segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A CARTA DE CAMINHA - 10 DE JULHO DE - 2001


JORNAL A TARDE SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 10 DE JULHO DE 2001

                         A CARTA DE CAMINHA

 Lembrando ainda as comemorações dos 500 anos do descobrimento do nosso País, O Museu de Arte da Bahia, localizado no Corredor da Vitória, vai exibir, a partir desta quinta-feira, a exposição Carta de Pero Vaz de Caminha, um dos módulos da Mostra do Redescobrimento: Brasil + 500. O museu funciona de terça a domingo, das 10 às 17 horas, e serão cobrados ingressos, a R$ 4,00 e R$ 2,00 (meia). As pessoas podem estranhar que o museu esteja cobrando ingresso, já que eles precisam tanto de público. Esta ainda não é uma prática comum em salvador, mas em todas as grandes cidades do mundo os museus cobram ingressos, para ajudar  na manutenção que é sempre cara, e para a compra de novos trabalhos de arte.

Além deste documento de grande importância para nós, a Carta de Caminha, porque é uma certidão de nascimento do Brasil, compõe na mostra obras de 22 artistas brasileiros e portugueses. Tem destaque o núcleo de arte indígena. São 11 artistas brasileiros e igual números de portugueses. O conjunto de obras tem a presença de Antônio Hélio Cabral, Emmanuel Nassar, Flávio Emanuel, Glauco Rodrigues, João Câmara, José Roberto Aguilar, Karin Lambrecht, Luiz Zerbini, Paulo Pasta, Rosângela Rennó e Siron Franco. O paulista Luiz Zerbini, radicado no Rio de Janeiro, é autor da obra de foto, que apresenta dois crânios mordendo um torso, numa visão estética que discute as polaridades da vida e da morte, lançando uma sombra analítica sobre o ideário da colonização. Já José Roberto Aguilar buscou inspiração nas imagens da televisão, com os efeitos pirotécnicos nas praias de Copacabana. Inclusive, ele selecionou rostos de anônimos observando o pipocar dos fogos de artifício no céu. É bom lembrar que os fogos causaram algumas vítimas e, no próximo Réveillon, estão programando a queima dentro do mar, e não mais na praia, para evitar novas tragédias.
Aguilar, no centro da tela, mostra uma menina de 10 anos com feições indígenas olhando para a câmara. Vale apenas conferir- é uma bela exposição.
Reprodução da obra Abraço , em pó de mármore e resina , de Luiz Zerbini.

                  FRAGMENTOS- DIÁRIO DA CADEIA

A partir desta sexta-feira, as obras de Leonel Mattos estarão expostas na Mosaico Molduras e Arte, que fica no caminho das árvores. São os trabalhos feitos em técnicas variadas e algumas experimentações que o artista vem fazendo e sobre as quais escrevi algumas vezes. Mas nunca é demais falar de um amigo privado da liberdade e, especialmente, de um artista que não se dobra aos percalços da vida.
Aqui fora também enfrentamos os nossos problemas, às vezes, tão grandes quanto à perda temporária da liberdade. O que interessa é que a vida continua e temos que criar, realizar, pensar no positivo e ir em frente, porque o fim vai ficando a cada segundo cada vez mais próximo. Fragmentos reunidos por Leonel são pedaços, momentos, desta situação vexatória e incompreensível, do emaranhado de leis, regulamentos, de valores culturais que regem os ajuntamentos de pessoas ou as sociedades. Uns expressam através da escrita, outros, dos discursos, das atitudes. O artista, pela arte, que fala mais alto, que tem perenidade. Leonel é a explosão criativa que chega a atropelar palavras, na ânsia de ser entendido.

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