 A boneca é a  representação da forma feminina e da fantasia acalentada durante a infância. Muitas vezes esta fantasia é tão significativa que a boneca é guardada até mesmo na idade adulta com muito amor.Nenhuma menina gosta de dar suas bonecas . Elas ganham vida na sua imaginação infantil, casam, muitas vezes têm filhos, e uma prole imensa , até. Com o desenvolvimento da tecnologia , as bonecas têm evoluído muito e até aprenderam a chorar, comer, andar, fazer pipi e têm cheiro. Isto vem contribuir para aguçar ainda mais a fantasia na medida que adquirem algumas características semelhantes, ou melhor, imitativas do ser humano.
A boneca é feita de madeira,m de trapos velhos, de louça e de vários tipos de plástico. Serve não apenas de brinquedo, mas também de enfeite e algumas pessoas as colecionam com muita distinção, valendo as mais antigas milhões de cruzeiros. É exatamente a boneca o centro de inspiração de um artista baiano. Chama-se Washington Sales, que revive a fantasia de sua infância e das meninas que cresceram com ele. Eram inicialmente paradas, inertes, mas belas. Agora elas andam,regam flores e brincam.As bexigas ou bolas de soprar são presença constante ao lado das bonecas. Um ambiente de festa que lembra a criança. E, como estamos no mês dedicado à criança, nada mais significativo que falar de bonecas. Mas além das bonecas com suas bolas, tão presentes nos festejos infantis, Washington nos mostra outros elementos como os anjos, flores,pneus velhos e até pias de cozinha. Um ambiente  que lembra uma casa em festa com a criançada fazendo um barulhão danado em busca de pedações de bolos, brigadeiros e de uma bola de soprar. É este ambiente de realidade e fantasia que Washington centrou a sua arte. Uma arte que vem de encontro também às fantasias que todos nós carregamos em nossas ternas lembranças pela vida afora. Quem não se lembra de uma irmã, uma prima ou uma amiguinha brincando de boneca?Quem não se lembra de uma boneca mais querida que sua irmã fazia batizados, casamentos regados a guaranás e pedaços de bolo?É bom que guardemos estas fantasias da infância para que não acompanhemos a bruta realidade tão presente nos dias de hoje. E a boneca pode ser símbolo maior da fantasia infantil por tudo que ela representa e inspira.

Agora Washington Sales vai fazer duas exposições de suas bonecas. Uma na Época Galeria de Arte, no Rio Vermelho, na primeira quinzena de dezembro, e outra no Cassino Estoril, em Portugal. Na Galeria Época ele apresentará 25 telas, com preços variando de Cr$200 e Cr$500 mil, e no Estoril serão apenas 15 trabalhos a óleo sobre tela.
Diria que este artista é um profissional de muitos anos de labor. Embora jovem, ele tem uma bagagem invejável no campo da fantasia. É um amigo das crianças que transporta para as telas as suas fantasias mais interessantes. Ele vem evoluindo, como as bonecas, fortalecendo e enriquecendo estes mundo mágico e lúdico, que muitas vezes não está à altura  de ser entendido em todo o seu significado pelos adultos, mesmo porque alguns não tiveram oportunidade de alimentar as fantasias quando crianças.
O artista tendo ao lado uma das telas da exposição
Mas não podemos deixar de lembrar que existem muitas e muitas crianças que não podem alimentar as suas fantasias. Coisas deste mundo desigual que não respeita nem as crianças. Aliás, elas são as que mais sofrem porque são totalmente dependentes daqueles que lhes trazem a este mundo cruel. Assim, suas fantasias também ficam empobrecidas, mas não morrem. Elas pontificam com as bonecas de trapo, com bonecas de pernas e braços quebrados que suas mães recolhem nas casas mais abastadas ou muitas vezes no lixo urbano.Esta chama de fantasia permanece viva na infância, mesmo naquela infância desprotegida e pobre.

  MOBILIÁRIO HISTÓRICO DA VANGUARDA EUROPÉIA
Gerrit Thomas Rietveld
(1888-1964)
O design histórico, atual da vanguarda européia, chega ao Brasil através de três dos maiores designers do início do século: Ludwig Mies van der Rohe, Gerrit Thomas Rietveld  e Charles Rennie Mackintosh. São oito cadeiras, editadas pela primeira vez desde sua criação, entre 1902 e 1932.
292 Hill House1,1
1902,cadeira em
madeira maciça
Mas Van Der Rohe, o arquiteto da Bauhaus, é conhecido pelas suas cadeiras com estrutura em barras de aço. A linha tubular, coleção MCMA – Museu de Arte Moderna de Nova Iorque – é ainda inédita no Brasil. Nela , a flexibilidade dos tubos de aço é explorada em todo seu potencial, dentro da mesma filosofia de limpeza e clareza, característica de sua obra, conhecida como estilo – pele e osso -, onde , nas palavras de Mies – menos é mais.
De Mackintosh, o arquiteto escocês que antecedeu o Movimento Moderno, temos duas cadeiras em madeira obonizada, criadas em 1902 e 1904, que apresentam uma rígida forma geomética sem perder, no entanto o ritmo delicado do Art Nouveau.
Rietveld , o representante do Movimento De Still, comparece com a Red e Blue ( 1918), famosa por exemplificar , tridimensionalmente, a decomposição dinâmica dos pintores cubistas e de Mondrian.
Ludwig van der Rohe é produzido, no Brasil, pela Forma e Mackintosh e Rietveld são produções Probjeto. Estas oito cadeiras fazem parte da exposição Design Histórico, na Forma, Rua Barão da Itapuã, 60, Barra.



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