domingo, 12 de agosto de 2012

VISUAIS- ZU CAMPOS E A NOBREZA NO ENTALHE - 12 DE MARÇO DE - 2002


JORNAL A TARDE SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 12 DE MARÇO DE 2002

                             NOBREZA NO ENTALHE DE ZU CAMPOS


Instalado há vários anos na bucólica Ladeira de Santa Tereza, o entalhador Zu Campos, melhor falando o mestre Zu, vai construindo o seu mundo, com toda paciência que Deus lhe deu. Para minha surpresa, o mestre é carnavalesco. Imagine, diretor de um bloco de índio, exatamente Os Apaxes, do bairro do Tororó. Já escrevia o saudoso Ivo Vellame que Zu vivia “num velho sobrado de Santa Tereza entre personagens criados por este artista- mestre-entalhador, no seu gênero, o melhor da terra baiana”. As figuras que saem dos seus entalhes são frutas, beatos, Cristos , bichos e gente do povo, que ele os esculpe utilizando materiais diversos, inclusive, portas e janelas retiradas de demolições. Ele consegue dar nobreza ao entalhe, tirando de um status meramente artesanal, dando-lhe o significado de arte.Este é, portanto, o mestre Zu Campos, que está sendo homenageado com uma mostra na Escola de Belas Artes, que deve ser vista por todos.

                             ENGAJAMENTO DE MARCEL ODENBACH

Antes de expor na Bienal de São Paulo, Marcel Odenbach mostra, em Salvador, uma série de trabalhos com o título Viver Longe Para Sentir-se em Casa. Ele é um artista ainda influenciado por um estilo de vida, ideologicamente ligados ao dos anos 60. Sua obra afirma-se porque, por trás dos critérios formais, permanece sempre visível o engajamento político. Também porque as questões políticas, sociais e de crítica cultural não encobrem a forma artística. “Por mais que a obra de Odenbach, com esta abordagem, esteja impregnada por determinados contextos histórico-culturais e de época, é também deles que ela retira a sua intemporalidade. Enquanto seus vídeos e instalações nunca deixam de associar memória histórica e experiência sensorial, ele está sempre, com suas reflexões, um passo à frente do seu tempo”, informa-nos Udo Kitelmann.

                                    ODEIO FINAIS FELIZES

A exposição Odeio Finais Felizes, de Rogéria Maciel, cuja abertura acontecerá nesta sexta-feira, na Galeria Acbeu, compreende uma única obra que engloba todo o ambiente. A galeria será estampada com papel de parede cujo motivo foi, retirado de um ensaio fotográfico realizado pela artista, no ano de 1998, e confeccionado especialmente para esta exposição.
Com interesse em imprimir sentimentos a essas imagens, ela elege a cor vermelha como significado para a vida, a construção da realidade e o confronto com a morte. Entre os elementos que constituem a obra está uma grande estrutura central, móbile suspenso, realizado em aço e vidro, que cria uma metáfora do corpo vivo ao se deslocar no espaço, além de um áudio em CDR, composto por depoimentos de mulheres de faixas etárias, profissões e classes sociais distintas. Os depoimentos foram colhidos ao longo de dois anos. A artista solicitava às mulheres entrevistadas que fizessem uma viagem de retorno à adolescência, procurando resgatar os sonhos de então, comparando-os a vida atual de cada uma delas.
Reprodução de detalhe da obra que Rogéria Maciel expõe na Acbeu.


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