terça-feira, 16 de outubro de 2012

UM BAILE E A DECORAÇÃO - 23 DE FEVEREIRO DE 1987.


A TARDE SEGUNDA-FEIRA, 23 DE FEVEREIRO DE 1987.

      UM BAILE E A DECORAÇÃO

É tempo de Carnaval. O Brasil está quebrado e quase ninguém se incomoda. Isto porque a grande maioria tem o Carnaval como um grande momento de alegria e até mesmo como único remédio para esquecer a fraqueza das finanças do País e até a sua própria.
Mesmo nos morros, nas favelas e em todos os bairros da periferia, todos estão fazendo suas fantasias e torcendo para que chegue a hora de invadir as avenidas com seus sonhos e emoções reprimidos. E aqui na Bahia, principalmente na velha Salvador, não dá outra. Chova ou faça sol, esteja o Brasil com dólar ou não para pagar seus pepinos, o baiano não dispensa os cinco dias de reinado do Morro e deixa cair na avenida a sua alegria. Como ainda consegue ter tanta alegria, com os salários avaliados, os preços dos produtos subindo às alturas e ainda por cima faltando vários gêneros de primeira necessidade dos mercados e feiras, ninguém sabe.
Este ano o baiano é obrigado a brincar um Carnaval com os olhos voltados para a década de 60. Um carnaval que está literalmente comandado pelo pessoal da Tropicália. Retornaram à Bahia como que aqui é o ponto de partida para o futuro vôo mais alto! E, chegando, ocuparam os espaços, jogaram para fora do círculo colorido do tropicalismo todos aqueles que tentavam mostrar o seu talento.
Primeiro, foi o baile do Solar do Unhão. Para organizá-lo chamaram o competente Guilherme Araújo. Carnavalesco de quatro costados e pessoa sensível. Porém, colocaram o Guilherme numa fria. Alguém sem poder de decisão permitiu que os ingressos fossem confeccionados, que a decoração fosse iniciada e o baile ganhou as páginas dos jornais e os noticiários das televisões e rádios. O sucesso estava garantido, especialmente porque por trás estaria o Guilherme. Só que se esqueceram de comunicar o tal baile a D. Olívia Barradas. E, assim todos foram barrados na porta do Solar do Unhão por alguns soldados da Polícia Militar.
O velho Conselho da Fundação Cultural provou também, com a sua decisão, que mais parece uma sentença e está precisando de uma renovação. É preciso que as pessoas envolvidas com a cultura acompanhem o próprio desenvolvimento. O baile poderia ter sido realizado no estacionamento, quase sempre entregue às moscas, sem qualquer prejuízo para aquele belo e intocável conjunto arquitetônico. Isolando o prédio não tinha por que proibir o tal baile!
O que é preciso,é acabar com o provincianismo e também com este falso cuidado. Enquanto os imóveis do patrimônio histórico estão caindo aos pedaços, gastam-se muitos dólares para assistir peças do século XVIII na esfuziante Paris. Desconfio muito desses que vivem cheios de tique-tiques, enclausurados em coordenações, museus e fundações com as costas voltadas para o povo e suas manifestações. Estas instituições vivem ou pelo menos devem viver em função do povo.
Quanto à decoração, repetiu-se a tática condenável da escolha pessoal. Não discuto a competência e dedicação do artista convidado. Discuto e questiono as idéias postas em prática pelo todo poderoso “coordenador” do Carnaval. Ele retorna a Salvador querendo reviver a Tropicália e este método é contra qualquer administração democrática. O concurso público teria que ser feito. Esta conversa que sairá mais barato não é aceitável. Ninguém terá condições de saber realmente quanto está sendo gasto. O salário do pessoal convocado não deve ser desprezível, porque ninguém sairia de sua cidade para vir a Salvador por qualquer dinheiro fazer decoração de Carnaval. Este argumento de que sairá mais barato não tem fundamento. O que existiu foi o apadrinhamento, o qual está se estendendo a vários órgãos culturais da própria prefeitura. Sabe-se, por exemplo, que uma ex-mulher de um cantor recebe um alto salário, além de vários outros, sem grandes aptidões, só porque pertencem ao bando de “Soy loco por ti”... É preciso moralizar este segmento tão importante da cultura baiana e mostrar a esta gente que chega com a falsa idéia de “redescobrir” a Bahia, que aqui tem gente competente, tem artistas plásticos em condições de executar uma decoração de nível, desde que haja uma concorrência pública, limpa.

COMPUTADOR DESCOBRE COLAR E MONTANHAS 
NA OBRA  MONA LISA

Chicago (AFP)- Uma análise do famoso retrato de Mona Lisa, por meio de computador, mostra que Leonardo da Vinci inicialmente pintou um colar em torno do pescoço da modelo e uma cadeia de montanhas a sua esquerda, que foi borrada no transcurso das sucessivas restaurações. “Depois de mais de 450 anos de deterioração, a Mona Lisa já não passa de uma pálida caricatura do original”, declarou o autor deste estudo perante a Associação Norte-Americana para o Progresso da Ciência.
John Asmus, um especialista em laser da Universidade de San Diego, Califórnia e trabalha no projeto de iniciativa de Defesa Estratégica (IDE), preparou uma técnica muito sofisticada há 10 anos para ajudar os historiadores em seu trabalho de restauração.
Submetendo os negativos do quadro Mona Lisa ao mesmo tratamento informático que as fotos de Júpiter e Saturno obtidas pela administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA), Asmus conseguiu identificar pequenos pontos em torno do pescoço de Mona Lisa, além de vestígios de algumas montanhas pintadas inicialmente à esquerda de sua cabeça e, depois, recobertas.
Mais grave ainda, o famoso sorriso enigmático de Mona Lisa, segundo Asmus, também teria sido retocado várias vezes como demonstram as diferentes camadas de pintura e de verniz identificadas pelo computador.

ARTISTAS USAM O COMPUTADOR COMO SUPORTE

Que tipo de reação um computador pode despertar na imaginação de um artista plástico? Uma carcaça de computador pode ser transformada numa obra de arte? A resposta está nas folhas do calendário 87 que uma empresa está distribuindo a seus clientes e amigos.
Produzido com impecável cuidado editorial e gráfico, o calendário é ilustrado com fotos de alguns dos trabalhos expostos na mostra. – Doze Artistas e Um Computador -, realizado em outubro do ano passado no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo. Essa exposição promovida foi resultado de um projeto da empresa que uniu tecnologia e arte. Para tanto, doze artistas plásticos brasileiros foram convidados a criar livremente sobre a estrutura do computador Solution 16.
Trabalhando com os mais inusitados materiais, os artistas imprimiram na máquina o gesto, o traço, a cor, a linguagem, a técnica, enfim, a sensibilidade de cada um, transformando os computadores em surpreendentes obras de arte. Antônio Peticov, por exemplo, usou peças de madeira de todos os tipos além de sucata de material de escritório. Iwald Granato pintou a carcaça do computador com cores muito fortes e Tomoshigue Kusumo resolveu dar-lhe uma roupagem renascentista cobrindo-o até com aplicação de ouro. O Solution 16, o mais recente lançamento é um micro computador da classe IBM PC , compacto, e fácil de transportar – o teclado transforma-se numa tampa para o vídeo – e foi projetado especificamente para profissionais liberais. Seu design criado pelo artista plástico Luciano Deviá, havia sido anteriormente premiado pelo Museu da Casa Brasileiro, o que levou a CP transformá-lo num verdadeiro objeto de arte.
O Calendário foi mais uma forma que a empresa encontrou para registrar e divulgar as obras criadas para a exposição – Doze Artistas e Um Computador -, ele está sendo distribuído a clientes, artistas plásticos, galerias de arte, museus, imprensa e até para algumas localidades dos Estados Unidos e Europa.

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