quinta-feira, 7 de junho de 2012

EXPOSIÇÃO DE BOTERO EM SALVADOR




 FERNANDO BOTERO EXPÕE AS DORES DA COLÔMBIA

Texto Reynivaldo Brito
O pintor colombiano Fernando Botero, de 80 anos de idade, produziu uma série de obras inspiradas no sofrimento que vem passando o povo do seu país, envolvido num conflito interno onde algumas facções de guerrilheiros promovem ações de sequestro, explosões de carros e prédios, e lutam abertamente, em algumas províncias, contra as forças regulares. Sabemos que após a Rússia se partir em vários países, a China se desenvolver, as guerrilhas perderam as fontes de renda que os sustentavam, e partiram para os sequestros exigindo recompensas, além de buscar uma ligação condenável com o narcotráfico. Milhares de mortes já ocorreram na Colômbia, e Botero deixou de lado, por um tempo, suas figuras das gordinhas sensuais e partiu para mostrar na série "Dores da Colômbia" o sofrimento de seus patrícios.
Foto do artista com um dos trabalhos da série Dores da Colômbia
Para nossa alegria esta série será exposta a partir do dia 13 deste mês, portanto quarta-feira, na Caixa Cultural Salvador, na rua Carlos Gomes,  até o dia 27. Este olhar de Botero sobre o conflito que acontece em seu país está  focado nas décadas de 80 e 90 quando os ataques foram mais frequentes. Porém, mesmo hoje estão acontecendo novos ataques e confrontos entre os guerrilheiros e as forças do estado. Recentemente uma bomba explodiu e atingiu um ministro colombiano, ferindo-o sem gravidade.
Mas, o que nos interessa é esta importante exposição,  que segundo Ana Zalckbergas,  "há mais de um ano que a gente vinha negociando para traze-la". Realmente Ana e a CEF estão de parabéns por proporcionar aos baianos um conjunto de obras significativo deste artista sul americano, que hoje é um dos maiores artistas vivos em todo o mundo.
Botero considera que esta sua série é " um testemunho da irracional história colombiana".
Infelizmente, alguns episódios são semelhantes aos que acontecem no Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, onde os conflitos se estabelecem entre traficantes, policiais e milícias. Lá são chamados de paramilitares, os quais muitas vezes exterminam famílias inteiras e arrasam pequenos povoados na zona rural.
Botero assim pode construir uma série de trabalhos mostrando enterros coletivos, corpos mutilados atacados por urubus, homens e mulheres amarrados e crivados de bala, além de prisões clandestinas ou irregulares. Um submundo onde a violência campeia e sensibilizou este artista que reconhece ao denunciar não resolve o grave problema da Colômbia, mas  evidentemente, com o prestígio internacional que tem, não poderia ficar calado.
Virão para a mostra 67 obras entre óleos, aquarelas, acrílicos e desenhos doados pelo artista para o acervo permanente do Museu Nacional da Colômbia.
Lembra Adriana Parra, coordenadora de produções itinerantes do Museu Nacional da Colômbia que "Botero mostra um período difícil do seu país, como uma testemunha". Evidente que esta denúncia tem um grande significado porque gerações futuras vão ter uma idéia do que aconteceu no passado, quando a Colômbia já estiver livre desses confrontos, que não levam a lugar nenhum, a não ser aumentar o sofrimento do seu povo.
Portanto, é hora também de a gente fazer uma reflexão sobre a violência que a cada dia chega mais perto de nós. Em Salvador, só esta semana mais de uma dezena de pessoas foram assassinadas e mortas em confronto com os policiais.

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