terça-feira, 28 de agosto de 2012

MUSEU DE ARTE FUNCIONARÁ NO PRÓXIMO MÊS NA VITÓRIA - 9 DE AGOSTO DE 1982.

JORNAL A TARDE SALVADOR, TERÇA-FEIRA 09 DE AGOSTO DE 1982

MUSEU DE ARTE FUNCIONARÁ NO PRÓXIMO
MÊS NA VITÓRIA


No próximo mês o Museu de Arte da Bahia mais conhecido como Museu do Estado estará em suas novas instalações, no solar onde funcionou a Secretária de Saúde, uma construção do século XIX, no Corredor da Vitória. O presidente da Fundação Cultural, Geraldo Machado, assegura que o solar é o local ideal para o acervo do museu, constituído de pinturas, pratarias, porcelanas, mobiliários, objetos de adornos, “uma parcela importante da história da Bahia dos séculos XVII, XVIII e XIX, que estava sendo muito mal-exposta no prédio de Nazaré por falta de espaço”.

Foto do imponente solar onde funciona o Museu de Arte da Bahia, no Corredor da Vitória.

Ele ressaltou a nova localização do Museu do Estado e elogiou a escolha do local, porque “a Vitória está se transformando em eixo cultural importante na cidade”. Na Vitória e imediações está o Teatro Castro Alves, o Instituto Cultural Brasil-Alemanha, o Museu Carlos Costa Pinto. Lá serão instalados o teatro da Acbeu e o Museu de Geologia.“Esta concentração de equipamentos culturais proporcionará uma racionalização do fluxo de visitantes ao Museu do Estado”, garante.
                                                                   ESPAÇOS
 No novo Museu de Arte da Bahia a exposição do acervo ocupará parte do segundo pavimento do casarão onde as peças arrumadas de acordo com temas, épocas etc. Haverá espaços para exposições temporárias.
O projeto do Novo Museu de Arte da Bahia prevê a implantação de oficinas destinadas a preservar o artesanato de prata e cristal, entre outros, cujos mestres estão desempregados. Nas oficinas, eles terão oportunidades de transmitir sua habilidade a alunos que preservarão a arte.
“Um espaço anexo ao museu explicou Geraldo Machado está sendo preparado para abrigar um mercado informal de objetos antigos”.
                                                               BIBLIOTECA
 A Biblioteca do Museu, especializada em arte, ficará no subsolo do casarão, onde há lugar para seus mais de oito mil volumes. Segundo Geraldo Machado há a intenção de melhorar o acervo da biblioteca, que já é um dos mais completos do país. O museu terá ainda guarda-volumes, loja e um auditório. A mudança do museu para a Vitória foi também uma oportunidade para fazer-se um trabalho inédito: pela primeira vez na Bahia é feita a restauração de todas as peças de um museu. A Fundação Cultural reuniu uma equipe de restauradores que funcionará como a central de manutenção do Museu de Arte da Bahia.
O ALEMÃO FRANZ MOSTRA TRABALHOS EM MADEIRA
 Um tipo inédito de se trabalhar em madeira, denominado serra-gravura, está sendo apresentado na Galeria de Arte Raimundo Oliveira, no Instituto Mauá, em exposição que permanece aberta ao público.
“Baiana com fundos de casas”, “Pescador”, “Sermão aos Pássaros”, “Cristo Carregando a Cruz”, são algumas das serra-gravuras de Franz Erwin Schitker, cujos preços variam de 5 a 68 mil e tem atraído um enorme público ao instituto.
Dentre os 20 quadros expostos, 5 possuem motivos sacros e embaixo de cada um está presente uma frase referente ao motivo pintado. Como é o caso da “Baiana”, um quadro em homenagem a mulher que nasceu nessa terra maravilhosa, disse Franz e abaixo do quadro pode-se ler o seguinte: A Baiana conquistou a simpatia do homem muito além das fronteiras da Bahia. Ela é quase um símbolo brasileiro. Vários quadros já foram vendidos. Ele comentou que aceitação dessa nova técnica está surpreendendo até ele próprio, apesar dessa ser a segunda exposição em que participa. A primeira foi em 1980, durante a VI Feira de Artesanato do Teatro Castro Alves, promovida pela Setrabes, onde houve a participação de muitos artesãos.
Morando ha 21 anos no Brasil e há 15 em Salvador, o alemão Franz disse que desde pequeno já fazia trabalhos com madeira, que era um de seus passatempos preferidos, principalmente durante o inverno, pois sua cidade natal, Benteler, na Alemanha Ocidental, era muito fria. E quando chegou ao Brasil começou a desenvolver com mais afinco essa técnica.
Dentre os quadros expostos, o mais caros 68 mil e o mais trabalhoso é o de São Francisco de Assis, todo feito em pedaços de madeira, tipo mosaico. Ressaltou Franz, que nesse quadro ele usou as mais diversas tonalidades de madeira para conseguir o efeito desejado, pois as madeiras usadas, como jacarandá, violeta, mogmo e pinho alemão são difíceis de se conseguir, daí a razão dele não jogar fora nenhum pedaço de madeira por menor que seja.
Todos esses trabalhos de Franz poderão ser vistos e o público que deseja encontrar o próprio Franz, deverá fazê-lo na parte da tarde.
                                      A ARTE DE FABRICAR PAPÉIS
 Fazer do próprio papel um objeto de arte, através de interferência no seu processo artesanal de fabricação, é a proposta do artista plástico brasileiro Otávio Roth, na mostra “Criando Papéis” que esteve aberta ao público no Museu de Arte de São Paulo.
Gravurista de renome internacional, Otávio iniciou suas pesquisas sobre as possibilidades do papel enquanto linguagem artística há cerca de oito anos, na Europa. Sua intenção era estabelecer uma relação indissolúvel entre o papel até então usado como suporte e a imagem, misturando formas, linhas e cores. Segundo o crítico Márcio Doctors, esse tipo de trabalho resultou numa trama, ao mesmo tempo aparente presente. “E é esta trama que nos encanta, que nos remete a uma certa transparência, que mistura os limites que tentamos impor às coisas”, diz ele. A arte de fazer papel à mão, revivida por Otávio, foi inventada pelos chineses no início da era Cristã, sendo introduzida na Europa no Século XII. Hoje, o papel fabricado manualmente é utilizado somente para fins artísticos, face sua qualidade e seu elevado custo.
Otávio Roth, que acaba de retornar de Nova York onde é professor do Center for the Books Arts, afirma que seu compromisso é com o passado e com o futuro. “Sou e quero continuar sendo um criador de papéis, contribuindo com alguns de meus anos à longa história do papel”, esclarece
Para tanto, ministrará um curso sobre a fabricação artesanal do papel o primeiro a ocorrer no Brasil durante a exposição no MASP.
Através de farta documentação e de amostras de papéis artesanais de diversas partes do mundo, a história universal do papel inclusive a do nosso país também se fará presente na mostra “Criando Papéis”.
        QUADROS DE CIENTISTA E PRÍNCIPE, VENDIDOS
Um enorme quadro, a óleo pintado por Samuel F. B. Morse em 1832, pouco tempo antes de inventar o telégrafo e o Código Morse, foi vendido pela quantia de 3,25 milhões de dólares, o preço mais alto jamais pago por uma pintura norte-americana.
O comprador foi Daniel J. Terra, de 71 anos, um executivo aposentado de uma firma de produtos químicos de Chicago e que exerce a função de embaixador de boa vontade para assuntos culturais do presidente Ronald Reagan
A pintura, é intitulada “Galeria do Louvre” e mostra várias personalidades norte-americanas da época no famoso museu parisiense contemplado o quadro “Mona Lisa”, de Leonardo da Vinci. Durante a vida de Morse, o quadro, que nunca conheceu a celebridade, permanecerá num dos salões da Universidade de Siracusa, no Estado de Nova York. Terra planeja expô-lo no museu que fundou em Evanston, lllinois.
                        QUADRO DO PRÍNCIPE
 Num leilão de caridade, os colecionadores esnobaram um quadro pintado pelo príncipe Philip, marido da rainha Elizabeth.
O quadro, uma paisagem da Nova Zelândia pintada há anos, foi recolhido pelo leiloeiro na brigada de ambulâncias Saint John, porque os lances não alcançaram o preço mínimo de 10 mil libras (3,1 milhões de cruzeiros). O lance maior não chegou a 5 mil libras. Segundo o palácio de Bukingham, o príncipe Philip, que pinta, regularmente em suas horas de folga, deu várias de suas telas ao marquês de Abergavenny, que pediu permissão para doar uma delas para o leilão de caridade.
                                EXPOSIÇÃO SOBRE O FOLCLORE
 Dia 24 de agosto de 1982 (Dia internacional do Folclore) às 20h00minh acontecerá na Genaro Galeria de Arte o coquetel de abertura da exposição “O Folclore nas Artes Plásticas” da qual participarão os artistas: Floriano Teixeira, Capelotti, Maria Muhana, Beto Santiago, Albano Neves e Souza, J. Arthur, Nilza Barude, Miguel Najar, Maria Sampaio, Manoel Jerônimo, Eduardo Carvalho, Juarez Paraíso dentre outros.
Um tema rico, principalmente na Bahia, foi escolhido pela direção da Genaro Galeria de Arte dando continuidade a seqüência de exposições temáticas iniciadas com a realizada a 13 de maio intitulada “Mês de Maio, Mês de Maria”.
                                                        FOTOS
A Petroquímica do Nordeste S.A. (Copene) está promovendo, com o apoio da Funarte e da Fundação Cultural do Estado da Bahia o Concurso Copene de Fotografia, com o objetivo de selecionar 12 fotos para ilustração do calendário da empresa para i próximo ano.
Fotografe o Nordeste é o tema do concurso que permite escolha livre de assuntos, dentro da paisagem geográfica e cultural dos estados, da Bahia ao Maranhão.
                      OBJETOS E TAPEÇARIAS NO MAMB
O Museu de Arte Moderna da Bahia inaugura nesta terça-feira dia 10, às 21 horas, no Solar do Unhão, uma exposição coletiva de trabalhos de três artistas radicados no Rio de Janeiro, conhecidos pelas suas criações expressivas: Anderson Medeiros, que trabalha com ex-votos, e Vivian Silva e François Gallé, tapeçarias.
A mostra fica em cartaz até o dia 28, com visitas de terça a sexta das 10 às 12 e das 14 às 18 horas e sábados, domingos e feriados das 14h30min às 18h30min.
 Reprodução de Objeto de Aderson Medeiros
Presentes na exposição, além das suas tapeçarias de fibras diversas, quatro quadros da artista francesa residente no Rio Françoise Gallé. Ela já fez várias exposições na Europa e Brasil e seu currículo revela uma intensa atividade e a participação em momentos importantes das propostas têxteis. Apresenta trabalhos que refletem a nova tendência da tapecaria artística, com base nos estudos de pintura, escultura e desenho que teve na Academia de Belas-Artes de Paris.

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