terça-feira, 18 de setembro de 2012

QUATRO ARTISTAS EXPONDO NA GALERIA DO MÉRIDIEN - 12 DE ABRIL DE 1982.

JORNAL A TARDE, TERÇA-FEIRA , 04 DE ABRIL DE 1982.

QUATRO ARTISTAS EXPONDO NA GALERIA DO MÉRIDIEN


 Um índio do Maranhão, um cearense de cabeça chata, uma pernambucana e outra paraibana estão reunidos numa exposição que está aberta à visitação pública no Hotel Méridien.
Guiga é o cearense encantado pelo mar e as coisas simples. Trabalha com matizes tênues. Suas telas revelam a pureza do artista nato que não foi impregnado pela rigidez das técnicas. Uma pintura quase ingênua. Já o Izaías, ou mais conhecido pelo apelido de cacique Izaías, traz em seus trabalhos a força das matas com a flora e fauna exuberantes. Fala pouco, como que vive desconfiado do mundo dos brancos, embora já tenha uma grande convivência com as vantagens tecnológicas desta sociedade e conheça suas bondades e vícios. De quando em vez ele sai da temática que está em sua própria pele e tenta pintar baianas e outras coisas que nada têm a ver com a sua gente, com o seu verdadeiro mundo. Porém, quando volta seus olhos e sua criatividade para a mata de onde veio, nos revela um pintor digno de um lugar de destaque na arte brasileira.
Aí sim, vemos e sentimos o índio Izaías pintando para o mundo dos brancos.
Ivonete Dias, a paraibana, mostra sua gente simples e as coisas de sua terra. São as mulheres rendeiras , outras que trabalham com cerâmica, os cangaceiros e todo aquele mundo mágico e sofrido da terra da seca. O colorido é forte, como é no sertão.
Finalmente, temos a Mary Jane, uma pernambucana com sua arte mística.Portanto, são quatro artistas que merecem ser vistos, pois têm uma identidade.Pintam os costumes, a gente e a própria religiosidade mística do Nordeste, esta região sofrida e esquecida pelos homens de poder.

RICHARD WAGNER DESAFIA A IMAGINAÇÃO DO ESPECTADOR

Wagner e duas de suas últimas telas que
mostrará aos baianos.
Com poucos minutos de conversa qualquer pessoa percebe a ansiedade e a inquietude que existem dentro do artista Richard Wagner. Esta inquietude tem lhe proporcionado incursões em vários patamares da arte. Ele sempre está à procura de materiais e de expressões que permitam extravasar os seus sentimentos e emoções através de formas abstratas, surrealistas, concretas e assim por diante. Trabalha com madeira, com barro, com metal, látex, enfim com uma gama de materiais que assim vão satisfazendo suas indagações de momentos. 
Além de tudo isto Wagner gosta de incursionar pela palavra escrita tentando dar uma dimensão de significado ao que expressa através das telas e painéis. Evidente que o significado de suas emoções muitas vezes não chegam a acrescentar muita coisa, porque tem uma carga subjetiva muito profunda. As indagações em vez de serem respondidas, ao contrário, as pessoas passam também a procurar o entendimento nas suas palavras ditas com emoção. O desencontro entre o desentendimento, dos leitores demonstram exatamente o espírito e o viver de Wagner
Sua obra tem uma carga de emoção onde quase não há lugar para a razão. É preciso examinar uma tela deste artista entendendo o seu autor. Aí sim, você encontrará as respostas para suas indagações e certamente a razão maior de toda aquela carga de subjetividade que vislumbra. Sua obra é um desafio constante à imaginação do espectador. Ele próprio diz:
“Acho que uma obra deve ser sempre um desafio constante à imaginação do espectador. Uma obra  por mais simples que seja, deve distribuir o desejo da procura, da pergunta, do desafio; creio na obra que desafia a si mesma e, em ato contínuo ao espectador. Creio na obra que reflete ou reporta ao espectador o mistério, pois é deste espectador que vive realmente a obra. Creio ainda, no espectador e no artista que se desafia perante a obra, e vice-versa, porque é deste mistério entre obra/espectador/artista, que vive a cultura de um povo. Creio também na obra que desafia o espectador”.

ESCULTORES BRASILEIROS REUNIDOS NUMA EXPOSIÇÃO QUE VAI À EUROPA

Dois fatos inéditos no campo artístico brasileiro marcaram o panorama cultural de São Paulo, a realização da exposição “Cem Anos de Escultura no Brasil” , no Museu de Arte de São Paulo, e o lançamento ocorrido no dia da inauguração da mostra, do livro com o mesmo título, obra pioneira sobre a escultura feita em nosso país durante o último século.
Diante da completa falta de material informativo sobre a escultura desse período, o MASP, em colaboração com a Galeria Skultura e a Philip Morris Brasileira S/A, patrocinadora do evento, deram uma contribuição fundamental à cultura nacional com o lançamento do livro "Cem Anos de Escultura no Brasil”.
Baseado em minuciosa pesquisa elaborada para exposição durante a qual foram obtidos mais de 400 nomes de escultores que trabalharam no Brasil, trazendo análises críticas do professor Pietro Maria Bardi, diretor do MASP, e do crítico de artes plásticas Jacob Klintowitz, o livro tem 124 imagens de página inteira (quando a média, para livros de arte no Brasil, é de 60 imagens). O texto  em português e inglês, e a tiragem, de 3000 exemplares. Por sua vez, a Philip Morris, ao patrocinar ambos os eventos, pretende contribuir para o desenvolvimento da pesquisa artística e o enriquecimento da cultura nacional.
                 
O Papel da Escultura 

De fato, a exposição contribuiu para estimular o debate sobre a escultura, recolocando a discussão de seu papel no contexto da arte contemporânea e a sua compreensão pelo público em geral. É oportuno lembrar, por exemplo, que a partir do momento em que a arquitetura se impõe nos grandes centros urbanos a escultura passa a ter nova função, deixando de lado a tradicional decoração em túmulos e as homenagens a datas históricas e homens públicos, em praças, para integrar-se à harmonia das construções arquitetônicas contemporâneas. Faz, então uso de novas técnicas, novas formas e materiais, rompendo com sua linguagem tradicional. Nesse sentido, segundo Jacob Klintowitz, professor de História da Arte Moderna, a escultura é fundamental para o estudo das civilizações e para a aquilatação do desenvolvimento de um país, já que envolve as técnicas e os conceitos à disposição da sociedade.
A mostra ocupou três salas do MASP, os dois mezaninos e o grande hall cívico, onde as obras estão dispostas por ordem cronológica de nascimento dos autores e divididas em dois grupos: figurativo (obras clássicas que merecem, no livro, uma análise do prof. Bardi) e informal (obras não-convencionais, analisadas por Jacob Klintowitz).
Três artistas que passaram do figurativo para o informal Victor Brecheret, Felícia Leiner e Bruno Giorgi têm uma obra em cada grupo.Foram montados também painéis retratando os monumentos mais significativos, como o da Independência, no Ipiranga, do escultor Ettore Ximenez.
Além de seu caráter espetacular, o divertimento, a tridimensionalidade (o espectador se vê entre os objetos), a exposição teve um objetivo cultural o de familiarizar de uma só vez o público com toda a escultura brasileira. Para tanto, ao lado dos mestres mais conhecidos, numerosos escultores jovens, ainda desconhecidos do grande público e cujas atividades repercutiram somente nas suas cidades de origem, foram incluídos na exposição, que poderá ser levada a Nova Iorque, Munique e Londres ainda este ano.

                                                          MURAL

ARTE RELIGIOSA- É a coletiva na Panorama Galeria de Arte, onde Licurgo mostrará os seus recentes trabalhos, com inauguração em 15 próximo até o dia 25 de abril. Licurgo mostrará três trabalhos: O Cristo Nordestino, Maria do Nordeste  e o Anjo de Cor.
No seu trabalho, o artista não detalha a figura, pois quer mostrar e deixar registrado todo o sofrimento do povo de uma região que precisa ser olhada e trabalhada com mais intensidade, o que podemos dizer: sempre em planos iguais às outras regiões, devido às necessidades de irrigação, saneamento básico e outras, que são indispensáveis à sobrevivência do ser humano.


O ESPAÇO NIKKEY DE ARTES- Dando seqüencia às suas atividades culturais, reunirá a “Primeira Geração” de artistas nipo-brasileiros numa mostra a ser aberta amanhã, às 20 horas.
A exposição contará com obras inéditas de Manabu Mabe, Tomie Ohtake, Tikashi Fukushima, Flávio-Shiró, Yutaka Toyota, Bin Kondo, Sachicko Koshikoku, Hissao Oharo, kazuo Wakabayashi e Tomoshige Kusuno.
Desenhos, pinturas e esculturas que retratam muito bem o mesclar das duas culturas, estarão expostas diariamente das 10 às 22 horas, de amanhã até 02 de maio, no Nikkey Palace Hotel, na Rua Galvão Bueno, 425; São Paulo.
Na foto uma tela de Flávio Shiró.

CAÓ TEM LIVRO- O cartunista Caó lança seu livro “Papagaio com rabo de Boi” com apresentação do poeta  Carlos Capinam.
São desenhos de humor segundo o convite “destinados a todas as idades”.
O lançamento será amanhã, às 20 horas no restaurante Manga Rosa, que fica na Rua Cezar Zama, número 60, na Barra.







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