Escultura de Félix Sampaio |
Félix trabalhando na grande escultura para o Memorial de Irmã Dulce. |
Na conversa que tive com Félix Sampaio ele disse antes vivia de pintura e que chegou em Salvador por volta de 1986 vindo da cidade de Itiruçu onde residem seus familiares. Embora seja natural do Mato Grosso do Sul, de onde saiu bebê, foi em Itiruçu onde fincou suas raízes. Hoje, residente aqui em Salvador e está mudando seu atelier para Abrantes, na Estrada do Coco, para um local maior para que possa receber carretas com carregamento de blocos de mármores e granitos para fazer suas esculturas.
A escultura em mármore de Carrara que ele fez em apenas vinte e dois dias de intenso trabalho no atelier alugado. |
Disse ainda Félix Sampaio "foi uma experiência sensacional porque via artistas de vários países trabalhando, conheci de perto as ferramentas que utilizavam, e a maneira de esculpir. Foi um aprendizado muito grande para mim que em 22 dias consegui fazer uma escultura de um bloco de mármore de Carrara. Estava no lugar certo, na hora certa. Aqui os artistas utilizam mais o aço, fibra de vidro e bronze. Mas, estes materiais têm alguns inconvenientes porque o salitre ataca muito, e até mesmo são roubados, principalmente as esculturas de bronze. Por isto, imaginei trabalhar com o granito e as ferramentas que utilizo são o martelo pneumático, vários tipos de cinzéis, disco de makita para cortar o grosso e lixadeiras elétricas. Trouxe recentemente dois blocos de granito de Maracás e outro da cidade de Macajuba, que fica na Chapada Diamantina. Este material também está difícil adquirir porque os empresários preferem exportar."
Leonel Mattos expõe esta obra que está encantando os visitantes, e mais uma escultura feita em resina. |
O Leonel Mattos apresenta duas obras. Uma pintura em acrílico sobre tela de 4 m x 120cm e uma escultura de resina de 1m de altura. A produção de Leonel Mattos vem se expandindo a cada dia e sendo procurada por uma clientela apreciadora da sua arte. Nesta pintura que integra a exposição do Museu Rodin ele trata de cenas urbanas com elementos que transitam entre o figurativo e o simbolismo. A sua pintura que não está num suporte, mas chama a atenção por seu colorido e os elementos que a compõem. Enquanto a escultura o artista apresenta o ícone que se "parece com uma ave ,mas na verdade veio da simplificação da figura humana", diz Leonel Mattos.
Árleo ao lado de sua obra, mostrando sua alegria |
Com seus quase cinquenta anos dedicados à arte Árleo é uma mistura de um jovem adolescente cheio de energia com um homem maduro cheio de experiência e vivência. Já morou em Portugal andou expondo em Paris e outras cidades europeias e aqui está produzindo sua arte com uma linguagem própria. Ao ver uma tela pintada por ele a gente que tem mínima informação sobre arte baiana identifica que é de sua autoria.
Pedi ao artista que falasse um pouco de sua técnica que lhe permitiu ter uma linguagem própria. Ele me disse que sofreu influência direta do artista americano Robert Rauschenberg (1925-2008) que segundo alguns inventou a arte do século XX. Na realidade foi "um artista que não se limitava a ideia tradicional do pintor que se restringe a um único estilo ou a única disciplina". Portanto, Árleo usa a técnica de transfer de imagens através a serigrafia, e ao executar as suas obras escreve recortes de textos como fazia o artista Jean-Michel Basquiat (1960-1988) que viveu apenas 28 anos, mas se tornou uma estrela internacional do neoimpressionismo. Nascido em Nova Iorque começou pintando os muros da cidade até ser descoberto e ganhou status de estrela ao desenhar suas figuras e escrever palavras e frases que se tornaram famosos. Também Árleo se apropria da técnica de salpicar tinta nas telas que é uma marca do Jackson Pollock artista americano ( 1912-1956) que é um dos expoentes do expressionismo abstrato que se caracteriza pela espontaneidade utilizando o cotejamento de tinta em suas obras.
Aqui vemos o belo tríptico do artista Washington Árleo, que é um resistente com seu atelier no Pelourinho, onde recebe muitos visitante e clientes, principalmente estrangeiros. |
Árleo diz fazer "uma operação de antropofagia porque tudo que acho pela frente serve para ser utilizado em minha criação. Em seguida vou estabelecendo uma relação entre esses objetos que me aproprio . É como se pegasse um recorte de memória e fosse ali juntando espontaneamente num único espaço. Depois passo a pintar e a escrever frases e palavras que me vêm a cabeça naquele momento. Tudo que tiver ao meu alcance meto a mão e uso nas minhas telas. Fico feliz quando uma pessoa olha minhas obras de pronuncia a palavra original. Os franceses que visitam meu atelier sempre saem com esta expressão e isto me conforta muito." Realmente as obras de Washington Árleo tem uma identidade própria, sua própria linguagem que qualquer pessoa de olhar mais atento percebe.