sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O MAR E AS FESTAS DA BAHIA NA ÓTICA DE JOSÉ BANDEIRA - 16 DE FEVEREIRO DE 1987

JORNAL A TARDE SALVADOR SEGUNDA-FEIRA, 16 DE FEVEREIRO DE 1987.



O MAR E AS FESTAS DA BAHIA NA ÓTICA DE JOSÉ BANDEIRA

A partir de amanhã, o artista primitivo José Bandeira abre sua exposição no Museu de Arte da Bahia, no Corredor da Vitória, às 20 horas, a qual permanecerá até o dia 03 de março, e que pode ser visitada diariamente no horário das 10 às 20 horas. O Bandeira é uma figura mais conhecida nos meios universitários, desde os idos da década de 60, quando morava no saudoso pensionato do Padre Torrend, na Vitória. É uma pessoa extremamente sensível, que gosta de explicar as coisas mais de uma vez, tal a sua preocupação para que tudo ocorra bem. Também é um batalhador. Trabalhou muitos anos como mensageiro de uma companhia de fretamento de navios.Até de garçom ele trabalhou, enquanto estudava, até formar-se em Odontologia, profissão que divide com sua atividade de pintor.
É conhecido do público baiano, pois já fez mais de 45 exposições, entre individuais e coletivas. Tem três painéis em Salvador. Suas obras integram os acervos dos museus das cidades de Milão e Salvador.
A arte de Bandeira está muito ligada com o clima baiano, com suas festas populares e com seu mar azul. Com pinceladas rápidas ele preenche os espaços vazios da tela com figuras semelhantes às que encontramos em cada esquina da velha Salvador. Se alguém for fazer um trabalho sério, um levantamento da arte primitiva, brasileira terá forçosamente que incluir o nome de José Bandeira.
O interessante é que embora seja formado em Odontologia, portanto, tenha uma formação universitária, ele consegue ser primitivo. Até no seu relacionamento, no seu modo de viver, tal a simplicidade deste artista que prefere ser identificado com esta gente do povo que cheira a dendê e não pode ouvir um tambor tocar, sem cair do samba.
As cores de seus quadros são fortes, e por vezes ele consegue captar o verde-azul do nosso mar e o azul intenso do céu com muita sabedoria.Para os que gostam de arte primitiva ou mesmo aqueles que curtem as coisas da Bahia, prestem mais atenção à obra de José Bandeira, este artista que vive voltado para a nossa gente e que vibra diante de uma nova tela, como uma criança diante de um novo brinquedo, mesmo estando cinqüentão.

BAHIA AUSENTE DA I BIENAL INTERNACIONAL DA GRAVURA

Foi inaugurada, no último dia 6, a I Bienal Internacional de Gravura em Campinas, no Museu de Arte Contemporânea daquela cidade com a mostra de 152 obras de 76 artistas de 30 países. É uma exposição itinerante que percorrerá diversas galerias e museus em varias cidades do Brasil, durante este ano.
Foram distribuídos 12 prêmios especiais e o júri, composto de Alberto Beuttenmuller; Olívio Tavares de Araújo; José Roberto Teixeira Leite; Raul Porto e Marcos Rizoli; teve de examinar 608 obras de 304 artistas, de 46 países. Além dos selecionados, a Bienal da Gravura tem salas especiais de artistas convidados e indicados hors concours.
Na Sala da Argentina a indicação ficou sob a responsabilidade da artista Maria Guerra, e a Sala da Alemanha a coordenação foi do professor Hélio Cyrni.Na de Portugal coube à Cooperativa de Atividades Artísticas Larvore (Porto) fazer a indicação, a qual conta com obras dos artistas: Abílio Emerenciando, Henrique Silva, Jorge Pinheiro, José Emídio, José Rodrigues, Júlio Resende, Lanhas, Maria Irene Ribeiro, Marques Cruz, Rui Aguiar e Rui Pimentel.
A Sala do Brasil é composta pelos gravadores Rubem Grillo, Valdir Sarubbi, Nélson Cury, Ermelindo Nardin, Remina Katz, Fayga Ostrower, Odetto Guersoni, Evandro Carlos jardim, Fernando Calderari, Marcelo Grasman, Ivone Couto, Orlando da Silva, Antonio Carlos Buti, Clodomiro Lucas e marcos Rizolli. Também foi prestada uma homenagam póstuma ao gravador Hans Suliman Grudiznski, falecido recentemente.

OS PARTICIPANTES

Não podemos deixar de registrar e lamentar a total ausência de artistas baianos neste evento. Entre os participantes do Brasil, além dos convidados especiais estão: Maria do Carmo Carvalho, Márcio Andrade, Ângela Leite, Bia Amaral, Fernando Roberto Dias da Costa, Maria Lúcia Cereda Gomide, Nelson Israel de L. Peralta e Lucy Lopes Sales, (Prêmio Especial), todos paulistas; Vera Grimberg e Diana Domingues, do Rio Grande do Sul; Glória Lins Pinto, do Rio de Janeiro, e Paulo Roberto Lisboa, de Minas Gerais. Os demais são de outros países.

Da Alemanha Ocidental - Jochen Kohn, Loan Bunus, Jeremias H. Vondrlik, Andras Marcos (Prêmio Especial), Haral Becker e Poehlitz Rainer; Alemanha Oriental - Ulrich Tarlatt, Andreas Dress e Peer Leopold. Astrália - David Jay Reed (Prêmio Especial); Áustria - ELmar Peintner; Bangladesh - Mahmudul Haque; Bélgica - Misao Shukuno, Canadá- Davida Kidd e Dariusz Bebel; Chile - Patrícia Figueiroa Lembach;Cuba - Romon, Garulla; Dinamarca - Finn Lohmann; Egito - Mohamed Ali Khater; Finlândia - Juha Tammenpaa (Prêmio Especial) e Lisbet Lund; França - Isabelle Paisant, magot Mirelle, Claude Lagouche, Champseit Remi e Michel Ttouplain; Holanda - Hetty Krist (Prêmio Especial); Hungria - Imre Kocsis; Inglaterra - Dick Wtall (Prêmio Especial); Irlanda -Anthony John Daviers; Israel  Julian Stup (Prêmio Especial); Itália - Sibilia ; Iugoslávia- Dobri Stojamovic, Tutta Klavdij e Nikolou Dimce; Japão- Yasuhiro Sobajima, Yuko lchikawa, Shimada Ttideaki, Yoshiyuki Makino, Koji Lkuta (Prêmio Especial), Katsunori Ttamanischi, Masayuki Kimura, Miyayama Jiroaki, Hiroyuki Nozawa, Takemi Azumaya, Etsuko Kanaida e Michiko Hoshino; Noruega -Victor Lind; Polônia - Jomek Chojnacki, Andrei Popiel, Witold-Kalinski, Piotrovki Miroskau, Cezary Kielar (Prêmio Especial) e Gkowacki Janusz Leszek; Romênia - Marta Dimitreicu e Petru Rusu; Tchecoslováquia - Michalek Ondrey (Prêmio Especial). Uruguai - Raul França (Prêmio Especial). E.U.A  Gene Matthews, Paul L. Stewart e David Conn. 


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