segunda-feira, 2 de julho de 2012

GOELDI E SUAS IMAGENS SOMBRIAS


Texto Reynivaldo Brito
Fotos Divulgação

Duzentas e uma obras de Oswaldo Goeldi estão expostas no Museu de Arte de São Paulo cobrindo o período que vai de 1920 a 1960 com curadoria de Paulo Venâncio Filho. Ele não considera que seja uma retrospectiva do artista e, sim uma exposição do período mais importante de sua produção. Quem conhece a obra de Goeldi sabe que destoam completamente do que era produzido em sua época, quando as cores eram vibrantes. Ele ao contrário, vinha com suas gravuras soturnas, com pouca luz e muitas vezes sombrias. Destoava, portanto, de seus contemporâneos como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e muitos outros. 

Foto da obra Noturno que está no Mam paulista.
Goeldi gostava de retratar a vida subterrânea da cidade como as prostitutas, bêbados e vagabundos que perambulavam durante as noites no Rio de Janeiro. Dizem os estudiosos de sua obra que ele tinha uma forte ligação com os expressionistas e, que mantinha uma amizade com o austríaco Alfred Kubin (1877-1959). 
 Sua vida foi marcada por turbulências. Consta de sua biografia que o pai de Goeldi, o naturalista suíço Emílio Augusto Goeldi morreu em 1917  e, que seu cunhado de nome Martin Wagner passou a dominar a cena .Este   expulsou Goeldi de casa, e teria obrigado a desistir da herança a  que tinha direito . Em seguida o enviou para a Europa no ano de 1922, onde teria sido resgatado pela amiga Béatrix Reynal (1892-1990) a quem ele deixou em testamento suas obras. Esta rejeição teria sido provocada por sua vida boêmia e pelas obras sombrias que produzia. Com a morte de Béatrix e de seu esposo, que não deixaram herdeiros, os direitos das obras voltaram a pertencer à família Goeldi.
Foto de Goeldi no Liceu de Artes e Ofícios em 1930.

Assim o museu teve que pagar R$24 mil para a Associação Artística e Cultural Oswaldo Goeldi pelo direito de imagem das 240 obras que estão nas duas mostras abertas ao público.
Segundo informa sua sobrinha-neta Lani Goeldi este dinheiro será utilizado para viabilizar uma publicação sobre o artista. Realmente Goeldi merece ser perpetuado, porque sua obra tem grande valor artístico e precisa ser conhecida pelas gerações futuras. Quando se fala em gravura no Brasil vem logo o nome de Goeldi. A mostra permanece até 19 de agosto próximo.
Quero lembrar aos diretores de museus baianos que está na hora de ser promovida uma grande exposição da obra de Hansen Bahia, que tem uma produção grandiosa e de grande valor estético. Está na hora que aparecer um curador para concretizar esta idéia que ainda quero presenciar e celebrar.



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