SALVADOR, 1° DE JULHO DE 1997
GALERIA ANARTE
Texto Reynivaldo Brito
Foto Divulgação / Beto Oliveira
APRESENTAÇÃO
GALERIA ANARTE
Texto Reynivaldo Brito
Foto Divulgação / Beto Oliveira
APRESENTAÇÃO
Carlos Bastos é um anjo enviado
dos céus para resgatar nesta cidade do Salvador a grandiosidade do barroco, a
alegria de nossa gente, a beleza de nossa arquitetura e a nossa religiosidade.
Em outra encarnação deve ter sido um lorde, daqueles que carregam uma bagagem
cultural sólida e educação refinada. Sua arte tem uma marca indelével do grande
desenhista que é, base importante para qualquer artista que se debruce sobre
uma tela. Seus anjos andróginos, suas freiras, o casario majestoso e os
palácios que permeiam sua obra misturados com objetos surrealistas demonstram
que o artista brinca com estilos, mistura-os propositadamente como se estivesse
querendo testar o resultado. Tudo surge espontaneamente de uma simples mancha
que ele faz na tela branca e daí começam a chegar os personagens que vêm povoar
este seu mundo onírico.
Foto da obra Anjo da Guarda, onde vemos o próprio Carlos Bastos no leito.
Foto da obra Anjo da Guarda, onde vemos o próprio Carlos Bastos no leito.
Uma presença importante nesta
cidade desde que fez sua primeira exposição na então Biblioteca Pública, que
funcionava na Praça Municipal, e que foi demolida para dar lugar ao famoso
“Cemitério de Sucupira”, hoje sede da Prefeitura Municipal. Já teve vários de
seus painéis e murais destruídos pelo fogo ou pela sanha de insensíveis
proprietários de imóveis.
Mas ele ressurge como fênix e vem com mais força, escudado por
seus anjos andróginos numa atmosfera mágica que é a sua marca registrada. Suas
telas não precisam de assinatura para serem identificadas, porque Carlos Bastos
tem uma caligrafia pictórica própria. Nesta exposição, ele faz uma leitura de
sua vida, como se quisesse contar para nós os momentos de sofrimento e alegria
que passou nos últimos anos. Por três vezes viu a morte de perto, e certamente
esta experiência, à qual tive a oportunidade de vivenciar uma vez, nos abre a
visão para a nossa própria fragilidade como ser humano.
Examinando seus quadros podemos
identificá-los em várias etapas de suas vidas. O cidadão na cabeceira de uma
mesa, como um vaqueiro diante do castelo de Garcia D’Ávila que ele recriou a
partir das ruínas, no astronauta que visita o prédio renascentista, no anjo que
paira abençoando o casal, enfim, Carlos Bastos esta aí anunciando que já esteve
por aqui outras vezes encarnando personagens diferentes. Com esta
multiplicidade de vidas, o artista aparece entre os seus companheiros de
jornada não numa atitude narcisista, mas com a intenção de revelar, para nós
mortais, que já esteve por aqueles lugares que admiramos em suas telas.
Que sensação engraçada! Presenciei essa cena (sem o anjo, óbvio. Ou talvez ele fosse tio Altamir...) em uma das visitas que fiz com minha mãe quando ele estava doente. O quarto, os cachorros... tudo igual.
ResponderExcluirOs traços dele realmente são únicos.
Este comentário foi removido pelo autor.
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