quinta-feira, 18 de outubro de 2012

OS FRUTOS NA OBRA DE CARMEN FREAZA- 30 DE MARÇO DE 1987

JORNAL A TARDE SEGUNDA FEIRA, 30 DE MARÇO DE 1987.

OS FRUTOS NA OBRA DE CARMEN FREAZA
A arquiteta Carmen Freaza participará de uma coletiva no clube do Rio Designer Center, mostrando alguns de seus mais recentes trabalhos a partir de 7 de abril. Ela trabalha com projetos, num escritório em Salvador, juntamente com seu esposo Alfredo Gusmão. Agora mesmo o casal está acompanhando a construção de um hotel em Porto Seguro, cujo projeto é de sua autoria.
Mas, além da arquiteta Carmen Freaza é uma boa pintora. Começou a pintar por volta de 1982 e de lá para cá já participou de algumas coletivas e individuais.
Sua temática gira em torno do homem e principalmente dos frutos. Como naturista, não poderia escolher outra temática. Ela vê todo um simbolismo no fruto como a continuação da própria vida. “É aquela coisa que não vai acabar”. Também as próprias cores, quase sempre fortes, dos frutos, chamam a atenção da artista que pesquisa com muito cuidado as formas. Enfim, seu mundo pictórico gravita em torno dos frutos que a natureza nos oferece. E aqui neste País tropical ela tem certamente muitas opções, tal a quantidade de frutos com belas formas e cores fortes.
Acredito que, ao lado das formas e das cores, o seu trabalho tem um enfoque social porque o fruto também simboliza a própria sobrevivência do homem.
É da Terra que surge esta força que brota e explode para sustentar não apenas o homem, mas também os pássaros e demais animais.

       NA GALERIA DO ALUNO EXPÕE VÂNIA BRASIL

A Galeria do Aluno abriu a sua temporada com a exposição de Vânia Levindo Brasil. Diz ela depois de fazer um trabalho em policromia foi atraída pela construção geométrica. Daí procura representar em seus trabalhos os planos, as linhas e cores de acordo com um sonho que teve. Vieram as justaposições de formas simples e harmoniosas. O vermelho entrelaçado com outras cores transmitindo a força da vida.
Esta galeria tem sido um espaço alternativo para os alunos que realmente se dispõem a enfrentar o mercado de trabalho. Vânia é um desses alunos. Ela está realmente com alguma instrumentação para fazer valer o seu talento. O que é preciso é pintar. Pintar e pintar muito para melhorar cada vez mais a sua técnica e desenvolver a geometrização. Acredito que com o seu temperamento meticuloso, cuidadoso e até certo ponto exigente, vai conseguir. Sua exposição deverá ser encerrada hoje.

LEILÃO REÚNE 120 QUADROS ESCRITÓRIO DE 
ARTE DA BAHIA

Com 120 quadros, peças raras, obras de colecionadores , o Escritório de Arte da Bahia promove hoje, às 21h30min, no Salão Monte Paschoal, do Salvador Praia Hotel, o seu Grande Leilão de Pinturas, evento que nestes três anos de existência da galeria vem inaugurando a temporada anual de exposições.
A mostra, está aberta desde ontem à visitação pública, das 10 às 20 horas, é, sem dúvida nenhuma, um dos bons leilões já apresentados ao público baiano, constituindo-se num verdadeiro panorama das artes plásticas brasileiras, já que entre as obras a serem vendidas estão trabalhos de nomes como Bonadei, Di Cavalcanti, Pancetti, Clóvis Graciano, Ismael Neri, Teruz, Carybé, Jenner Augusto, Scliar, Emanoel Araújo, Floriano Teixeira, José Maria, Rescala, Bracher, Robespierre de Farias, Romanelli, Aldemir Martins, João Alves, Gilberto Salvador, Claudio Tozzi, Newton Mesquita, Carlos Araújo, Tahashi, Jadir Freire, Fukushima, Luís Jasmim, Carlos Bastos, Jamison Pedra, Antônio Maia, Brito, Calasans Neto, Fred Schappi, Murilo, Vauluízio, Zivé Gludice, Fernando Coelho, Siron Franco, entre outros.
Acima a obra A Janela Do Colecionador, de Siron Franco.
Com esta promoção de abertura da temporada 87, o Escritório de Arte da Bahia, que terá sua primeira exposição do ano em abril com uma individual de Floriano Teixeira, reúne obras normalmente escassas no mercado.

QUATRO ARTISTAS REUNIDOS NA COLETIVA DA MULTIPLUS


















'Um Ziguezague de cores vai incendiar a cidade!” Este anúncio não é de um novo grupo de rock que vai balançar a moçada, nem tão pouco um novo produto a ser exposto nos supermercados. Trata-se da exposição de Gabriel Lopes Pontes, premiado no Salão Metanor/Copenor, e um dos jovens artistas que começam a despontar nesta nova geração de 1980. Ele chegou a rascunhar algumas palavras mostrando o seu impulso e inclusive fala de seus colegas de exposição. De Regina Rodrigues Costa, que deixou a sua Angola e aqui já participou de várias coletivas, onde mostrou a influência de sua terra, principalmente do artesanato multicolorido.
Acima obra de Michael Walker , em aerógrafo, vendo-se atrás o Morro do Pai Inácio, na Chapada Diamantina.
Gabriel Lopes Pontes, que tem pouco mais de 20 anos de idade, está com sua temática fixada no jazz. Usando o jazz como pano de fundo para seu trabalho, ele cria e recria um desfile de mulatos e negros brasileiros mostrando inclusive o contraste social, que tanto os atingem, neste Brasil meio perdido. São figuras de tipos que povoam as nossas ruas, principalmente os centros decadentes das metrópoles. Dentro desta temática, utiliza elementos com escudos de times de futebol, a cachaça, cobras e tudo aquilo que lhe toca a sensibilidade. Tem um colorido que classifica de latino, ligado a explosiva literatura latino-americana. Seu trabalho é muito expressivo e muitas vezes debochado. Lembro-me que assistia a um concerto de jazz em New Orleans quando um dos músicos, que era um homem negro, enorme e já idoso, levantou-se e tirou de grandes bolsos de seu velho casaco alguns caramelos e arremessou-os para a platéia. Foi um delírio. A cada lance ele soltava gargalhadas. Logo depois pegou o seu instrumento e danou-se a tocar, entediando a todos os presentes.
É este lado debochado que muitas vezes flui na obra de Gabriel. Ele, em determinados trabalhos faz estórias em quadrinhos e ultimamente a cor branca tem sido uma presença significativa na sua obra.
Outro que participa da coletiva é Dílson Midlej, que trabalha com nanquim, tendo como suporte o papel. Ele retrata as mulatas gordas, tão presente na obra de Di Cavalcanti. Certamente usando uma técnica bem diferenciada não podemos esquecer esta influência, sob pena de estamos cometendo um deslize.
Finalmente, participa o Michael Walker, que é paulista e trabalha muito bem com o aerógrafo, a exemplo do nosso Bel Borba. Ele parte da fotografia e daí recria o seu mundo, onde surgem elementos que tocam de perto esta terra, rica em plasticidade. Foi ele que introduziu recentemente o curso de lito na Escola de Belas Artes. É um ilustrador experiente. A exposição está aberta até 4 de abril, na Múltiplus, que fica na Rua Lemos de Brito, 10, Morro do Gavazza, na Barra.
Ao lado obra de R.R.Costa , sem título, em acrílico.



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