terça-feira, 21 de agosto de 2018

MUITA ARTE NAS ESCADARIAS DO PAÇO

O escritor angolano Fernando Chissende
e a Família Teyuna, da Colômbia (reprodução)
Na próxima quarta-feira, dia 23, haverá um grande movimento de arte nas centenárias escadarias do Paço, no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, no Centro Histórico de Salvador. No mesmo local onde o diretor Anselmo Duarte filmou o Pagador de Promessas, filme ganhador do da Palma de Ouro, no Festival de Cinema de Cannes, na França, em 1962. O evento começará a partir das 17 horas, e tem o sugestivo título de 1ª Mostra Internacional de Artes Urbanas - MIAU  com a presença de vários artistas .
Um dos promotores do evento é Roberto Leal que conta com o apoio da Secretaria de Cultura do Município, e promete ser uma grande confraternização entre os artistas e os amantes das artes visuais, da música , dança, gastronomia e moda.
Vão se apresentar artistas de circo,dançarinos, fotógrafos, escritores, poetas, estilistas , chefs de cozinha, músicos,  atores e atrizes , "e muito mais do que é produzido no espaço urbano de nossa Cidade, e de cidades de outros países."
Terá o Sarau do Miau com poesias de Taíssa Cazumbá,Walter César, Rafael Pugas, Michelle Saimon, Açucena de Lírio, Rafael e João de Vanderlei de Morais Filho. Também, haverá lançamentos de livros de autores baianos e africanos , com uma seção de autógrafos do poeta angolano Fernando Chissende , com seu livro Pensamentos em Estoque.
O show musical estará a cargo das bandas Som do Paço,Brasil; Daniel Dandê ; Família Teyuna , da Colômbia; Shalon Adonau & Projeto Samba Chula Tombo Couraça ;  Ras Ednaldo Sá ; Jorge Santana e Maniçoba Musical , de Santo Amaro.
A dança ficará por conta de Meirejane Lima, Dança Afro Mandingue e Dança Afro Peruana. A moda com muitas cores do rastaman Day Tribal, além de malabaristas de vários países.
A exposiçâo Descontrastando África  será composta de  13 fotos do repórter fotográfico Roberto Leal,  e bate papo com escritores baianos.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

ABANDONARAM AS OBRAS DE MÁRIO CRAVO DO PARQUE PITUAÇU

O governo do Estado desprezou a cultura baiana.Gastaram R$132 mil na exposição " O Cu é Lindo", deixaram os museus à míngua e as esculturas de Mário Cravo Jr. , do Parque Pituaçu completamente quebradas,  enferrujadas, enfim abandonadas. Também , uma bela escultura de autoria de Juarez Paraíso está necessitando de restauração.
Soube que existe um projeto visando a restauração das esculturas, mas até agora não saiu da intenção, se é que existe. E, assim as obras vão se deteriorando cada vez mais. Algumas estão apresentando muita ferrugem, quebradas , outras  com ameaça de desabamento.
Como escreveu Waldeck Ornelas , o Parque de Pituaçu é um parque urbano e não tem muito sentido ser um parque de recurso natural, integrante do Sistema de Unidades de Conservação, e passar sua administração da Secretaria do Meio Ambiente.
 Ele sempre foi administrado pela Conder, e diga-se de passagem, bem administrado. Está provado que os gestores desta secretaria não têm a sensibilidade de lidar com obras de arte. É mais uma prova de que o mérito foi deixado de lado, passando a vigorar o apadrinhamento.
Será que um gestor que é responsável pelo meio ambiente está preocupado com as obras de arte? Pode até que a pessoa tenha alguma sensibilidade, mas não é o que vemos. Na visita que fiz  (dia 19 de agosto de 2018) ao Parque Pituaçu fiquei chocado com o que vi ,e ao me aproximar de uma das esculturas para fotografar  fui informado por um segurança que deveria me afastar porquê ela está ameaçada de desabamento.
Procurei me informar quando ocorreu a última restauração e fiquei sabendo que ocorreu  há mais de quatro anos! Ora, esculturas de ferro e aço localizadas a céu aberto e recebendo durante 24 horas o ataque do salitre ,que naquela área é bem forte, é claro que precisa de manutenção constante. Não se pode deixar se deteriorar a este ponto para fazer a manutenção. Deve ser uma coisa de rotina , como cortar a grama das áreas verdes.

                                                                      DESDE A ENTRADA

Percorrendo o Parque Pituaçu fiquei ainda mais chocado com o abandono a que foi relegado. Desde a entrada principal, onde existia um pórtico majestoso, hoje, completamente deteriorado, com a ferrugem tomando conta de tudo , inclusive sua estrutura pode estar comprometida.
Algumas esculturas desabaram e foram retiradas .Outras só restam os pisos onde estavam fixadas.
Debaixo do pórtico da entrada principal tem pedaços de esculturas que desabaram, e estão lá amontoadas como se fossem coisas imprestáveis.
Se não for tomada uma medida com urgência, em pouco tempo as esculturas do grande artista modernista da Bahia, falecido há poucos dias, que embelezavam e davam ao local um ambiente artístico e de imponência, estarão irremediavelmente perdidas.
Estamos vivendo momentos difíceis na vida brasileira e isto tem se refletido em todos os segmentos, principalmente afetado as classes médias e  as menos favorecidas. Enquanto isto, o atual governador do Rui Costa fica propagando na televisão e nos jornais que "A Bahia Vai Bem". Isto é uma grande mentira.Não vai bem. Perdemos muita coisa para Recife e Ceará.
Somos o segundo Estado em número de hotéis fechados, sendo o primeiro o Rio de Janeiro, que abriu muitos hotéis para as Olimpíadas e a Copa do Mundo,  e com a violência os turistas estão fugindo.
Somos um dos estados mais violentos do país, talvez o pior da região Nordeste . Enquanto isto, pagamos aos marginais um salário presídio de R$1.300,00, maior que os R$ 954, 00 que recebe um pai de família honesto.

sábado, 18 de agosto de 2018

TRAGÉDIA DE MARIANA NUMA VISÃO POÉTICA DA FOTOGRAFIA


Este sapato feminino que enfeitava e protegia
o pé de  uma mulher dá uma dimensão da
tragédia dá uma ideia das perdas .
As pacatas vilas de Bento Gonçalves e Paracatu de Baixo que existiam no entorno da barragem de resíduos do Fundão  da mineradora Samarco, em Mariana, no estado de Minas Gerais , foram cobertas pela avalanche de lama em poucas horas. Por onde aquele rio de lama passou em novembro de 2015 deixou para trás tragédias e destruição. Vidas que se foram, histórias e lembranças sepultadas na imensidão de muitas toneladas de lama composta de barro e resíduos tóxicos de mineração que foram cair no rio e depois no mar poluindo tudo. 
Restam as lembranças orais e imagens cobertas de lama fixadas pela mídia e por profissionais que se dedicam a documentar e fotografar estas tragédias, para que não sejam esquecidas e que nunca jamais se repita. Com certeza foi a maior tragédia ambiental no Brasil dos últimos séculos.
Lembrei da passagem do Gênesis cap 3, v 19 quando Deus diz a Adão e Eva após comerem o fruto proibido:"Com o suor de teu rosto comerás teu pão até que retornes ao solo, pois dele foste tirado.Pois tu és pó e ao pó tornarás".
A imagem que tanto foi
reverenciada pelos fiéis
agora coberta de lama.
Sob o título Mariana o fotógrafo Christian Cravo  está expondo 28 fotografias que ele fez no local onde podemos sentir em cada uma delas a dor da perda de entes queridos, de suas casinhas erguidas com tanto sacrifício, e que serviam de porto seguro para àquelas famílias.Até a imagem de Nossa Senhora que ficava na igrejinha encontra-se parcialmente coberta de lama.
O sentimento não é apenas de perdas. O sentimento é semelhante àquele que vivenciamos quando um ente querido desaparece e não é mais encontrado. Aqui alguns entes queridos, as casinhas , suas histórias e relações foram ceifadas, e o que restou é imprestável .Cada vez que olhamos aumenta  a tristeza.
O texto de apresentação é  do talentoso Bené Fonteles .Uma poesia à parte: "Christian foi à Mariana ,à terra de Maria, a mãe que agora coberta de lama vaza na imagem profanada e em tantas outras coisas impedidas de ser de referências afetivas de gente e espaço..."
Restaram um rio poluído e uma terra sem alma, e pessoas sem referências. Restou principalmente a dor indescritível e incapaz de ser captada pela lente de uma câmara, por mais sofisticada que seja.
A exposição Mariana está na Caixa Cultural até o dia 21 de outubro . O endereço é Rua Carlos Gomes ,número 57,Centro , prédio onde funcionava a antiga sede dos Diários Associados.


A MAGIA DO REENCONTRO DE CINCO ARTISTAS

Os artistas Chico Mazzoni,Elisa Galeffi,
Bruno Visco,Goya Lopes
e Clara Fernandes em 2018, e  em 1980
O reencontro é sempre um bom momento para lembrar de situações vividas e enfrentadas no decorrer da caminhada pela vida. Durante um período de tempo tomamos caminhos e decisões bem diferentes dos colegas de escola,  de trabalho e dos amiguinhos  de infância. Nos surpreendemos quando nos reencontramos, e as reações são as mais diversas: "Como você está diferente !", "Você era tão cabeludo !", "Você era magrinho !", e assim por diante. Rimos, e muitas vezes ficamos saudosistas a falar daquela época e das bobagens que fazíamos. Isto é muito bom,porquê é como se a  gente desse uma parada e olhasse pelo retrovisor da vida.
Obra de  Mazzoni, acrílica
sobre tela em baixo relevo.


Agora, os cinco artistas estão se reencontrando na exposição "Segundo Tempo", que está no Palacete das Artes, no bairro da Graça, em Salvador , até o próximo 23 de setembro. Há 38 anos atrás Bruno Visco, Chico Mazzoni, Clara Fernandes, Elisa Galeffi e Goya Lopes foram bolsistas na Itália, e lá realizaram uma exposição na cidade de Firenze, na Casa dello Studente .
Bruno Visco apresenta fotografias e poesias;Chico Mazzoni  sua pintura moderna;Clara Fernandes suas belasesculturas e outros objetos tridimensionais; Elisa Galeffi  fotos de suas instalações, caixas acrílicas e desenho sobre fotografias, e finalmente, a Goya Lopes  mostra sua arte influenciada pela cultura afro com excelentes  criações em tecidos.
Escultura  em bronze de Clara Fernandes de 1993
"Universo Vermelho",
pintura de Elisa Galeffi

Eles lembram que eram jovens e destemidos com idades que variavam de 24 e 25 anos, e graças a um conhecido que hoje têm poucas referências, lembram que o nome é Graziano, que tomou a iniciativa de arranjar um local para eles exporem suas obras. Ai o Bruno Visco apresentou suas telas em tinta acrílica; Chico Mazzoni desenhos a lápis e papel;Clara Fernandes desenhos em técnica mista e colagens;Elisa Galeffi máscaras tridimensionais ,e Goya Lopes litografias e desenhos.
Poesia de Bruno Visco

Cada um partiu para seu caminho. Bruno dedica-se à fotografia e à poesia; Chico passou pelo desenho, e agora fixou na pintura;Clara para as esculturas e outros suportes tridimensionais; Elisa impressão de estampas sobre tecidos, e Goya fazendo design e arte em tecidos , hoje ,conhecida internacionalmente.
Pintura em lona com motivos africanos de Goya