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quinta-feira, 27 de junho de 2013

JOSÉ MÁRIO REFLETINDO NA BOA VIAGEM

JORNAL A TARDE SÁBADO, 17 DE MAIO DE 1975

O ambiente do bairro da Boa Viagem está refletido no trabalho de José Mário, um pintor que vive constantemente em busca de uma técnica e  temática que definam seu trabalho de artista. É um jovem pintor, de talento, mas que ainda tem muito a percorrer em busca de um amadurecimento e de uma técnica apurada. Tem grande imaginação e capacidade de criar que são duas grandes qualidades de um artista, aliadas a uma grande obstinação em realizar um bom trabalho.
Por viver no bairro da Boa Viagem, José Mário sofre a influência do mar e da vida à beira da praia. Assim, os tons azuis estão presentes na maioria de seus trabalhos e em alguns deles ocupam grandes espaços. Utilizando a cor azul consegue grandes efeitos com cuidado e uma dedicação do artista. Assim os homens do mar, e a própria festa do largo da Boa Viagem, que todos os anos atrai milhares de pessoas que vão bebericar nas barracas armadas ao largo e, também, a parte religiosa da festa, com a procissão, estão representados em seus trabalhos.
O artista está preparando alguns trabalhos que depois serão por ele selecionados para integrarem uma coletiva que será realizada em julho, no hall do Salvador Praia Hotel.
Estive visitando o atelier de José Mário, como faço com todos os artistas.Um quadro me chamou a atenção. Retratava um folião vestido de palhaço que vai andando numa rua estreita, trazendo preso a uma das mãos um cachorro. Ao fundo, funcionando como back-ground, você observa vários foliões ainda dançando. O palhaço está triste porque encontrou apenas o cachorrinho para acabar sua solidão. Os amores, as bebidas, tudo acabou. É uma quarta-feira de Cinzas quando os grandes foliões estão tristes, relembrando fatos do Carnaval que passou.
Mas notei ainda que as figuras retratadas por José Mário são medievais e tristes. Os palhaços, presentes e os coroinhas estão de costas para o espectador andando por uma rua onde ninguém vê o seu fim. Tudo é meditação. Tudo é contemplação.
Diz José Mário que tudo que faz é espontâneo, ao ponto de pegar uma tela em branco e fazer um desenho. Daí começa a pintar e muitas vezes muda totalmente a ideia original, fazendo um quadro diferente daquele que planejou inicialmente. Cada personagem, que desenho e pinto eu vivo. São pessoas que estão diretamente ligadas a meu sentimento de artista.
Mesmo as figuras jogadas com espontaneidade, sem formas definidas, apresentam uma composição digna de apreciação. È claro que não poderei afirmar que são formas despropositadas.
Não, elas são imaginadas e criadas dentro de um propósito, mas certamente ainda poderão ser melhoradas com o passar do tempo. Finalizando, quero deixar claro que a pintura de José Mário tende a melhorar cada dia, e sua vontade de acertar é um grande estímulo ao seu trabalho de artista.

LUÍS BRITTO CHAMA RIACHÃO PARA CANTAR

O pintor Luís Britto chamou o cantor Riachão para se apresentar no dia da vernissage que será realizada na próxima segunda-feira, dia 19, às 20:30 horas . Riachão é amigo do pintor que tem admiração sobre seu trabalho de cantor e compositor. Ele não utilizará o microfone para dar ao ambiente um momento mais intimista e de espontaneidade. Assim as músicas cantadas por Riachão estarão integradas às pinturas de Luís Brito que são impregnadas de um sentimento da gente simples brasileira.

                  DOMENICO LAZZARINI

Já tive oportunidade de escrever sobre Dominico Lazzarini quando de sua exposição recentemente realizada na Guanabara. Agora ele chega à Bahia para mostrar sua arte. Até por volta de 1960 fazia pintura abstrata e hoje está com uma disciplina onde retrata o visível. É um impressionista que não se preocupa com os modismos tão comuns em certos artistas. Ele busca o belo, a estética, através de um trabalho sério e consciente. Professor de Pintura em algumas Escolas de Belas Artes em nosso País e com vários prêmios ganhos em salões e exposições em vários países, Domenico Lazzarini certamente vai agradar àqueles que acompanham o movimento artístico no Brasil. Sua exposição foi aberta no Último dia 17, na Pousada do Carmo.

               BIENAL PAULISTA

Com realização prevista para outubro, já estão abertas as inscrições para a XIII Bienal de São Paulo. As inscrições poderão ser feitas no Museu Nacional de Belas Artes, Instituto Brasil-Estados Unidos, Fundação Getúlio Vargas e Escola de Desenho, em São Paulo. A grande novidade é que Fundação da Bienal de São Paulo mudou o sistema de Júri de seleção e, na realidade, haverá dois júris de seleção.

                 CENTO E OITO ARTISTAS

Estão participando do XVIV Salão de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, 108 artistas, cujo regulamento foi reformulado para permitir que todos os concorrentes disputem os prêmios de viagem e não apenas os isentos de júri, como ocorria. O salão foi coordenado pela gravadora. Nelly Lanchy e Maurício Salgueiro e dentre os participantes serão indicados os 11 artistas, que, isentos de júri, concorrerão aos prêmios de viagem internacional, pintura no valor de mil dólares e viagem no País, possivelmente do mesmo valor do ano passado, ou seja, Cr$ 6 mil.

ESCULTURA BARROCA

O Museu de Arte Sacra da UFBa dará um curso de Escultura Barroca, sob a coordenação do Professor Valentin Calderon. As inscrições encontram-se abertas. O tema básico do curso será A Talha e A Escultura Barroca na Bahia, de cujo programa constarão os seguintes itens: Aparição da Arte na Bahia; Características da Decoração Interna das Igrejas Portuguesas; os primeiros Artistas na Bahia; O Estilo Nacional Português; O Estilo Joanino e o Estilo Barroco.

CRÍTICO MINEIRO

Com o propósito de analisar a evolução da arte, o critico mineiro Frederico Moraes vai pronunciar palestra de 21 a 22 do corrente, na Escola de Belas Artes.Frederico de Morais nasceu em Belo Horizonte e reside na Guanabara desde 1966. É atualmente Professor de História da Arte, na Faculdade de Santa Úrsula e da Fundação Brasileira de Educação, em Niterói.

COLEÇÃO

Trabalhos de Volpi datado de 1933, Di Cavalcanti 1924, gravuras de Segal e Portinari, retratos e paisagens de Guinard e desenhos e guaches de Djanira estão expostos na Galeria do Instituto Brasil-Estados Unidos, na Guanabara, integrante da coleção de Rubem Breitman. Além desses, Nelson Leirner, Noni Geiger, Ives Machado, Barrio, Ângelo de Aquino, Paulo Roberto Leal, Ana Maria Maiolino e Haroldo Barroso.

SÉRGIO CAMARGO

Trinta e sete peças  - 20 relevos e 17 esculturas de porte médio - de autoria de Sérgio Camargo estão expostas na Galeria de Arte Ltda. A escultura de Sérgio Camargo resume quase todos os elementos do clássico: o plano, alinha, o volume e a relação destes elementos plásticos se manifesta estruturalmente em função da luz.
Carioca de nascimento, o artista Sérgio Camargo ganhou o primeiro prêmio em 1963 na Bienal de Paris e uma Sala Especial na Bienal de Veneza em 1966.
Por outro lado, 93 trabalhos do mesmo artista: relevos em madeira e esculturas em mármore de Carrara, de grandes dimensões, estão expostos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Não se trata de uma retrospectiva, mas de uma amostragem de trabalhos de uma de suas fases.



FRANCISCO LIBERATO ESTÁ EXPONDO NO ICBA


O Homem é o tema da exposição que Francisco Liberato está apresentando no ICBA, na Vitória. É um trabalho onde o artista utilizou materiais e objetos que constantemente estão em contato com o homem. O barro, a madeira, o cereal, o arame farpado e o revólver. São exatamente alguns dos elementos questionantes e alvo de concorrência no mundo contemporâneo. Estive na vernissage e notei que a maioria dos visitantes sentiam no trabalho de Chico Liberato uma mostra da evolução e involução do homem, onde a inteligência e a razão deverão prevalecer. Assim, o animal que ocupa o primeiro lugar na escala zoológica está sendo utilizado como temática do seu trabalho.

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